POV Sophia SinclairDesci as escadas, os saltos do sapato batendo como um metrônomo nervoso. O vestido colava na pele feito desafio. Quando cheguei no hall, Matthias estava de costas, imóvel, como uma estátua esculpida em guerra.Ele virou devagar. O olhar percorreu meu corpo. Sem pressa. Sem disfarce. O maxilar tenso, como se mastigasse a própria paciência.— Achei que combinamos discrição. — A voz dele era um corte limpo.— Achei que fosse só uma sugestão. — Dei um passo, provocando com o olhar mais do que com palavras. — Você parece incomodado. Isso é preocupação... ou ciúme?Ele não respondeu. Só me observou. Como se tentasse decidir se valia a pena me apagar da memória... ou gravar tudo pra sempre.— Cuidado com o que insinua, Sophia. — O tom dele baixou, denso.— Cuidado você, Matthias. Eu não sou mais aquela garota que ficava quieta quando diziam "não".Ele deu um passo. O ar ficou mais denso.— Você não entende as consequências desse jogo.— Não é jogo se eu sei exatamente o qu

POV Matthias Kane— Ele não gosta de falar disso, Bernardi.O som da voz cortou o ar como uma faca. Todos viraram. Ela. Vittoria. Entrou no salão como um vendaval vestido de vinho. O tecido abraçava cada curva como se fosse pintado na pele. O cabelo preso num coque perfeito, o rosto esculpido, lábios pintados como sangue. O perfume doce e letal chegou antes dela, impregnando o ambiente de veneno.Ela andava como se cada centímetro de chão fosse propriedade dela. Como se todos ali fossem apenas figurantes no seu teatro particular.— Vittoria… — murmurei, seco, a palavra entalada na garganta como um prego.Ela sorriu. Um sorriso que era uma arma afiada.— Matthias… que prazer te rever. — O olhar dela escorregou até Sophia. Um corte frio, afiado, um raio-x. — E quem é a boneca nova?Sophia arregalou os olhos, como se tivesse acabado de engolir vidro. Os punhos cerraram, os nós dos dedos brancos. Eu senti a fúria dela vibrar no ar. Vittoria avançou. Passou por Bernardi como se ele fosse po

POV Sophia SinclairEu devia ter virado. Devia ter corrido. Devia ter fingido que nunca vi. Mas não. Fiquei. Porque era isso que sempre quis, não era? Ver o que existia atrás da muralha. Ver o homem que ele escondia até de si mesmo.Minhas mãos tremiam. O ar não entrava. O corpo inteiro parecia em combustão. E quando ele abriu os olhos e me encarou, eu não era mais eu. Eu era o caos. A perdição. A mulher que ele jurou nunca tocar."Vai ficar olhando? Ou vai fazer alguma coisa?" A voz dele me cortou como faca. A pele arrepiou inteira. Dei um passo. Outro. Até o box. O vidro estava embaçado. A maçaneta gelada na minha mão. Abri. O vapor saiu como um monstro liberado da jaula. Ele estava lá. Nu. Perfeito. O olhar cravado no meu.— Eu avisei… — ele murmurou, a respiração pesada. — Eu não sou bom pra você.— E eu nunca pedi “bom”. — A voz saiu baixa, mas firme. — Eu quero você.O peito dele subiu. O olhar desceu pro meu corpo. Eu larguei o robe no chão. Fiquei só com a camisola curta. Fina

POV Matthias KaneO portão da mansão se abriu, e o carro entrou como se eu fosse um rei medieval voltando da guerra. Mas, no banco ao lado, a princesa estava em chamas. Sophia. O rosto dela ainda virado pro vidro, o maxilar tenso, o peito subindo e descendo como se ela quisesse cuspir fogo.Estacionei. Motor desligado. Silêncio absoluto. Ela abriu a porta antes que eu pudesse mover um músculo. Desceu. Os saltos bateram no chão como tiros. Reboleteio de quadril. Ombros erguidos. Aquela raiva estampada que me deixava duro num nível doentio.Segui atrás, de longe, observando. Ela entrou na casa sem olhar para trás. Um segurança tentou falar algo, ela o ignorou como se fosse poeira. Subiu as escadas rápido, a bunda empinando a cada degrau. O vestido subindo só o suficiente para minha mente pintar todos os cenários possíveis.Eu respirei fundo. Merda. O cheiro dela ainda grudado no carro. O grito dela ainda ecoando no meu crânio. Aquela boca. O jeito que ela cuspia as palavras como lâminas.

POV Matthias Kane Saí da cama sem fazer barulho. O quarto ainda cheirava a sexo, suor, pecado. O corpo dela estava jogado nos lençóis como uma pintura profana. A pele marcada pelos meus dedos. O pescoço ainda vermelho das minhas mordidas. Eu passei a mão pelo cabelo, respirei fundo. "Você quebrou, Kane. Você finalmente quebrou."A tela do meu celular acendeu. O nome dele. O pai dela. Respirei. Atendi.— Kane. — A voz grave, firme, carregada de poder.— Estou ouvindo. — Minha voz saiu baixa, rouca. Eu ainda sentia o gosto dela na boca.— A remessa chegou em Marselha. Já estão providenciando a distribuição?— Sim. — Andei pelo quarto, os olhos grudados nela. — A carga vai sair de lá em 72 horas. O contato em Lisboa confirmou o navio.— Ótimo. — Pausa. Um silêncio que pesava como chumbo. — E a Sophia?O nome dela me acertou no estômago como uma faca. Olhei. Ela dormia, completamente nua. Os lençóis jogados. O peito subia e descia devagar, exausta. Meu peito apertou. "Eu quebrei a única