O telefone vibrou sobre a mesa de Elara, interrompendo sua concentração.Ela já havia revisado três vezes os relatórios de fusão, mas o nome que surgia na tela fez seu estômago revirar.Damian Blackwell.Ela respirou fundo antes de atender.— Senhor Blackwell — disse, em tom profissional.— Senhorita Sterling. — A voz dele soou grave, inabalável. — Preciso que separe dois dias da sua agenda. Vamos a Brentmore.— Brentmore? — ela franziu o cenho. — Posso saber o motivo?— Investimentos — respondeu simplesmente. — Quero avaliar uma região com potencial para expansão.— Eu achei que o foco da fusão fosse aqui, em Newford.— Mudanças de estratégia — cortou ele. — Esteja pronta amanhã às oito. O jatinho decola às nove.E desligou.Elara ficou parada, o celular ainda na mão, tentando processar o convite… ou ordem.Ela sabia que recusar não seria exatamente uma opção, e embora algo em seu instinto gritasse para não ir, a profissional em si nã

O despertador tocou antes mesmo que o sol tivesse coragem de nascer.O som estridente atravessou o quarto silencioso e encontrou Elara sentada na beira da cama, com os olhos fixos no chão. Ela não dormira. Não conseguira. As horas haviam passado como um castigo — longas, lentas, cheias de lembranças que ela tentava apagar em vão.Na mente, a cena se repetia: Adrian, de braços dados com a esposa, sorrindo. Um bebê no colo dele, aninhado com confiança. A imagem era tão serena, tão verdadeira, que doía respirar. Era o tipo de momento que Elara sempre acreditou que viveria com ele um dia — um futuro simples, mas sincero. E agora, saber que aquela vida já existia, apenas sem ela, a deixava com a sensação de que tinha sido apagada do próprio destino.Tomou um banho longo, tentando lavar o nó que sentia no peito. Vestiu-se com cuidado, como quem se prepara para uma batalha invisível. Passou o perfume que Adrian sempre dizia amar, e, ao notar o gesto, sentiu uma pontada de raiva

Damian Blackwell não era um homem que acreditava em coincidências — e o fato de Elara Sterling ter cruzado o seu caminho duas vezes era mais do que o destino: era uma provocação.Ele observava cada movimento dela com a mesma intensidade com que estudava uma aquisição milionária. E, naquele momento, Elara era exatamente isso — um investimento de alto risco que ele não conseguia se forçar a abandonar.Do outro lado da cidade, Elara tentava se convencer de que tudo aquilo não passava de uma questão profissional. Mas, por mais que repetisse isso em sua mente, o rosto de Damian insistia em aparecer. O modo como ele a olhara durante a viagem, a forma como a segurara quando ela quase desabou ao ver Adrian — tudo parecia queimar sob sua pele.Ela sabia que não podia se permitir fraquejar.Na manhã seguinte, chegou cedo à empresa, determinada a se concentrar no trabalho. As últimas semanas haviam sido um turbilhão, e ela queria apenas se esconder atrás de relatórios e planilhas. Porém, quando

Elara Sterling precisava respirar.A semana na empresa havia sido exaustiva: reuniões intermináveis, a pressão de Scarlett Vaughn tentando desestabilizá-la, e a sensação constante de que Damian Blackwell estava sempre um passo à frente, observando cada movimento seu.Ela não conseguia pensar em mais nada além de precisar de uma pausa, de se desconectar — nem que fosse por algumas horas.— Vamos, El! — Ellen, sua melhor amiga e companheira de apartamento, estava animada. — Hoje vamos dançar, esquecer tudo, só nós duas.Elara sorriu, deixando o peso do dia para trás, mesmo que temporariamente. O vestido justo, os saltos altos e a maquiagem impecável ajudavam a disfarçar a tensão acumulada.— Só algumas horas — murmurou, enquanto entravam na boate.O lugar estava lotado, a música batia forte, e o ritmo vibrante parecia penetrar em cada célula de Elara. Ela riu, entregando-se ao ambiente, sentindo a adrenalina subir quando alguns caras se aproximaram para dançar com ela. Ellen se perdeu n

Os dias que se seguiram ao episódio no hotel foram turbulentos, mas não por causa de qualquer desastre real — pelo contrário. Nada havia acontecido naquela noite além de uma dança entre lembranças e suposições na mente de Elara Sterling.Ainda assim, cada manhã no escritório parecia mais pesada que a anterior. A tensão de Damian Blackwell pairava como uma sombra invisível sobre ela, uma presença silenciosa e inescapável, capaz de fazer o coração acelerar sem motivo aparente.Ela tentava se concentrar nos projetos, nos relatórios, em tudo que pudesse parecer profissional, mas cada gesto, cada palavra trocada com Damian carregava um peso que ia muito além do trabalho.E Scarlett Vaughn estava atenta a tudo.Scarlett havia notado o comportamento de Elara desde o dia seguinte ao hotel: o leve rubor no rosto quando Damian passava, o tremor sutil nas mãos, o olhar que se desviava rapidamente quando ele se aproximava.Para Scarlett, os sinais eram claros. Damian Blackwe