Nathaniel DonovanEu não preguei os olhos.A cada vez que a respiração da Eliza mudava, meu corpo se retesava como se o mundo estivesse prestes a desmoronar de novo. Duas vezes ela se mexeu no sono, choramingando baixo, e se agarrou na Lúcia como se tivesse medo de perder o chão. Minha esposa a envolvia de imediato, e logo a pequena adormecia outra vez.Fiquei deitado, mas não fechei os olhos. Apenas observei. Minha filha no meio da cama, protegida pelo corpo de uma mulher que tinha se tornado o porto seguro dela. O porto seguro de nós dois.A noite inteira passei repetindo a mesma promessa silenciosa: eu não vou permitir que nada, nem

Nathaniel DonovanO primeiro toque foi suave, mas bastou um segundo para que se tornasse urgente. Ela gemeu baixinho contra minha boca, e eu afundei os dedos na cintura dela, puxando-a mais para mim. O gosto dela era doce, viciante, e cada beijo só abria espaço para o próximo, mais profundo, mais faminto.As mãos dela subiram para a minha nuca, me prendendo como se não houvesse ar fora dali. Minha respiração acelerou, misturando-se à dela, até que o tempo deixou de existir. Só nós dois, o calor crescendo, o corpo colado, a promessa de perder o controle a cada movimento.Foi então que ouvimos a vozinha na porta.“Eca! Que nojo!”Viramos ao mesm

David JonesEu já tinha visto aquela casa em dias de silêncio ensurdecedor, quando a sofisticação dos móveis engolia qualquer som humano e a respiração da Eliza parecia pequena demais para preencher os cômodos. Hoje, no entanto, a mesa do café da manhã era o oposto: bagunça, risadas, a fumaça doce de manteiga e massa, e a pequena vibrando tanto que parecia que ia flutuar."Você viu, tio David? Eu fiz a massa!" Eliza anunciou, com os dedos grudentos de xarope e o nariz corado de empolgação."Eu vi e estou pronto para provar o melhor prato do dia." Sentei, fingindo solenidade, e ela bateu palminhas, satisfeita. Havia luz nos olhos dela, mais do que eu tinha visto nos últimos meses. Lúcia, ao lado, ria de algo que Dona Maria comentava, um pano enfaixado no dedo e o cabelo preso de qualquer jeito. Era impressionante o efeito que as duas tinham provocad

David JonesFiquei parado no corredor mais tempo do que deveria, encarando o espaço vazio que Moira deixou para trás. O som de Eliza ecoava da sala, e ainda assim o que eu ouvia era o silêncio dela, pesado demais para caber em um corpo tão miúdo.O mau pressentimento não desgrudava da minha pele. Eu já tinha aprendido a respeitar esse tipo de instinto. Era a diferença entre sobreviver a uma mesa de negociações e ser engolido por ela. E naquele momento, não se tratava de números, era de alguém que não sabia pedir ajuda.Voltei devagar para a sala de jantar. Nate e Enzo estavam em pé, já debatendo alguma estratégia de defesa para lidar com Eduardo. As vozes eram firmes, mas minha cabeça ainda estava

Lúcia Mendes"Eu não sou bilionária." Engoli seco, varrendo a sala com o olhar para me certificar de que Nate e Enzo não ouviam. "E eu não esqueci de nada. Estou te pagando certinho como combinamos. Não tenho nenhuma parcela atrasada.""Isso foi antes de você estar sentada no dinheiro. Quero minha grana, assim como você fez com todas as suas outras dívidas." Ele riu, sem humor. "Quero até sexta queridinha, ou seu maridinho vai me conhecer pessoalmente. E acho que ele não vai gostar disso.""Isso não é justo." As mãos suaram outra vez. "Eu estou honrando com o combinado.""As regras mudaram, não leu o contrato. Poss