~Damon~Eu não sabia como admitir que, em algum lugar entre a primeira vez que beijei a boca trêmula de Lyra e a última vez que fiz ela gritar meu nome com as unhas cravadas nas minhas costas — eu caí. Escorreguei. Deixei entrar algo que jurei nunca mais sentir. E não era apenas luxúria.Camilla deve ter escutado a verdade no meu silêncio, porque a respiração dela falhou do outro lado da linha. Quando a voz voltou, veio baixa, amarga, rachada sob o peso da traição.— Uau. — Ela soltou uma risada oca, tão vazia que me gelou até os ossos. — Você tá mesmo. Você se apaixonou por ela. O meu marido, o homem que um dia disse que não podia viver sem mim, agora tá apaixonado por uma vadia.Fechei os olhos.As palavras cortaram limpas, precisas.— Aposto que ela olha pra você com aqueles olhos de virgem salvos pra Jesus, como se você fosse algum tipo de herói fodido. — Ela cuspiu. — Aposto que ela te diz que nunca sentiu nada assim. Que ninguém nunca tocou nela como você. Aposto que ela faz voc

~Lyra~Gatinha.Aquela palavra que sempre fazia os meus joelhos fraquejarem um pouco, que sempre fazia o meu corpo reagir antes que o meu cérebro conseguisse acompanhar. Mas desta vez? Não me derreteu. Não me fez sentir suave, possuída ou desejada. Desta vez, me irritou pra caralho.Cruzei os braços, encarando ele como se pudesse abrir um buraco no crânio dele só com o olhar.— Não faz isso. — Eu disse, a voz tensa. — Nem ouse usar esse tom calmo, sexy, de quem está no controle de tudo comigo agora, Damon. Eu não sou uma garotinha idiota que você pode afagar na cabeça e foder de novo até ela dormir.Ele piscou devagar, como se eu fosse uma gatinha fofa tendo um ataque de birra. Mas eu não estava fofa agora. Eu estava tremendo. Eu estava queimando. Eu estava a um suspiro de perder completamente a porra da razão.— Com quem você estava falando? — Exigi. — E não ouse mentir pra mim, Damon. Eu juro pela Deusa, eu ouvi. Era uma voz de mulher. Ela estava gritando com você. Alta. Furiosa. Po

~Lyra~— Pela Deusa... pela Deusa, Damon, eu juro... merda... era pra eu continuar com raiva, eu juro, era pra eu continuar... por que a sua boca faz isso comigo... acho que acabei de morrer e voltar... espera... eu vou gozar...Damon, você nem tá arrependido, né?Ele não parou. Nem por um segundo.A boca dele permaneceu travada no meu clitóris, sugando como se ele quisesse a minha alma através dele, e os dedos dele apenas continuaram bombeando, mais forte, mais rápido, atingindo aquele ponto que me fazia gaguejar toda vez que ele curvava eles.— Diga — Ele exigiu contra mim. — Diga que você me perdoa.— Foda-se! — Eu gemi, os dedos dos pés se curvando. — Isso não é perdão, isso é dano cerebral, eu nem sei o meu nome agora...Ele recuou apenas um centímetro, os lábios escorregadios, a barba molhada, a voz baixa o suficiente para me partir por dentro. — Diga que você é minha.Eu mal conseguia ver. O quarto estava girando. Eu estava na beira de algo violento, algo quente e alto e rastej

~Lyra~A voz dele soou casual, mas não totalmente. Tinha aquela borda, aquele tom baixo, afiado, que ele sempre usava quando percebia algo mais profundo. Nem levantou os olhos. Continuou fatiando os pimentões como se não tivesse acabado de invocar um furacão com uma única pergunta.— Hã? Nada demais. — Pisquei.Ele parou. Só por um segundo. Mas eu senti.— Você sabe o quanto eu odeio mentiras, gatinha. — Murmurou, pousando a faca e finalmente me encarando. — Me diz o que está pegando.E, pelos Deuses da Lua, o jeito que ele olhou pra mim... argh. Aquele rosto. Aquela voz. Aquela energia alfa maldita que me fazia querer chorar, gritar e montar nele ao mesmo tempo.Suspirei. Dramaticamente. Porque eu sou assim.— Nada. É só que... — Dei de ombros, tentando fingir que estava de boas. Como se fosse qualquer coisa. Como se eu não estivesse fervendo por dentro fazia uma semana. — Ela transou com o meu ex.Ele engasgou.Tipo, de verdade.Virei pra ele bem a tempo de ver ele tossindo como se

— Pela Deusa — Sibilei, andando de um lado pro outro porque, obviamente, eu precisava me mover junto com os meus pensamentos que estavam a oitenta por hora.— Eu sou uma Ômega. Uma não marcada. Ah, espera, risca isso, esqueci que você me mordeu quando a gente transou.Ele sorriu de canto quando eu disse isso, e eu continuei.— Eu sou instável, levemente traumatizada, provavelmente prestes a entrar em cio de novo porque, sim, eu tô sentindo. Você faz ideia do que acontece quando uma Ômega sai pra correr na floresta com um Alfa excitado? Isso não é corrida. Isso é preliminar com casca de árvore.Ele deu uma risadinha.Não riu.Risadinha.Como se achasse fofo o fato de eu estar surtando e derretendo por dentro, como se o meu sistema reprodutivo inteiro já não estivesse se contraindo só com a ideia de ser perseguida.— E quem te disse que eu estava excitado, gatinha? — Ele murmurou com um sorriso de canto.— Ah, por favor. Corta essa, Damon. Eu te conheço bem demais.— Eu não vou te tocar.