Acordo antes mesmo do despertador de Nathan tocar, a ansiedade não me deixou dormir direito a noite toda. Entre pensar na consulta de hoje e em buscar o Daniel no hospital, minha cabeça não desligou nem por um segundo. Nathan continua dormindo ao meu lado, com a mão sobre a minha barriga e a respiração calma. Olho o relógio: cinco e meia da manhã. A consulta é às nove. Suspiro e me viro com cuidado para não acordá-lo, mas assim que me mexo, o braço dele me aperta mais. — Pequena — ele murmura, levantando a cabeça imediatamente. — Está sentindo alguma coisa? — Não, só preciso ir ao banheiro. Ele assente e me solta. Vou até o banheiro e, como sempre, a primeira coisa que faço é olhar minha barriga no espelho. Já virou um ritual matinal. Passo a mão na pequena bolinha que denuncia minha gravidez e sorrio. Dois bebês aqui dentro. Ainda parece surreal. — Vamos lá fazer xixi — murmuro, voltando a andar. — Mamãe precisa descansar mais um pouco antes de ver vocês de novo. Ainda so

Após os cumprimentos, nos espalhamos pelos sofás. Nathan se senta ao meu lado, entrelaçando nossos dedos, e posso sentir todos os olhares em nós. — Então — Harper finalmente diz, chamando a atenção de todos. — Acho que, assim como eu, todo mundo aqui está morrendo de curiosidade, certo? Os murmúrios de concordância tomam conta da sala. Desvio o olhar para Nathan, que sorri e acena para que eu fale. — Hoje tivemos mais uma consulta e… descobrimos o sexo dos bebês — começo, fazendo uma pausa dramática de propósito. — E? — Logan pergunta, praticamente pulando no sofá. — O que são? — Meninas — respondo, sorrindo. — São duas meninas. O silêncio dura exatamente dois segundos antes de Dorothy soltar um grito. — Meninas! — ela exclama, batendo palmas enquanto se levanta do sofá. — Duas princesas! Oh, meu Deus, eu mal posso esperar! Minha sogra sorri, emocionada. — Duas netinhas — ela repete, se aproximando. — Ann, isso é maravilhoso! As duas me abraçam, e imediatamente sinto meus olh

Olho para a minha mulher, que me encara com uma expressão totalmente insatisfeita. Ela não vai deixar isso passar. Claro que não. Suspiro e passo a mão pelo rosto. — Vamos para o quarto — digo, pegando sua mão. — Não quero ter essa conversa no corredor. — Nathan… — Por favor, pequena. Ela hesita, mas concorda. Subimos as escadas em silêncio e entramos no quarto. Fecho a porta atrás de nós. Ann se senta na cama e cruza os braços, pronta para o interrogatório. — Então? — Rachel é… — paro, escolhendo as palavras com cuidado. — Alguém do meu passado. — Sua ex — ela conclui, direto ao ponto. — Ex-namorada? Ex-noiva? Ex-amante? — Ex… contratada — respondo, honesto. — Que também se tornou alguém importante. — Como… eu. — Sim, como você — confirmo, passando a mão pelos cabelos. — Rachel foi a primeira pessoa que conseguiu ver além do que eu mostrava. A primeira que realmente deixei ir além de um contrato. — E o que realmente aconteceu? — Ann finalmente pergunta. — Por que acabou

Acordo com o despertador de Nathan tocando às seis e meia. Enfio o rosto no travesseiro, tentando fingir que não ouvi nada. Ele se mexe ao meu lado, desliga o alarme e se inclina para beijar minha testa. — Bom dia — murmuro, meio dormindo, meio acordada. — Bom dia, pequena. Dormiu bem? — Sim. Ele assente daquele jeito de “sei que é mentira, mas vou te deixar quieta”. Quando ele levanta e vai para o banheiro, me viro de barriga para cima, encarando o teto. A verdade? Dormi pessimamente mal. Toda vez que fechava os olhos, o cérebro resolvia montar uma versão da Rachel. Alta, perfeita, impecável… tudo que eu definitivamente não estou me sentindo hoje. Suspiro, levanto e vou ao closet escolher alguma coisa que eleve um pouco a minha autoestima. Quando volto, Nathan sai do banheiro só de toalha, porque claro que ele acorda parecendo propaganda de perfume. — Tem certeza de que está bem? — ele pergunta, vindo em minha direção. — Sim, estou. — Ann, você não parece… — Nathan, esto

“Nathan Prescott”Fecho a porta atrás de mim e vou direto para trás da mesa, sem nem oferecer cadeira.Rachel fica parada no meio da sala com as mãos entrelaçadas, respirando como se tivesse corrido uma maratona.— Nathan, eu…— Cinco minutos — corto, me recostando na cadeira. — E só porque minha esposa pediu. Se fosse por mim, você já estaria sendo escoltada para fora.Ela engole em seco.— Eu sei. E agradeço por me ouvir.— Quatro minutos e cinquenta.— Sua esposa é bonita — ela comenta, com um sorriso fraco. — A barriga dela já está aparecendo… você não mencionou ontem que ia ser…— O relógio está correndo, Rachel — interrompo, seco. — E você está desperdiçando tempo.Ela respira fundo, dá um passo quase imperceptível.— Ok — diz, fazendo uma pausa longa demais. — Vim aqui contar a verdade. Explicar por que fui para a Itália.— Não precisa explicar, já sei por que você foi. Me trocou por alguém mais rico.— Não — ela diz, firme, pela primeira vez. — Não houve outro homem. Nunca.Ap