Chase HarrisonTyler jogou a merda sobre a mesa. Ambos nos encaramos, severos, sem espaço para jogos ou recriminações.— Que merda é isso? — Questionei, ao estranhar, o fato de que tinha uma porcaria de revista social sobre minha mesa, e não o costumeiro jornal carregado de notícias, boas ou ruins.— A sua vida exposta. — Tyler pareceu ter raiva pela primeira vez. — Conte a sua esposa, Harrison. Antes que seja tarde, por que estão começando a perceber que há algo errado.Com um franzido de testa que não parecia me deixar na maior parte do tempo, agarrei a porcaria de matéria duvidosa, e não precisei ir longe para entender a revolta do meu fiel amigo. Porra. Harper estava exposta na capa, a meu lado, claro. No entanto, seu semblante não era o que esperava que fosse. Minha mulher não parecia feliz. E definitivamente, o jornalista tratou, com um jogo de palavras bastante questionável, de que parecesse pior do que de fato erra.Porra, não quero que Ward tenha acesso a isso. Não quero que

Chase HarrisonTornei-me uma porcaria de paranoico. Por que, a forma como Harper me encarou, fez-me pensar que tinha visto as merdas dos jornais, e somado dois mais dois. Ou, talvez, fosse nisso que eu precisava acreditar. A ideia de que minha esposa tenha tido contato com a infeliz me manteve imerso em pensamentos durante todo o trajeto do avião, para casa.A cada movimento dela, o silêncio entre nós aumentava. Harper estava quieta demais, e isso me deixava em alerta Ward sempre. A falta de palavras sempre fora mais perigosa que a própria fúria quando se tratava da minha ruiva. Quando calava, era porque estava juntando cada peça, medindo palavras, decidindo se valia a pena continuar lutando ou desistir de vez. E a porra da verdade é que eu não saberia lidar se ela desistisse.O som baixo do motor era tudo o que nos acompanhava. Harper mantinha o olhar fixo na janela, e a cada vez que desviava os olhos, parecia distante demais. Talvez já estivesse construindo a distância que nos separ

Chase HarrisonO som da risada de Graham ecoou pelo saguão antes mesmo que eu o vi. A pequena corrida desajeitada, o sorriso aberto, e os braços estendidos foram o único aviso de que seria atingido por um abraço que me tiraria o ar. O garoto se agarrou a mim com força, o rosto escondido contra o peito, e por um instante esqueci tudo o que me atormentava. O peso do corpo dele, o calor do toque, a respiração rápida. Era o mesmo menino que deixei quando viajei, e que, Harper tirou da casca. Mas havia algo diferente ali.O abraço não era só de alegria. Tinha algo de desespero, uma carência silenciosa que me fez travar o maxilar. Graham me apertava como quem tem medo de que o mundo se parta.— Ei... — murmurei, passando a mão por seus cabelos. — Está tudo bem, filho. Estou aqui.Ele assentiu, mas não me soltou. Senti o nó crescer na garganta, uma mistura de culpa e alívio que preferi engolir. Afastá-lo foi difícil, e quando o fiz, percebi o olhar marejado, as bochechas vermelhas demais.A

Harper WardBati na porta uma e outra vez, esperando que fosse recebida.Mas por que imaginei que a adolescente do outro lado que sempre pareceu me amar, abriria? De alguma maneira, tornei-me descartável de uma hora para outra. Claro, fui a substituta, e aparentemente estava atrapalhando seu pai de ter a vida perfeita que devera, e que merecia.— Grace? — Perguntei, jurando que seria a ultima vez que a chamaria. — Por favor, só quero explicações... — Alertei, e era verdade. Precisava entender, por que fui sua maior confidente, e nunca revelei nada ao Chase embora tenha me custado o inferno não o fazer. — Não contei nada a seu pai, apesar de você aparentemente não acreditar nisso.A tristeza caiu como uma bomba sobre meus ombros. E já bastava o peso da barriga. Os bebes cada vez maiores, mais inquietos... os pés inchados, e um marido estranho que passava mais tempo fora de casa, ou certificando-se de que não sairia de casa sem uma escolta armada enorme. Bom, ao menos era o que parecia.

Harper WardO fiz esquecer de proposito.Sou um monstro, eu sei. Não precisa me julgar. Mas estar ao lado dele enquanto olhávamos nossos filhos e fingíamos normalidade seria mortal para mim.As malditas coisas que tenho recebido conseguiram enlouquecer-me por toda a maldita madrugada, a ponto de me ter andando de um lado a outro por toda a casa. Pior, pelo jardim, lá fora. E sabia que deveria me acalmar pelos bebes, e por que não desejava que Chase soubesse o quanto me afetava. Mas, sabia que estava sendo ridícula, por que abastava olhar para ele, e tornava claro o quanto não apenas me afetava, mas também o quanto sofria em silêncio.E percebi, que Chase via o mesmo que eu sentia por dentro. A maneira como contraia a testa, e parecia sentir algum tipo de remorso atestava sua culpa, e me matava um pouco mais toda vez.Foi por isso que o evitei. Por isso tenho o evitado todos os malditos dias nesta casa. — Harper... — Começou, e pareceu-me autoritário demais para quem não tinha esse d