Maitê MoreliO restaurante do hotel era digno de uma capa de revista. Lustres de cristal pendiam do teto como joias, refletindo a luz dourada do sol que entrava pelas amplas janelas de vidro. Os talheres de prata reluziam sobre as toalhas de linho impecavelmente brancas. Cada detalhe exalava sofisticação, dos buquês de orquídeas brancas que enfeitavam o centro das mesas ao aroma sutil de ervas frescas que vinha da cozinha aberta ao fundo.Mas, por dentro, eu estava desmoronando.Quando esse almoço terminasse, eu teria que tomar uma das decisões mais difíceis da minha vida. Como deixar algo que se quer tanto? Como abrir mão de um amor que me preenche de maneira tão intensa?Por ora, respirei fundo e decidi viver aquele momento ao lado dele.Célia, a mãe da Léa, estava vislumbrada. Tentava bancar a elegante, como se pertencesse àquele universo, mas era inútil. Bastava um olhar mais atento e qualquer um veria que éramos um grupo de pobres bem-educados, mas ainda assim pobres. Já o senho

Hunter Knoefel Dessa vez, ela voltou mais entregue, menos retraída. Na maioria das viagens, Maitê colocava os fones de ouvido e usava o pacote interativo durante todo o voo, do embarque à aterrissagem. Mas agora, se aninhou ao meu corpo e dormiu tranquila, como se estivesse protegida. E, de fato, estava. Espero que ela tenha entendido isso: se for sincera comigo, se me contar a verdade, eu a protegerei até da minha mãe. A senhora Rosalie não é uma pessoa ruim, pelo menos, não pensa que seja. Ela acredita, de forma torta, que está cuidando dos filhos. É difícil compreender a maneira como Maitê entrou em nossas vidas, e mais difícil ainda aceitar que o cabeça por trás de tudo foi o seu primogênito. Mas eu a entendo. Durante o voo, fiquei acariciando os cabelos de Maitê enquanto ela dormia de lado, a cabeça repousando sobre o meu peito. Havia algo de especial em tê-la perto, talvez fosse o cheiro floral cítrico que ela exalava, ou simplesmente a paz que seu semblante transmitia. Ela e

Maitê MoreliEu estava atordoada, cercada por problemas, dominada por uma paixão que me consumia por dentro, e com a cabeça em frangalhos. Tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo, tantas emoções descontroladas, que não percebi... até ouvir da boca de Hunter:— Grávida! — exclamei, paralisada.— Isso te entristece... ou te alegra?— Isso me assusta — respondi, num sussurro sufocado.A conversa seguiria... mas alguém bateu à porta com força. Soava urgente. Hunter, que estava sentado à beira da cama, levantou no mesmo instante para atender.— Oi, Klaus.— A senhora Rosalie não deixou eu vir aqui falar com o senhor...— Falar o quê?— A senhora Rosalie teve um princípio de desmaio... Eu ia chamar o senhor, mas ela falou pra chamar o senhor Edward.— Onde está minha mãe?— O senhor Edward pegou ela no colo, colocou no carro e levou pro hospital. Disse que ela tava infartando. Antes disso, chamou a senhorita Krystal, que foi com ele.— Ok, Klaus. Obrigado pela informação. Devem ter ido pro

Maitê MoreliEra a quarta roupa que eu experimentava. Seria apenas um jantar entre amigos, mas meu comportamento denunciava outra coisa. Eu estava nervosa, ansiosa, como se fosse um encontro, um encontro com ele. O que era estranho, considerando que fui eu quem pediu o divórcio. E ele... finalmente aceitou.A verdade é que eu não queria me afastar dele. O problema é que também não consigo vislumbrar um futuro juntos. Quando a paixão e essa guerra velada entre nós se apagarem, o que restará? Que sentimento o Hunter terá por mim? E eu por ele?A resposta era uma só: dor. Muita dor. Por isso, o mais sensato seria dar um fim agora. Evitar um sofrimento maior depois.Mas, por mais que eu repetisse esse mantra em minha cabeça — “esse homem não é para mim” —, era impossível ignorar a euforia que tomava conta de mim ao pensar em sair ao seu lado. Era como se, apesar de tudo, meu corpo ainda o desejasse em silêncio, em cada suspiro, em cada batida do meu coração.Me encarei no espelho. O vesti

Maitê MoreliEu queria acreditar. Aliás, eu deveria acreditar. Hunter poderia ter me entregue à polícia, e agora estava ali, disposto a me deixar ir... sem consequências. Sair ileso. Livre. Aquilo não fazia sentido. Uma coisa era ele sentir ciúmes de Edward, o que, para mim, sempre pareceu mais uma disputa territorial entre irmãos do que um sinal de afeto por mim. Mas outra, completamente diferente, era demonstrar ciúmes de um desconhecido qualquer. Aquilo mexeu comigo.Depois daquela declaração inesperada, perdi o controle. Fiquei enlouquecida e tomei a iniciativa com a coragem que há tempos me faltava. Ele me queria tanto quanto eu o desejava. Hunter apertou o botão lateral e o banco do motorista deslizou todo para trás. Sem pensar duas vezes, saí do meu assento e me encaixei em seu colo, de frente para ele, com os olhos queimando nos dele.Agarrei sua nuca e tomei sua boca com a fome que me consumia há dias. Ele me devorou com a mesma intensidade. Suas mãos fortes exploravam meu co