Ryan desligou o telefone e ficou parado por alguns segundos, o maxilar travado, os olhos fixos no nada. Aimee percebeu de longe que algo tinha mudado no olhar dele.— O que foi, Ryan? — ela perguntou, ajeitando os cabelos e se aproximando.Ele disfarçou com um meio sorriso.— Nada demais, Fiona. Só umas atualizações da segurança.Ela franziu o cenho.— Atualizações? — repetiu, desconfiada. — Ryan, quando você fala desse jeito, eu já sei que tem encrenca.Ele passou o braço pelos ombros dela, tentando tranquilizá-la:— Relaxa, meu amor. É só protocolo. Eu pedi pra dobrarem o número de seguranças no prédio, especialmente na ala da Lucy.Aimee arqueou as sobrancelhas.— Dobrar a segurança? O quê? Ela vai fugir?Ele respirou fundo.— Fiona, é só prevenção, sabe como é né? Ela está grávida, os hormônios à flor da pele, às vezes pode ter alguma crise, dar um ataque de ansiedade, querer sair pra dar uma volta… Eu só quero garantir que nada aconteça com os bebês.Ela cruzou os braços, olhando

A Voz da GolpistaMercedes nunca ignorava um pressentimento — dizia que o sangue espanhol dela carregava um radar natural para encrenca. E naquele fim de tarde ensolarado em Los Angeles, o tal radar apitava como um alarme de incêndio.Saiu do apartamento de Aimee com a desculpa de “tomar um café e comprar roupinhas para os netos”, mas na verdade queria observar o mundo lá fora. Desde que Lucy começara a agir de forma estranha, ela desconfiava de tudo — até do elevador do prédio.O shopping The Grove estava repleto de gente elegante. Perfume caro no ar, vitrines brilhando, música ambiente suave. Mercedes pediu um latte duplo e sentou perto de uma janela, onde podia ver o movimento com calma.E então, ela a viu.Uma mulher de pele escura impecável, olhos verdes penetrantes e um sorriso que escondia algo, usava jeans justos e uma blusa branca simples, mas seu jeito de andar exalava poder.Mercedes franziu o cenho.“Eu conheço esse ro

Ryan correu pelos corredores do hospital, o coração disparado, Aimee, pelo celular, dava as coordenadas da câmera de segurança em tempo real, ela nem pensava em seu bem estar.— Corredor leste, Ryan, ela virou à esquerda! — a voz de Aimee vinha firme, sem tremor. — Ela está levando os teus bebês Shurek, não podemos permitir!Ele fez o sinal para os seguranças:— Fechem as saídas, avisem os seguranças agora!O som do alarme interno do hospital começou a soar. Enfermeiros e médicos olharam confusos enquanto a segurança do hospital se mobilizava. Em questão de segundos, o corredor foi bloqueado.Akira, vestida de enfermeira, empurrava a incubadora com os dois recém-nascidos prematuros. Ela tentou manter a calma, mas o suor denunciava o pânico, quando percebeu o bloqueio à frente, virou-se para trás — e deu de cara com Ryan.— Acabou, Akira, você em tua louca colocou a vida de meus filhos em risco. — ele disse, ofegante. — Lar

Aimee ainda estava deitada, o soro preso no braço e o olhar meio perdido entre o teto branco e a claridade suave da sala, pensava nos filhos que estavam em seu ventre. O som do monitor cardíaco preenchia o silêncio com aquele bip ritmado, Ryan, sentado ao lado, segurava firme a mão dela — os olhos marejados, a expressão misturada entre alívio e medo.Ele respirou fundo antes de falar, a voz grave e baixa:— Amor, sei que você ama esses bebês, mesmo não sendo seus e tendo inseminadas de uma forma criminosa. Sabe? Eu sei que você faria qualquer coisa para proteger todos eles, mesmo estando com três de nossos em teu ventre, mas agora você precisa pensar também em quem está aqui dentro, nossos filhos estão dentro de teu ventre, e você precisa cuidar de você e deles também.Aimee virou o rosto devagar, encarando-o com ternura.Ryan prosseguiu, com a voz embargada:— Você está carregando três vidas, meu amor, Aimee, dois nasceram e agora lutam pela sobrevivência. E os nossos três, precisa

O som suave dos monitores preenchia o ambiente. O ar era frio e carregado daquele cheiro característico de hospital misturado a esperança.Aimee, ainda com o rosto pálido, caminhava devagar pelos corredores, apoiada no braço de Ryan. O coração dela batia acelerado. Cada passo era uma mistura de medo e ternura.Quando chegaram à ala da UTI neonatal, o médico os recebeu com um sorriso acolhedor.— Estão fortes. Pequenos, mas guerreiros — disse, abrindo a cortina transparente que separava os bercinhos.E lá estavam eles. Dois anjinhos minúsculos, envoltos em cobertores brancos, com os rostinhos rosados e respiração suave.Aimee levou as mãos à boca, emocionada.— Ryan… olha isso… eles são tão lindos.Ryan sorriu, com os olhos marejados.— São, Fiona. São o milagre que sobreviveu à loucura.Nesse instante, ouviu-se um pigarro atrás deles.— E onde estão os meus bisnetos? — a voz grave e alegre ecoou na sala.Vovô Etienne apareceu na porta, com o mesmo terno elegante de sempre — porque, se