Capítulo 22 – Três Corações e Um DestinoO silêncio após a batalha era denso como neblina.Ana observava as brasas do fogo crepitando. O campo de batalha ainda ardia em sua memória, mas agora era outro tipo de conflito que queimava dentro dela.Riven dormia, curado, mas exausto. Suas asas estavam recolhidas, as escamas escuras encolhidas em um brilho opaco. Kael estava afastado, sentado sob uma árvore, o olhar perdido nas estrelas.Ela se sentou ao lado dele.— Não vai dizer nada?Kael não a olhou. A voz dele saiu baixa, quase um sussurro:— Ele quase morreu por você.Ana suspirou.— Eu também quase morri por você, Kael. Muitas vezes.Silêncio.— Mas você o escolheu — ele disse, enfim. — Mesmo depois de saber que ele foi enviado para matá-la.Ela olhou para o céu, os olhos prateados refletindo a lua.— Eu escolhi quem me salvou quando ninguém mais acreditava em mim. Quem viu o que eu era antes de eu mesma entender.— Isso não significa que o que sinto por você desapareceu.Kael a enca

Capítulo 24 – Sangue LunarO céu amanheceu tingido de vermelho.Não era o nascer do sol.Era um presságio.Kael sentiu primeiro — um calafrio que percorreu sua espinha, algo primal, como se a própria terra estivesse sussurrando.Riven, silencioso, apenas observava Ana. Seus olhos — prateados como a lua — brilhavam mais intensamente desde a noite anterior. Algo havia mudado nela. Algo profundo.— O que aconteceu quando você tocou o Reflexo? — Kael perguntou.— Ela falou da minha filha — respondeu Ana, a voz firme. — Como se a conhecesse.— Como se… ela já existisse em outro tempo.Riven se aproximou, os olhos cravados nela.— Porque talvez exista. Ou existiu.Ana franziu o cenho.— Está dizendo que ela... viajou no tempo?— Não exatamente. Mas se você for quem eu suspeito... então ela é parte de algo muito mais antigo do que esse mundo.---Eles partiram em direção às Ruínas de Lirien, um local proibido e esquecido, onde outrora existiram as Fadas Sagradas — criaturas puras, guardiãs d

---Capítulo 26 – A Mãe PerdidaA noite caiu sobre as Ruínas de Lirien.As últimas brasas da batalha exalavam uma fumaça espessa que parecia feita de magia antiga. Ana, exausta, mas viva, olhava para Kael e Riven sob a luz pálida da lua — tão feridos e tão intensos que não podia distinguir a linha tênue entre amor e desespero.Seus dedos roçaram a mandíbula de Riven, marcado por cortes profundos.Ele abriu os olhos dourados, exauridos mas vivos, e sorriu com aquele jeito tão dele, tão cheio de perigo e luxúria.— Não vai me perder tão fácil, Ana — sussurrou, e a puxou contra seu peito ferido.Kael, ajoelhado ao lado dela, não disse nada. Não precisava. O lobo não escondia o desejo no olhar, tão direto e tão quente que parecia que poderia derretê-la por inteiro. Não era apenas a batalha contra o Conselho que pulsava no ar. Era a batalha interna de cada coração marcado pela fome e pela posse.— Não temos tempo para isso — murmurou Ana, mas a respiração dela era ofegante.Riven sorriu e,

Capítulo 28 – O Altar dos Três SanguesA noite caiu sob um manto de trevas tão espessas que parecia sufocar as últimas estrelas. Os três avançaram por uma trilha esquecida, conduzidos não por mapa, mas pela magia antiga que pulsava no ventre de Ana. A criança — tão pequena e tão poderosa — parecia guiar cada passo, cada batida de coração.A clareira onde chegaram não era simples terra batida.Era um altar esquecido.Um altar marcado por pedras tão antigas que não carregavam inscrições, mas cicatrizes.Kael, Riven e Ana se colocaram no centro, sob o olhar atento de uma lua escarlate.A magia vibrava no ar, tão viva e tão densa que parecia pedir para ser libertada.— O Altar dos Três Sangues — sussurrou Riven, a voz rouca carregada de reverência e medo. — O lugar onde todas as forças antigas se tornam uma.Kael olhou para Ana. Os olhos dourados não vacilavam.— O que quer que venha depois, estamos com você. Os três.Ana estendeu as mãos, uma para cada lado. Kael agarrou uma, Riven a out

Capítulo 30 – O Alvorecer de Sangue e LuaA noite parecia não pertencer mais ao reino dos vivos.A Rainha do Eclipse, uma criatura tão antiga e tão poderosa que a própria magia temia pronunciar seu nome, pairava acima do campo de batalha. Sua presença exalava morte e desespero, envolvendo o ar em uma camada viscosa de sombras.Riven lançou-se contra ela primeiro, suas asas de dragão rasgando o céu vermelho, enquanto Kael rugia, uma besta antiga, tão cheia de fúria e determinação que parecia feita para destruir todas as coisas.E Ana?Ela não era mais apenas a humana perdida ou a híbrida marcada por profecias esquecidas. Não era mais uma simples mulher arrastada para uma batalha antiga.Era o Coração. O Coração de Sangue e Lua.A Espada que Chora brilhou tão intensamente que parecia uma lua viva, refletida no aço marcado por milênios de batalha. A criança dentro dela não era só uma esperança — era uma âncora, uma fonte de magia tão antiga que todas as forças do mundo poderiam dobrar-se