Lara O cheiro foi a primeira coisa que me alcançou. Mesmo antes da consciência plena, antes de abrir os olhos, ele veio como uma brisa morna — café fresco, pão amanteigado, talvez geleia de frutas vermelhas. Era um aroma acolhedor, familiar… reconfortante. Por um breve segundo, pensei que ainda estivesse em casa. Mas então veio a voz. — Não precisa abrir as janelas, senhora… nós mesmas damos conta da limpeza. Reconheci imediatamente o tom contido de Mika. Baixo. Tenso. Meus olhos ainda estavam fechados, mas a neblina do sono começava a se dissipar. Cada palavra me puxava de volta à realidade. O colchão sob meu corpo, o lençol áspero da estalagem, o zumbido suave de uma mosca próxima à parede… tudo me alcançava em pedaços, como se minha mente juntasse as peças lentamente. — Oh, não seja tola, querida. — respondeu uma voz feminina, gentil e melodiosa. — Só vou deixar o sol entrar. Faz bem pra alma. O sol. Me sentei de repente, como se um balde de água fria tivesse sido
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