O fim de semana no chalé foi como um refúgio encantado. Os momentos com Brandon ali tinham um tipo de magia que era difícil de explicar. Quando voltamos ao apartamento na segunda-feira, tudo em mim já era diferente. A ausência da memória ainda era um abismo, mas o sentimento... esse era forte, presente, crescente.Naquela tarde, ficamos na varanda observando a cidade. O céu parecia costurado por nuvens douradas e o ar trazia um silêncio confortável entre nós. Eu comecei a valorizar mais a natureza, vigiar o céu se tornou um vício gostoso, como se estivesse mapeando ele com os olhos.— Você já pensou em recomeçar... de um jeito novo? — Perguntei, com os olhos fixos no horizonte.— Com você, todo dia é um recomeço. Mas... você está falando de mudar de lugar?— Uma casa só nossa. Um lar que seja novo também pra você assim como pra mim. Não é justo estamos em um lugar em que tem só lembranças suas. Podemos criar novas, juntos.Ele se virou devagar, me encarando com ternura.— Eu só estava

Brandon é muito gentil e sempre me faz companhia. Quando ele precisa sair, não demora e volta logo. Só que para ser sincera estou um pouco estagnada. Me sinto presa e sufocada dentro desse apartamento, sei que conversamos sobre a possibilidade de comprar uma casa, porém com tudo que aconteceu não conseguimos.— Amor, está tudo bem?— Quando poderemos sair para ver uma casa? Estou me sentindo depressiva nesse apartamento.— Me perdoa, acabei me envolvendo tanto no problema que me enfiaram que eu acabei te fazendo esperar mais do que devia para escolher uma casa nova… me dê duas horas e já saímos.Duas horas depois estávamos no carro seguindo por uma rua linda de onde eu conseguia ver o mar não muito longe, mas também tinha uma fileira de carros pretos atrás de nós. Olhei para o Brandon que estava atento a pista e perguntei:— Eles são necessários?— Sim! O desgraçado que atirou em você está rondando de novo… não posso permitir que ele te tire de mim.Não consegui dizer mais nada depois

Mais um dia perfeito me agraciou com o cheiro de café fresco e o som distante de uma canção instrumental suave. O sol entrava preguiçoso pela janela da suíte, aquecendo os lençóis ainda desfeitos da noite anterior. Estiquei o corpo com delicadeza, sentindo a lembrança viva da entrega, da conexão profunda com Brandon, da primeira noite em que finalmente nos pertencemos por inteiro em uma casa que trará um novo capítulo para nossas vidas.Vesti uma camisa dele, que caía em mim como um vestido, e fui até a cozinha. Brandon estava ali, com o avental meio torto, mexendo algo na frigideira. Ao me ver, seu sorriso iluminou o rosto.— Bom dia, amor da minha vida.Fui até ele e o abracei pelas costas, apoiando o rosto entre suas omoplatas.— Não sei como você consegue ser tão lindo mesmo de avental.— É o uniforme do meu novo cargo: cozinheiro exclusivo da senhora Brandon.Tomamos o café rindo e trocando beijos entre um gole e outro. Estávamos no nosso próprio universo: seguro, doce, só nosso.

Acordei com a luz do sol filtrando-se pela cortina branca e suave do quarto. A claridade tocava meu rosto com delicadeza, e por um segundo, tudo parecia calmo. O braço de Brandon estava em volta da minha cintura, e seu peito subia e descia com respirações ritmadas, cálidas. O som do mundo parecia distante. Era só ele e eu… isso era tão bom. Tão certo pra mim.— Bom dia, meu amor. — sussurrou ele, sonolento, beijando meu ombro exposto — Dormiu bem?Assenti com um sorriso leve, ainda de olhos fechados.— Dormi... você sempre me faz sentir segura.Ele me apertou um pouco mais nos braços e beijou meu pescoço, me fazendo sorrir. A paz dele era como um cobertor quente num inverno cruel. Mas havia uma coisinha ali, bem lá no fundo, cutucando meu coração. Uma sensação tão sutil quanto um sopro, mas persistente.Quando fui tomar banho e me olhei no espelho, notei a marca na minha nuca. A cicatriz estava quase sumindo, mas ela ainda incomodava um pouco, era sensível, não fisicamente, mas como s

Brandon tinha saído para uma reunião na sede do governo, seu trabalho ultimamente está prendendo ele mais fora de casa. Avisou que voltaria no fim da tarde. Antes de sair, beijou minha testa e sussurrou que eu era tudo pra ele, que se algo acontecesse comigo de novo, ele não sobreviveria. Sorri, mas meu peito estava apertado. Desde o bilhete, tudo parecia levemente distorcido. Como se a realidade que eu estava vivendo fosse um espelho... trincado.Esperei quinze minutos depois que ele partiu. Vesti uma calça jeans, camiseta branca, e prendi o cabelo em um coque desajeitado. Não era como se eu estivesse fugindo, mas também não queria chamar atenção. Disse para a mulher que cuidava da limpeza da casa, uma jovem contratada recentemente, não sei porque a Lourdes não voltou, que eu iria até a loja da esquina comprar umas coisas. Ela apenas assentiu, sorrindo, sem imaginar que cada passo meu era acompanhado de um nervosismo quase infantil.Desci a rua sem rumo exato, os seguranças atrás de