POV de Fredric—Então... para onde estamos indo? —Paula me olhou com um sorriso largo, enquanto sua mão direita deslizava perigosamente em direção à minha área sensível. Afastei-a rapidamente.—Vamos lá! Concentra-te na estrada. Quer morrer num acidente? —retrucquei irritado.—Calma, amor. Desde quando você ficou tão cheio de preocupações? Você costumava ser o cara mais selvagem que eu conhecia. Não quero desmerecer sua esposa, mas você mudou muito desde que está com ela. Faz só alguns meses que ficou longe de mim... não sente falta de ser selvagem? Quero dizer, de ser você mesmo. Vamos, Fredric, combinamos ser amigos quando nos conhecemos no hospital, lembra? Considere-me seu refúgio, um lugar onde você pode despejar tudo. Todos nós precisamos de um lugar onde possamos mostrar nossos lados bons e sombrios, não é?Olhei para Paula e não vi mais nenhum interesse em seus olhos. Tudo o que um dia chamei de “amor e afeto” havia sumido. Suas palavras agora soavam como lixo. É verdade o que

POV de Fredric—Aqui está bom.Toquei no painel do carro de Paula, pedindo que ela estacionasse bem na entrada principal daquela área residencial de elite. Paula sorriu com cinismo e parou o carro, dizendo:—Por quê? Tá com medo de ser visto vindo comigo? Nem sua avó nem sua amada esposa vão saber quem está dentro deste carro. Será que iam bater no carro e revistar por dentro?Não haveria muito tempo para discutir; saí do carro imediatamente e fui na direção onde estavam Mathilda e minha avó.O som do motor ligando de novo me avisou que Paula não ficaria satisfeita em ser deixada sem resposta — ela certamente voltaria atrás.—Ah, esqueci que começamos aquele joguinho que você mencionou antes. Desculpa, às vezes eu esqueço como conter minha atitude. Aliás, sua casa antiga era muito linda. Espero visitá-la em breve. Lembre-se, Fredric, o que você queria antes foi inspirado por todas as descrições que eu sempre te dei sobre minha casa dos sonhos, não foi? Isso prova que eu sempre vou te

POV de MathildaFiquei parada diante de todos — eles aplaudiam com entusiasmo depois que anunciei a doação de dois milhões de dólares para o evento beneficente. Mesmo quando desci as escadas do palco, os olhares permaneceram sobre mim, ignorando completamente o mestre de cerimônias que apresentava um cantor famoso.Então era assim que se sentia ser reverenciada... O dinheiro, de fato, compra admiração. Ou, no mínimo, faz com que as pessoas engulam o próprio orgulho.Eu, Mathilda — a mesma mulher que um dia foi humilhada e desprezada — agora era a mais respeitada daquele salão.—Uau, meio surreal, não acha? —disse Hans, rindo de leve.—É... mas sabe o que é pior? Todo esse barulho me deixa com o estômago apertado —respondi, levando a mão à barriga.A expressão de Hans mudou na hora. Ele segurou meu braço, preocupado.—Você está bem?—Sim, não precisa se preocupar. É só o meu primeiro trimestre... Acho que essa tensão no estômago é normal. —Sorri de leve. —Mas obrigada por se preocupar

POV de MathildaFiquei parada diante de uma pequena casa cercada por uma cerca de ferro. Pelas frestas, conseguia ver o interior: uma construção cinza, abandonada, coberta de poeira e lembranças. Não sabia quem havia colocado aquela cerca, mas lembrava bem que, depois da morte do meu pai, a casa foi vendida à Sra. Cher — e o dinheiro, claro, foi parar nas mãos da minha família gananciosa, que nunca se importou comigo.Era triste pensar em tudo o que vivi ali.Senti falta da minha infância.—Com licença, o que está fazendo aqui?Um homem de meia-idade se aproximou. Vestia uma camisa branca simples e jeans, e me observava com expressão curiosa.—Ah... nada. Só estava olhando. Essa era a casa dos meus pais.—Entendo, mas sinto muito. Preciso pedir que se retire. Esta é uma área em obras, e não é permitido que estranhos se aproximem.Assenti silenciosamente e me afastei.Para onde iria agora?Nem eu sabia.Disse a Fredric que estava indo ao vilarejo... Se isso fosse verdade, teria sido ót

POV de MathildaO riso de Fredric e de Paula soava como um cântico fúnebre nos meus ouvidos. Eu estava ali há quase dez minutos, apenas observando — como uma intrusa invisível — a conversa animada na mesa. Até Hans parecia desconfortável.Então, Fredric limpou a garganta e, com um sorriso arrogante, disse alto o suficiente para todos ouvirem:—A propósito, quero anunciar algo importante, já que temos tanta gente influente aqui, inclusive a irmã mais nova da Paula. Decidi que vou me casar com Paula e morar com ela... até o fim desta semana, no máximo.Meu coração parou.Senti o chão sumir sob meus pés.As pessoas à mesa reagiram com surpresa e aplausos, menos Hans, que imediatamente desviou o olhar para mim.Engoli em seco. O nó na garganta virou dor.Levantei-me bruscamente, sem conseguir esconder o tremor nas mãos, e deixei a mesa.Caminhei rápido, sem direção — apenas queria sair dali. Sabia que alguém viria atrás de mim.—Mathilda!Era Hans.Ele me alcançou perto do elevador e segu