Kate acariciava o casaco que havia lhe dado tantos anos atrás. Bastien o havia guardado como um tesouro. A foto estava um pouco desbotada com o tempo. Mais embaixo, havia uma caixinha. Ela a abriu e encontrou fotos suas do ensino médio, com bilhetes escritos atrás... Minha Kitty no colégio... Minha Kitty recebendo o prêmio de melhor artista... Minha Kitty no primeiro dia de faculdade... Minha Kitty recebendo o prêmio de melhor aluna... E, então, uma foto com seu namorado a beijando. Virou a imagem e não havia nada escrito atrás.— Quanto tempo você passou me cuidando, Bastien? Por que nunca me falou? Por que guardou esse maldito segredo? — Kate deixou as fotos onde estavam e viu uma caixinha de veludo. Abriu e havia um colar com as letras K e B. Dois colares iguais: um sem pedras e o outro com cristais cor-de-rosa. Eram um par de colares para casais. Kate os observou com os olhos marejados, guardou tudo e desceu correndo as escadas, justo quando Lucca subia para buscá-la.— Senhorita!

Kate entrou correndo no quarto, seu coração batia como um cavalo desgovernado. Tocava os próprios lábios… a sensação da respiração de Bastien ainda estava ali.— Céus… —sussurrou Kate.Não posso… eu tenho um namorado, e eu amo meu namorado. Ele deve estar sentindo minha falta. Não posso abandoná-lo… muito menos pelo homem que me sequestrou. Mas esse homem… esse homem é Bastien. Meu primeiro amor. Aaaah!!! Isso é uma loucura!!! O que eu faço? O que eu faço? Eu… eu…Kate respirava rápido, tentando encontrar uma solução para o seu coração confuso. Fez o que sempre fazia quando precisava clarear a mente: entrou no chuveiro. Deixou a água cair sobre sua cabeça enquanto sua mente trabalhava mil por hora e seu coração batia tão forte que ela podia senti-lo na garganta.— Eu tenho um namorado. Ele me ama. Me provou ser o melhor namorado do mundo. Eu não posso fazer isso com ele. O que ele pensaria? “Ah, Sebastián, me perdoa, me apaixonei pelo meu sequestrador que me violentou e tirou minha vi

—Bastien…—Mmm?—Está doendo?—O quê?—O que mais seria? O pé —respondeu Kate com sarcasmo—. O ferimento.—Adoro seu sarcasmo —sorriu Bastien—. Não, não dói tanto. É mais um incômodo.Bastien se deitou e olhou para o teto do quarto, assim como Kate. Os dois estavam juntos na cama, encarando o teto, e Bastien sorriu.—O que foi tão engraçado?—Lembra quando você bateu no Richard? Você o socou porque ele me empurrou.—Hahaha, ele era um idiota. Queria roubar os biscoitos que te dei pra levar pra casa. Gordo nojento, eu odiava ele.—Sim… naquele dia eu me apaixonei perdidamente por você. Você parecia uma fera entre socos e puxões de cabelo. O coitado não teve chance.—Naquela época, você era pequeno e magro. Eu era mais forte que você.—As coisas mudaram. Agora eu sou mais forte. Posso te colocar no ombro e te dar palmadas.—Ha! Que engraçadinho.—Tenho que admitir que adorei fazer aquilo. Você é tão rebelde, sempre foi assim. Lembro quando seu pai dizia pra você não me convidar mais por

Saiu do quarto de Bastien e foi para o seu. Procurou um pijama — fazia muito calor para usar um comprido — então colocou um short e uma camiseta. Fez seu tratamento noturno e voltou ao quarto. Bastien lia alguns papéis quando a viu entrar. Kate se deitou na cama e Bastien deixou tudo de lado para olhá-la.— Amanhã vamos sair ao meio-dia, tente descansar — Bastien beijou sua testa e se acomodou, enquanto Kate fazia o mesmo. Apagaram as luzes e Kate adormeceu.No meio da noite, alguns sons a despertaram. Acendeu o abajur e percebeu que Bastien estava tendo um pesadelo. Suava e franzia o cenho.— Kate, Kate, corre… não, não, não machuque ela… Kate, corre, por favor, não…— Bastien, Bastien, acorda — Kate dava tapinhas em seu rosto. Bastien abriu os olhos assustado, olhou para Kate e a abraçou com força. Kate caiu sobre o peito dele.— Fica assim um momento, por favor — Kate viu sua angústia e o abraçou.— Calma, estou bem. Não vou a lugar nenhum. Respira… — Bastien inalava seu perfume te

O carro parou, e Kate desceu de mãos dadas com Bastien. Caminharam por uma feira de artesanato à beira-mar. Tudo o que Kate olhava, Bastien comprava, e Lucca carregava. Um objeto chamou sua atenção: um chaveiro pequeno feito de coral, com duas metades — uma preta e uma branca — que se uniam para formar um só.— Olha, Bastien, que lindo — disse ela.Bastien não hesitou e o comprou. Colocou imediatamente nas chaves do carro e entregou a metade branca para Kate.— Suponho que o preto sou eu, certo?— Bastien, não quero que se veja assim. Você não é um monstro.— E também não sou desprezível?— Bastien...Ele a abraçou, beijou sua testa e mergulhou no pescoço dela, inalando seu aroma.— Já não sou desprezível para você?— Não, já não. Bastien, por favor, não pense nisso.— Tudo bem.Seguiram de mãos dadas pela feira até que, sem querer, esbarraram numa mulher.— Desculpa, eu estava distraída olhando as coisas.— Não se preocupe, eu tenho dois pés esquerdos — respondeu Bastien com um sorri