Enquanto o rei Aldrak falava, cada palavra sobre o príncipe Ryan era como um golpe seco no peito de Darian. Ele manteve a postura impecável, como se nada o atingisse, os ombros firmes, o olhar preso num ponto vago da tapeçaria à frente… mas por dentro, o caos rugia. Seu coração parecia uma fera presa em uma jaula frágil, batendo contra as grades, sangrando em silêncio. Ele sentia as garras do lobo dentro de si arranhando suas entranhas, urrando para se libertar e arrancar aquela coroa arrogante da cabeça de Ryan antes mesmo que ele pisasse em Veradorn. “Príncipe Ryan…” o nome ecoava como veneno na sua mente. As palavras de Aldrak sobre “alianças”, “promessas no berço” e “o ciclo recomeçar” eram apenas adagas afiadas fincadas em seu orgulho, em seu desejo, no amor que, por mais proibido que fosse, ele já não tinha mais forças pra negar. Ele apertou os punhos, os músculos tensionados, a respiração travada para não deixar escapar o rosnado preso na garganta. Mas a pior parte, a que

O grande salão do castelo estava iluminado por candelabros de cristal que pendiam do alto teto arqueado. O aroma de ervas frescas e pratos requintados preenchia o ar, enquanto os criados serviam uma refeição digna da realeza. As longas mesas de madeira polida estavam decoradas com velas douradas e arranjos de flores exóticas, criando um contraste entre a tradição e a grandiosidade do ambiente. Lyanna, vestida com um elegante vestido que refletia sua ascendência real, sentava-se entre Emma — que ainda tentava se acostumar com o lugar e o papel que precisava desempenhar — e Ryan, que mantinha a postura séria. O rei Aldrak , presidia a mesa, sua presença imponente preenchendo o salão, enquanto alguns nobres e conselheiros observavam atentamente cada movimento. Durante o jantar, o silêncio era cortado apenas pelos sons de talheres e o murmúrio contido das conversas discretas. Emma, apesar do nervosismo, tentava disfarçar a ansiedade e olhava de soslaio para Ryan— o príncipe claramente

A lua já alta derramava um véu prateado pelas janelas do aposento. Emma ajeitava o cabelo diante do espelho, ainda com o coração acelerado pela noite intensa, quando Lyanna entrou, os olhos brilhando de emoção e o rosto corado. — Emma… — chamou, fechando a porta e se jogando de costas na cama, um suspiro escapando de seus lábios. Emma se virou, os olhos claros atentos. — Tá tudo bem? Seu pai te deu um sermão muito pesado? Lyanna deu um meio sorriso, olhando para o teto.— Foi estranho… foi bom… doloroso também. Ele sabe, Emma. Ele percebeu o que sinto por Darian. Emma se sentou na cama ao lado dela, pegando a mão da amiga. — Ly… — Eu beijei ele. — Lyanna confessou de súbito, a voz um sussurro, quase sem ar. — No jardim, perto do xafariz. Eu beijei, Emma. E… foi a coisa mais insana e maravilhosa que já me aconteceu. Emma abriu um sorriso largo. — Eu sabia! — sussurrou ela, dando um leve soquinho na amiga. — Desde que vocês se olharam lá na escola eu vi, Lyanna. Vocês são feito

Do alto da varanda de pedra esculpida, o Rei Aldrak observava a cena abaixo com atenção. Os olhos austeros, mas carregados de um misto de amor paternal e preocupação, acompanharam quando sua filha — a verdadeira Lyanna — esbarrou em Ryan nos corredores e ambos seguiram para o jardim. Aldrak apertou as mãos nas costas, recostado contra a balaustrada. Respirou fundo, o ar frio de Veradorn invadindo os pulmões. — Interessante… — murmurou para si mesmo. Ele notou como Ryan parecia confortável ao lado dela, mesmo achando que conversava com Emma. E mais do que isso — viu o leve sorriso de Lyanna, aquele gesto raro e genuíno que só surgia quando ela se sentia livre. O rei chamou um dos conselheiros de confiança que se mantinha nas sombras. — Mande organizar uma caçada pela manhã. Convoque o príncipe Ryan, Selvaren, Darian… e que Emma e Lyanna sejam convidadas a assistir. Quero que eles passem mais tempo juntos. — A voz do rei era firme, mas não havia ameaça — apenas estratégia. O

O colar descansava sobre a cama, o brilho das pedras refletindo a luz das velas altas espalhadas pelo quarto. Emma estava ali, de pé, os ombros tensos, ainda com o vestido pesado que usara na recepção. Lyanna entrou logo atrás, batendo a porta devagar. Emma suspirou, pegou o colar e estendeu para ela. — Isso é seu. — a voz dela soou baixa, cansada. Lyanna se aproximou, olhando para a joia sem tocá-la. — Emma… você podia ter ficado com ele. Não precisava… Emma deu um meio sorriso, sem humor. — Ly… isso aqui nunca foi meu. Nada disso é. Eu tô me afogando nessa mentira. E… esse colar não vai aliviar. Eu sei quem eu sou. E quem você é. Lyanna mordeu o lábio inferior, a expressão suavizando. — Eu sinto muito por te colocar nisso, Emma. Por mais que o Darian ache que isso é a única forma de me proteger… eu odeio te ver nessa posição. Eu queria que você pudesse escolher. Emma soltou um riso fraco. — A questão é… eu escolhi, Ly. Eu escolhi ficar aqui porque… porque você é