Antes...PONTO DE VISTA DE DEMÉTRIO O carro avançava por uma estrada tranquila, cercada por campos silenciosos e árvores que se curvavam ao toque suave do vento. Mas, dentro do veículo, a atmosfera estava longe de ser pacífica.Demétrio mantinha as mãos firmes no volante, os olhos cravados na faixa de asfalto à frente, embora fosse evidente que sua mente estava a quilômetros dali. O maxilar travado denunciava o turbilhão de pensamentos que tentava conter.No banco do passageiro, Vivian ajustava o cinto de segurança sobre a curva pronunciada de sua barriga de grávida. De vez em quando, lançava olhares furtivos para Demétrio, como quem tenta medir o clima antes de dizer qualquer palavra.No banco traseiro, Dante estava com os olhos fixos no celular — ou, ao menos, fingia estar. A postura rígida e a forma como evitava encarar os adultos revelavam que ele também sentia o peso daquele silêncio.Demétrio aproveitou o momento para se perder nos próprios pensamentos.Desde que me juntei a Vi

Ele franziu a testa e deu um passo à frente, como se tentasse encurtar a distância que eu acabara de criar. "Não. Não faça isso. Não agora. Podemos resolver tudo… mas juntos", implorou ele, com a voz baixa, carregada de urgência. "Sebastian… temos que parar, antes que as coisas vão mais além", murmurei, sentindo as lágrimas escaparem e queimarem minha pele. Respirei fundo, buscando coragem para dizer o que precisava. "Eu… eu não posso continuar com isso. Não agora." "Por quê? Porque o Dante precisa de você? Eu entendo isso. Eu não vou atrapalhar. Eu quero estar aqui para você… para ele", disse ele, tentando manter a firmeza, mas percebi na sua expressão o impacto das minhas palavras. Ele estava atordoado, como se cada sílaba minha fosse um golpe, e, ainda assim, ele parecia não querer lutar para não complicar ainda mais as coisas para mim. "Não é só isso. Você merece alguém que possa te dar mais do que eu posso agora. Eu perdi minha irmã, você perdeu o seu..." — falei, sentindo a

O sábado à noite chegou carregado pelo som vibrante de música ecoando pelas ruas estreitas que levavam ao dormitório de Cadê. As batidas se misturavam às vozes e risadas que escapavam pelas janelas abertas. Subi os degraus da varanda com passos calmos, ajustando a jaqueta no corpo enquanto inspirava profundamente o ar frio da noite. Eu não estava exatamente no clima para festas, mas algo em mim dizia que ficar trancado no quarto não iria ajudar a afastar o peso que me acompanhava nos últimos meses. Talvez um pouco de movimento e conversa me tirassem, ao menos por algumas horas, da minha própria cabeça.Ao abrir a porta, fui recebido por uma onda de calor, vozes e música alta. O ambiente estava vivo: grupos espalhados pelo pequeno espaço, alguns dançando, outros encostados nas paredes em conversas animadas. As luzes baixas, amareladas e intercaladas por flashes coloridos, davam ao lugar um ar descontraído e intimista.Meus olhos logo encontraram Cadê no canto da sala, cercado por amigo

PONTO DE VISTA DE SEBASTIANO jardim dos fundos estava silencioso, exceto pelo som das folhas se movendo com o vento suave da tarde. O vento balançava suavemente o velho balanço de madeira que Lina ocupava, suas pernas impulsionando-a levemente para frente e para trás. Eu havia ido visitar minha irmã e minha mãe no sábado, e agora, encostado em uma árvore próxima, com os braços cruzados, observava Lina. O jardim estava limpo, exceto por algumas folhas caídas aqui e ali."Você está mesmo obcecado por ela, não está?", perguntou minha irmã, quebrando o silêncio. Ela olhava para mim, segurando as cordas do balanço com as mãos. O movimento tranquilo contrastava com a seriedade de suas palavras."Não é obsessão, irmã. Eu a amo," eu rosnei, a voz carregada de frustração e raiva. "Mas parece que isso não é suficiente para ela. Ela terminou como se fosse algo lógico, mas não faz sentido para mim. Eu não consigo esquecê-la."Lina inclinou a cabeça para trás, olhando para o céu por um momento an

PONTO DE VISTA DE ELLAA manhã seguinte começou tranquila, apesar do movimento constante dos corredores do mercado. O cheiro do pão recém-saído do forno misturava-se ao das frutas frescas que acabavam de ser repostas nas prateleiras, criando uma atmosfera acolhedora para quem entrava. Eu caminhava entre os poucos funcionários, observando o atendimento, conferindo os pedidos e reorganizando alguns detalhes que estavam fora do lugar.Mesmo imersa naquela rotina que sempre exigia tanto de mim, minha mente não estava ali por completo. Já havia tentado inúmeras vezes falar com Josh, mas ele não atendia, nem retornava as mensagens. Nos últimos dias ele havia sido tão acessível, sempre presente, que agora o silêncio dele parecia gritante. Será que estava se escondendo de mim?Parei diante da seção de hortaliças, fingindo conferir os preços expostos, quando, na verdade, um nó se formava no meu estômago. Desde o início eu tinha a sensação de que Josh escondia alguma coisa, mas naquela manhã es