O barulho dos papéis sendo organizados pela assistente social ecoava pelo pequeno escritório. Alessandro observava cada detalhe dos documentos provisórios com atenção — a guarda temporária de Jade finalmente estava concluída. Ele respirou fundo, sentindo o peso daquela responsabilidade, mas também o calor de algo novo florescendo dentro dele. Enquanto isso, a poucos metros dali, Cristina estava sentada no chão do abrigo, ajudando Jade a montar um quebra-cabeça colorido. A garotinha ria alto quando encaixava as peças certas, e o som de sua risada iluminava o ambiente frio e silencioso. Cristina não conseguia deixar de sorrir ao ver aquela cena — a menina parecia cada vez mais à vontade perto deles. — Pronto — disse a assistente social, entregando o envelope a Alessandro. — Agora ela pode ir com vocês. É uma etapa provisória, mas se tudo correr bem, logo será definitiva. Alessandro assentiu, emocionado. Ele se levantou e, por um instante, ficou observando Cristina e Jade brincando

Cristina começou a despertar lentamente, sentindo o calor aconchegante do cobertor e… um peso familiar ao redor do corpo. Abriu um dos olhos e, ao se virar, percebeu que Alessandro estava completamente enroscado nela, o braço firme em sua cintura e o rosto escondido entre o pescoço e o travesseiro. Ela tentou se mexer, mas o aperto aumentou. — Amor, acho que sua filha já acordou… — sussurrou, com um tom divertido. — Amor, me solta um pouco… Ele resmungou, ainda meio dormindo: — Cinco minutinhos, bonequinha… tá tão bom assim… Cristina riu baixinho, balançando a cabeça. — Você é impossível — murmurou, tentando se soltar mais uma vez. Depois de alguns minutos e muita insistência, ela finalmente conseguiu escapar do abraço. Alessandro se esticou na cama, os cabelos bagunçados e o olhar sonolento, mas ao ver o sorriso de Cristina, levantou-se num pulo fingindo energia. — Pronto, tô acordado. Vamos ver como tá nossa pequena aventureira? Cristina concordou, ajeitando o cabe

Dois dias depois, Cristina e Alessandro acordaram cedo, ansiosos. Aquela manhã seria especial — o dia em que Jade conheceria a escola indicada por Nubia. Sofia já estava na cozinha preparando o café, e Augusto lia o jornal, fingindo calma, mas com o mesmo nervosismo dos dois. Jade, estava no colo de Augusto com seu pijaminha cheio de desenhos de nuvens, ainda sonolenta, esfregando os olhinhos. — Bom dia, meu amor — disse Cristina, pegando-a no colo e beijando seu rostinho. — Hoje vamos conhecer a sua nova escolinha. A menina olhou para ela com curiosidade, ainda sem entender muito bem o que significava “escolinha”, mas respondeu baixinho, com sua fala enrolada: — Escola... papai vai também? Alessandro se aproximou, ajeitando o casaco dela. — Claro que vou, pequena. O papai e a mamãe vão com você. Depois do café, todos se arrumaram e seguiram para o endereço que Núbia havia indicado. A fachada da escola era colorida e acolhedora, com desenhos nas paredes e um pequeno jard

Era quarta-feira, e o céu ainda estava tingido de um azul acinzentado quando o despertador de Alessandro tocou. O sol mal havia nascido, mas ele já estava de pé, organizando os relatórios que revisaria naquele dia. A rotina no centro de comando não permitia descanso — e Alessandro sabia que qualquer descuido podia custar caro. Enquanto se vestia, olhou para o lado e viu Cristina ainda adormecida, o cabelo espalhado no travesseiro. Sorriu discretamente. Aquele breve momento de calma antes de mergulhar no caos do trabalho era o que o mantinha centrado. Deu-lhe um beijo leve na testa e saiu sem fazer barulho. O café forte no copo térmico e a pasta de documentos nas mãos eram quase uma extensão dele. Assim que chegou ao centro de comando, as telas já piscavam com gráficos, mapas e relatórios de operações anteriores. Fabio, seu braço direito, foi o primeiro a cumprimentá-lo. — Bom dia, chefe. Tudo pronto pra revisão dos relatórios das equipes Alfa, Zeus e Beta. — Ótimo — respondeu Al

O sol começava a se pôr quando o helicóptero pousou na base tática. O som das hélices foi diminuindo até restar apenas o zumbido distante dos motores desligando. Alessandro desceu primeiro, seguido de Fabio e Dante. As botas pesadas tocaram o asfalto, e a sensação de missão cumprida pairava no ar — ainda misturada com o cansaço e o cheiro de pólvora.Assim que entraram no Centro de Comando, os olhares dos agentes e técnicos se voltaram para eles. Muitos pararam o que estavam fazendo apenas para aplaudir discretamente. A Operação Montoro tinha sido um sucesso, e todos sabiam o quanto aquele caso havia exigido noites em claro e semanas de vigilância intensa.No final do corredor, o superior direto de Alessandro, o coronel Mendes, os esperava de braços cruzados. Homem experiente, de postura firme e olhar penetrante, Mendes se aproximou com um sorriso contido.— Então é isso... — disse Mendes, batendo no ombro de Alessandro. — Missão cumprida com excelência. O país inteiro viu a operação.