Na mansão, Kate trabalhava em um vestido para Addy e um terninho para Lucien. Os dois estavam em pé para que ela pudesse tirar as medidas.—Mamãe, eu não gosto de vestidos, não dá para correr direito.—Vamos visitar a tia Ella, e haverá um jantar importante e elegante porque sua tia Moira vai lançar a nova coleção dela.—Vamos para Milão?—Isso mesmo. Você precisa parecer uma princesa, e Lucien um príncipe. Vocês são os sobrinhos da famosa Moira Ricci.—Vamos ver a tia Moira e a tia Ella, Lucien! Vai ser divertido!—Sim, a tia Ella preparou um quarto de brinquedos só para vocês dois.—Ebaaa! —Lucien e Addy bateram palmas de alegria.—Se for assim, então eu uso um vestido.—Addy, eu gosto quando você usa vestido, você parece uma princesa de verdade, ou uma daquelas fadinhas do seu quarto. —Addy sorriu.—Obrigada, Lucien.—Que cor você gostaria para o vestido, Addy?—Azul.—E você, Lucien? Que cor gostaria para o terno?—Azul, como o da Addy, para combinarmos.—Azul será, então.A porta

Ao chegar à mansão de Moira, todos perceberam que ela não estava brincando quando dizia que era grande: era três vezes maior que a de Bastien.Pintada de branco elegante, com estilo antigo, suas paredes estavam cobertas de heras verdes que lhe davam o ar de um castelo de conto de fadas. O chão era coberto de grama, com um largo caminho de pedras e fontes espalhadas ao redor. Árvores imensas cercavam a casa e, sob uma delas, havia uma cama elástica, um balanço e um escorregador. As portas eram enormes e denunciavam as inúmeras salas no interior.—Bem-vindos ao nosso lar.—Uau, tia Moira, tem uma cama de pular!—Isso mesmo, princesinha. Mandamos colocar especialmente para vocês.Entraram, e Moira começou a mostrar os quartos.Primeiro, o de Lucca e Ara. Apesar do estilo antigo da mansão, o quarto era totalmente moderno: um closet enorme, uma cama king size com dossel no centro, uma grande janela com sacada privativa para o jardim, televisão gigante, móveis cinzas que contrastavam com o

O dia amanheceu, e Kate estava envolvida nos braços de Bastien. Beijou o peito dele, acariciou suas costas e se aconchegou ainda mais. Bastien sorriu para ela.— Bom dia, princesa.— Bom dia, amor.— Dormiu bem?— Sim, embora não muito. Tenho um garanhão possessivo e ciumento como marido.— Faltou “faminto por você.”Kate sorriu, subiu sobre ele e o olhou com devoção. Passou o dedo pelo contorno do rosto dele e o polegar por seus lábios. Bastien beijou o dedo dela e sorriu.— Você é tão lindo, Bastien. Às vezes não entendo como tive tanta sorte.— Quem tem sorte sou eu, Kitty. Você é a única mulher que amei, e a tenho em meus braços. Apesar de tantas vezes terem tentado arrancá-la de mim, você sempre voltou.— Agora que me lembro de tudo, tenho certeza de que, mesmo que eu estivesse no fim do mundo, você me encontraria. Você é muito inteligente. Escrever aquela carta para Kitty foi um golpe de mestre.— Mas não foi ideia minha, foi do Lucca, de certa forma.— Vocês dois fazem uma boa

Ao voltar para a mesa, Lucien não disse uma palavra. Estava sentado no colo de Lucca, comendo petiscos em silêncio.Addy se sentou na frente e o olhou.— Me dá um? — Lucien empurrou o prato para ela sem nem olhar. Addy percebeu na hora: Lucien, que sempre sorria para ela e fazia tudo para agradá-la, agora estava calado e evitava seus olhos.— Lucien, quer brincar? — Lucien balançou a cabecinha em sinal de não e continuou comendo.Bastien e Lucca se entreolharam; o pequeno — ou melhor, Lucien — estava magoado.— Papai, podemos dar uma volta pelo salão?— Claro, campeão. Vamos.Lucca se levantou e saiu com Lucien, deixando Addy na mesa.— Papai, o Lucien está bravo. — Bastien suspirou.— Addy, vou te perguntar uma coisa. Se houvesse uma menininha bonita que quisesse brincar com o Lucien e você não quisesse, e ele te deixasse sozinha para brincar com ela, como você se sentiria?— Brava… Eu pegaria a mão dele e o arrastaria de volta.— Pois é. É isso que o Lucien está sentindo. Ele não te

Numa casa distante, o escritório estava em penumbra. Apenas a ténue luz de um abajur iluminava o rosto do homem que movia tudo desde as sombras. Seus dedos tamborilavam sobre a mesa de mármore até que a porta se abriu num clique.—Chefe —disse sua mão direita, um sujeito alto, de terno e rosto pétreo—. Encontramos algo. Ou melhor… alguém.Ele deixou uma pasta grossa sobre a mesa. O homem a pegou com curiosidade e abriu lentamente. A primeira coisa que viu foi uma fotografia: uma jovem de olhos intensos, cabelos escuros e expressão fria como gelo.—Quem é? —perguntou, com voz grave.—Eva. Eva Lacroix… a irmã biológica da Kate. Mesmo pai. Mesma mãe.O homem ergueu o olhar, cortante como uma navalha.—Continue.—Ela foi vendida pelo próprio pai a uma organização secreta. Ao que tudo indica, precisava do dinheiro para custear o tratamento da esposa, que estava morrendo… a mãe da Kate. Deram-lhe cinco anos a mais de vida em troca de uma filha. Uma filha criada como arma.Folheou outra pági