POV Sophia SinclairO fim de tarde tingia o céu de tons roxo e laranja, como se o universo tivesse decidido brincar de aquarela enquanto eu tentava enfiar fórmulas na cabeça. Estava sentada no chão do quarto, livros espalhados ao meu redor, marca-textos abertos, anotações caóticas. Um verdadeiro campo de batalha acadêmico.Mas eu não conseguia focar. A caneta tremia entre meus dedos. O rosto dele, a noite passada, o sangue... Tudo voltava em flashes rápidos.— Merda… — murmurei, passando a mão no rosto.Fechei o livro com força. O barulho ecoou no quarto. Levantei, fui até a varanda pra tentar puxar ar fresco. Foi quando ouvi. Vozes. Graves. Cortantes. Me aproximei da grade, devagar, como se estivesse espionando um segredo de estado.Ali, no jardim iluminado pelas lâmpadas discretas, três homens. Matthias. Gabe. E um outro, que eu reconheci pelo andar confiante: Enzo. Matthias estava de costas, camisa branca arregaçada, as mangas manchadas de algo escuro, não sangue, dessa vez, mas gr

POV Matthias KaneO carro cortava a noite como uma lâmina. Sophia respirava ao meu lado. Cada suspiro era um insulto. Cada movimento, uma provocação. Ela cruzou as pernas de novo. Devagar. Como se estivesse dançando um strip privado só pra mim. Meu pau ainda latejava, duro como pedra. "Maldita", pensei.— Você sempre arranja essas reuniões em lugares caros? — ela soltou, mexendo o batom num tom escuro, tão ousado quanto a boca que insistia em me desafiar.— Você acha que isso aqui é um convite pra um encontro? — rosnei, os olhos presos no asfalto.Ela riu. Baixo. Mortal.— Eu acho que você me usa de escudo.Ela não estava tão errada. Mas não ia admitir.Luciano Bernardi. Italiano, velho, sorriso falso. Acha que controla o submundo como se fosse uma ópera. Hoje, ele vai cantar pra mim. Ou vai morrer.— Quando estivermos lá, fique ao meu lado. Não fala nada além de "boa noite" e "obrigada".— Ah, ótimo. Adoro ser objeto decorativo.— Você não é um objeto.— Ah, então eu sou o quê?Silê