O meio-dia chegou com pressa, embalado pelo ritmo da despedida e pelo arrastar de malas discretamente pesadas. O motorista posicionou o carro na frente da escadaria da mansão. Beatriz desceu com Aurora ao seu lado, enquanto Isabella a seguia com a pequena mala verde-oliva da prima, carregando também, sem perceber, o peso suave da ausência que viria.Na soleira da porta, Beatriz se abaixou até a altura da menina, segurando o rostinho de Aurora entre as mãos, com a mesma ternura de uma mãe que parte, mesmo sem ser.— Lembra do que prometi? — sussurrou, roçando o nariz no dela, com olhos brilhando de afeto.— Chocolates caseiros da vovó e uma história nova — recitou Aurora, com a seriedade de quem acaba de firmar um contrato vitalício.— Exatamente.Elas se abraçaram forte, e Isabella, ainda parada ao lado, observava em silêncio, sentindo o coração apertar por uma saudade antecipada, dessas que não se explicam, mas se alojam fundo.Quando a mala já estava acomodada no porta-malas, Beatri
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