POV Sophia Sinclair A água batia forte no vidro, o vapor subindo como uma neblina de guerra. Eu parei na porta. O cheiro de sangue ainda estava no ar. Forte. Quente. Metálico. Matthias estava ali, de costas, o corpo largo, coberto de água. O sangue escorria, misturando com a espuma, tingindo o ralo de vermelho. Eu não disse nada. Não precisei. O robe escorregou do meu corpo. Deslizei as alças da lingerie devagar, sentindo o frio do ar me arrepiar inteira. Deixei tudo cair no chão, sem pressa.Entrei no box. A água me engoliu de imediato. Quente. Pesada. Ele não se virou. Mas eu sabia que ele sentia cada movimento meu. Me aproximei. Encostei o peito nas costas dele. O cheiro do sabonete não conseguia esconder o cheiro de morte. Passei as mãos pelo abdômen dele, devagar, desenhando cada músculo, cada cicatriz. Senti a tensão no corpo dele, como um animal pronto pra explodir.Deitei o rosto entre as escápulas dele, respirando fundo. O sangue dele ainda pintava partes da pele. Passei a m

POV Sophia SinclairAcordei com o corpo inteiro gritando, cada músculo latejando como se eu tivesse passado por uma guerra — e, honestamente, eu passei. Virei na cama, o lençol grudando na pele suada, o quarto silencioso demais, pesado demais."Merda…" murmurei, passando a mão na testa.Sentei na beirada da cama, as pernas tremiam como se fossem ceder a qualquer segundo. Me levantei, fui até o espelho. O pescoço coberto de marcas roxas, vermelhas, pequenas mordidas. Minha pele parecia um quadro pós-apocalíptico.— Ele me destruiu… — sussurrei, mas no fundo, um canto do meu cérebro gritava: você amou cada segundo.Suspirei, fui até o banheiro. A água do chuveiro bateu na pele como pequenas agulhas, mas ao mesmo tempo parecia me lembrar dele em cada gota quente escorrendo. Fechei os olhos, encostei a testa na parede. Eu não era mais a mesma. E ele sabia. E eu também.Me enrolei numa toalha, voltei pro closet. Peguei um vestido branco, leve, quase ingênuo — quase. Passei um hidratante no

POV Sophia SinclairEu me joguei na cadeira, balançando, mordendo o lábio. Matthias fora. Eu livre. Por quanto tempo? Bati o pé no chão, ansiosa, lembrando dos olhares, dos sorrisos, do fogo que eu adorava acender. Eu era uma bomba de caos em salto alto.Até que…— Está se divertindo?Eu congelei. O ar sumiu. A voz. Virei devagar. Na porta, encostado no batente, Matthias. Paletó aberto, gravata solta, mangas arregaçadas. Os olhos? Cinza furacão, prontos para engolir Manhattan inteira.— Matthias… — minha voz saiu fina.Ele andou até mim. Lento. Mortal.— Quer saber o que mais me irrita? — Ele parou na minha frente. — Eu saio por uma hora. Uma hora. E você já espalha perfume e sorriso pelo prédio inteiro.Eu abri a boca, mas ele não deixou.— Levanta.— Matthias… — comecei.— Levanta. — O tom foi um trovão.Eu obedeci. Me levantei, tremendo. Ele agarrou meu braço, me puxou tão forte que meu peito bateu no dele.— Julian, Aurora, quem mais? — Ele rosnava baixo, o hálito quente. — Quem m

POV Matthias KaneFim do dia. O céu estava tingido num laranja doente, como se Manhattan estivesse sangrando em silêncio.Chegamos em casa. O carro deslizou até a garagem subterrânea. Eu desci primeiro. Caminhei até a porta, abri. Ela veio atrás, os saltos batendo no mármore como se fossem tiros. Sophia parecia estranhamente calma. Talvez calma demais. O olhar fixo à frente, os lábios ainda inchados, a roupa colada ao corpo como uma segunda pele.Subimos as escadas. Gabe apareceu no hall, pronto pra falar alguma merda, mas quando nos viu, recuou, erguendo as mãos em rendição silenciosa.— Que bom que chegaram — ele murmurou, quase rindo. — O clima de vocês tá… delicioso.Eu o fulminei com o olhar. Ele sumiu em segundos. Sophia continuou, entrou direto no quarto dela. Antes que eu fechasse a porta do meu, ouvi o celular dela vibrar.— Oi, Izzy… — a voz dela soou abafada, mas clara o suficiente pra me fazer parar no corredor. — Eu sei… eu também tava com saudade.Parei. Fechei os punhos

POV Sophia SinclairMatthias não me deu tempo. Nem para pensar. Nem para recuar.Quando sua boca se chocou contra a minha, não foi um beijo, foi uma conquista. Sua língua invadiu-me com a fúria de um homem que já perdeu as rédeas, misturando raiva e desejo num sabor intoxicante. O gosto dele era café e pecado, e eu gemi, o som abafado contra seus lábios, perdido na voracidade com que ele me devorava.Suas mãos agarraram minha cintura com força bruta, os dedos cravando na minha carne como se quisessem deixar marcas. Eu senti os ossos protestarem, mas o que saiu da minha garganta foi um suspiro de entrega. Não queria distância, queria que ele me esmagasse contra si, que a dor e o prazer se tornassem a mesma coisa.De um movimento brusco, ele me virou e empurrou minhas costas contra a pia gelada. O espelho tremeu, meu reflexo embaçou. Meus anéis caíram no chão com um tinir metálico, mas eu já não ouvia nada além do rugido baixo que escapou do peito dele quando me encurralou.— Você se ex