Capítulo 102 — Tudo tremia novamenteNarrador:— E sabe o que é pior, Diabo? — murmurou Miranda, fixando-o com os olhos brilhantes de rancor — Não foi só você ter matado quem eu amava.Não foi só porque você me tirou ele como se fosse lixo. —Ela se aproximou um pouco mais, suas palavras saindo envenenadas, apenas um sussurro, mas carregadas de fogo. —Foi que depois disso... você me sequestrou. —Roman não se moveu. —Você me colocou naquela sua casa. Você me trancou como se eu fosse um troféu quebrado. Como se eu te pertencesse. Você me fez sua à força, uma e outra vez, até que eu não sabia mais quem eu era. Até que eu não me reconhecia mais no espelho. Você disse que era por amor. Você disse que fazia isso para “me proteger”. Mas foi pela mesma razão que você o matou. Porque você é um maldito monstro. Porque você é o Diabo, e você pega tudo o que deseja, mesmo que tudo o que você toca... se queime. — Sua respiração estava agitada, as mãos crispadas ao lado do corpo. — Você quer que a Sa

Capítulo 104 — Seu DiaboNarrador:Roman olhou para ela. E pela primeira vez... não se escondeu atrás do poder, do controle, do nome que todos temiam.Era apenas ele. Com as defesas baixas, com o peito partido, com o coração em carne viva.— O que está me matando... — murmurou ele — é a ideia de te perder. — Aylin prendeu a respiração. — Não é a culpa, não é o medo, é você... você. — Ele deu um passo à frente. Não a tocou. Apenas a segurou com os olhos. — Você, sua voz no meu ouvido, seus passos pelos corredores, sua maneira de acalmar Sasha. A maneira como você me olha quando acha que não estou vendo. O silêncio maldito desta casa sem você. —Sua voz se quebrou um pouco. —Você me ferrou, Aylin. E não me arrependo. —Um instante, apenas um, mas entre eles... o mundo parou. Aylin não disse nada. Nem uma palavra. Apenas olhou para ele. E embora por fora não se movesse, por dentro... seu coração batia com tanta força que mal conseguia respirar. Roman percebeu. Percebeu aquele tremor contido

Capítulo 106 — Não o correto, sim o necessárioNarrador:Aylin girava a xícara entre as mãos, em silêncio. A comida continuava servida, mas mal tinham provado um bocado desde que a conversa tocou no nome proibido.Roman não parava de observá-la. Ele sabia que ela estava pensando em algo mais, que estava ponderando em sua cabeça antes de dizer, que estava indecisa entre falar ou calar. Até que finalmente, sem tirar os olhos da borda da xícara, ela disse.—Posso dar minha opinião sobre Miranda?Roman piscou, surpreso. Endireitou-se um pouco na cadeira e olhou para ela com atenção.—Sim. Sobre tudo, sobre ela, sobre Sasha, sobre mim, sobre o que você quiser. A partir de agora você pode dar sua opinião sobre o que quiser. Não vou mais deixar você de fora. Chega de decisões por conta própria, chega de segredos. —Ele não hesitou. Pegou a mão dela sobre a mesa e a segurou com firmeza, como se fosse sua promessa.Aylin engoliu em seco. Levantou o olhar. Havia algo em seus olhos que o inquietav

Capítulo 108 — O Diabo me dá pazNarrador:A noite havia caído sobre a mansão Adler com um peso diferente. Lá fora, o silêncio se estendia como um sussurro, mas dentro do quarto principal... havia algo mais no ar. Uma calma expectante. Um suspiro contido. Uma pausa antes do incêndio.Aylin estava em pé junto à janela, envolta em um roupão de algodão claro que mal tocava seus quadris. Seu cabelo úmido ainda caía em mechas sobre as costas. Roman observava-a da cama, deitado com o torso nu e as calças baixas na cintura. Tinha um cotovelo apoiado na almofada e os olhos fixos nela, como se precisasse esculpi-la na memória.—Venha —disse ele, apenas um murmúrio rouco que rompeu o ar.Ela se virou lentamente, olhou para ele... e não disse nada. Caminhou em direção a ele sem pressa, sem fazer barulho, como se o chão se desfizesse sob seus pés. Quando chegou à cama, Roman estendeu a mão e desatou o nó frouxo do roupão, deixando-o deslizar até que a peça caísse no chão sem resistência.Ele olhou

Capítulo 110 — Miranda era Julieta e Julieta era encantadoraNarrador:A viagem até a mansão foi silenciosa. Miranda passou metade do trajeto olhando pela janela, como se reconhecesse cada árvore, cada curva do caminho. Como se nada tivesse mudado. Como se tudo tivesse mudado.Dominic dirigia com uma mão no volante e a outra apoiada no apoio de braço. Não havia música, ele não a cumprimentou ao entrar, não ofereceu conversa. E agora, enquanto o portão preto começava a se abrir à sua frente, ele falou pela primeira vez.—Sabe o que mais me incomoda em você, Miranda?Ela virou a cabeça lentamente, mantendo a compostura.—Já vai pegar seu caderno, imagino —respondeu com voz suave.Dominic sorriu, mas sem humor.—Não venha com ironias... —soltou um bufo —o que mais me incomoda é como você acredita nas suas próprias mentiras.Ela não se abalou.—Não vim discutir com você, Dominic.— Claro que não. Você veio para bancar a mãe arrependida. Para dar pena, para se fazer de vítima diante de uma