Narrado por GabrielCamila está deitada ao meu lado.A pele quente, o cabelo bagunçado, os olhos fechados — mas não dorme. Eu sei.Sei porque o corpo dela ainda se move com inquietação, como se algo dentro dela estivesse lutando contra o que acabou de acontecer.E o que aconteceu foi… real.Mais real do que qualquer coisa que eu tenha sentido nos últimos anos.Deslizo os dedos pelas suas costas nuas, desenhando linhas invisíveis sobre a pele macia. Ela não se afasta. Pelo contrário, suspira como se aquele toque fosse o único som que a mente dela consegue traduzir agora.— Ainda tá pensando? — pergunto, num sussurro rouco.— Sempre. — Ela responde, virando o rosto lentamente pra me encarar. — Minha cabeça nunca desliga.— Nem a minha.Ficamos nos olhando em silêncio por um tempo.Um silêncio cheio de peso, de vontade, de medo e desejo misturados.Eu a puxo de leve pra mais perto, e ela encaixa o rosto no meu pescoço.— Eu não quero mais fugir de você, Gabriel — ela murmura.Fecho os ol

Narrado por Daniel Clara foi fria comigo hoje. Mas não como quem está com raiva. Foi como quem pensa demais. E isso, pra mim, é um bom sinal. Ela ouviu. As palavras que eu plantei sobre Camila ainda estão fermentando na cabeça dela. A dúvida é uma arma poderosa. E a confiança entre duas mulheres pode ser desfeita com apenas um detalhe bem contado. Quando ela me olhou, mais cedo, não havia raiva. Havia hesitação. E isso… significa que a semente brotou. Camila foi mais ousada. Olhou como se soubesse de algo. Como se tivesse certeza de que eu sou o vilão da história. Mal sabe ela o quanto tudo está sob controle. Tudo acontecendo exatamente como eu quero. Eles acham que são espertos. Acham que estão se protegendo. Mas estão se revelando, um a um. Gabriel não é uma ameaça. Ele é instável, vive com um passado amarrado no pescoço. Lucca ainda tá encantado demais com Clara pra perceber o que acontece ao redor. E Caio e Bruna… peças decorativas. Úteis apenas como distração.

[Camila]A noite chegou com um calor que não vinha do clima.Era outro tipo de calor.O tipo que nasce quando o corpo já sabe o que o coração ainda teme confessar.Gabriel me olhou como quem pedia permissão e, ao mesmo tempo, como quem já tinha sido aceito.Sem dizer palavra, ele me puxou para perto.Nossos lábios se encontraram com urgência, com fome, com saudade de uma intimidade que só existia entre nós dois.A roupa caiu aos poucos.Entre carícias e olhares silenciosos.As mãos dele passeavam pela minha pele como se me mapeassem. Como se ele quisesse memorizar cada traço, cada curva, cada arrepio.Na cama, não havia pudor.Apenas entrega.Hora ele me tomava com intensidade, me fazendo gritar sem medo.Hora me olhava nos olhos, sussurrando juras que me deixavam completamente vulnerável.— Eu te quero em todas as formas possíveis — ele disse, enquanto seus lábios passeavam pelo meu pescoço. — Não só agora… sempre.Meu corpo o recebeu sem reservas, e juntos, entre beijos e movimentos

Narrado por CamilaEle estava deitado ao meu lado, com o braço sobre minha cintura, e a respiração ainda ofegante.Tínhamos acabado de fazer amor.Não apenas sexo… amor.Daquele tipo que não se mede, nem se explica.A luz do quarto entrava pelas frestas da cortina, desenhando o corpo dele em sombras sobre os lençóis.Gabriel tinha o dom de silenciar minha mente, mas também de bagunçar tudo ao mesmo tempo.Era como se ele fosse a chave da porta que eu havia trancado dentro de mim por medo, insegurança e bloqueio criativo.— Você tá com esse olhar de quem viajou pra outro lugar — ele disse, beijando meu ombro.Sorri, me virando para encará-lo.— Talvez eu tenha ido mesmo. Lá pra dentro de mim. Onde estavam escondidas palavras que eu achava que tinha perdido.Ele me olhou com aquele jeito de quem entende mesmo sem precisar saber.— Vai escrever?Assenti.— Preciso. Agora. Antes que desapareça.Me levantei ainda nua, vesti uma camiseta qualquer e prendi o cabelo de qualquer jeito. Sentei

Narrado por BrunaEu só queria um momento de paz.Um pouco de ar fresco, longe das confusões, das tensões.Tinha ido até os fundos da casa, perto do varal, pra ligar pra minha mãe.Mas quando desliguei a chamada e me virei pra voltar…Vi algo que me travou no lugar.Daniel.Aquele desgraçado.Ele estava com uma calcinha vermelha nas mãos.Não era qualquer calcinha.Era da Camila.Reconheci no mesmo instante. Eu tinha visto ela pendurada ali no varal no dia anterior, junto com umas camisolas de renda.Mas o que ele fazia…Não era só bizarro.Era doentio.Ele levou a peça ao rosto.Inspirou fundo.E fechou os olhos.Depois, enfiou a mão por dentro da calça, se acariciando com uma expressão suja de prazer.Eu fiquei em choque.Sem conseguir me mover.A respiração presa na garganta.Ele estava se masturbando com a calcinha da Camila nas mãos.Depois de alguns segundos — que pareceram horas — ele parou, ajeitou as calças, olhou pros lados, e entrou na casa como se nada tivesse acontecido.