Narrado por GregórioO silêncio da sala era respeitoso. Mas não confortável.A mesa longa de carvalho estava cheia, os conselheiros sentados como se esperassem uma sentença. Todos homens de terno, gravatas escuras, expressões carregadas. Eles me viam como o mais jovem da mesa — mas também o mais temido.E agora, o mais vitorioso.Cruzei os braços, em pé à cabeceira, observando cada um antes de abrir a boca. Fiz questão de manter minha voz firme, pausada, como quem saboreia o poder.— Obrigado por atenderem ao meu chamado com tanta rapidez.Massimo, um dos mais velhos, pigarreou:Massimo: — Quando um Hackman chama, a gente escuta. Ainda mais quando o chamado vem depois de uma festa de casamento polêmica.Dei um meio sorriso. Sabia que estavam comentando o show de Scarlett sendo apagada. Ainda estavam digerindo o soco que dei em Brian no meio do salão, e a forma como eu e Ava saímos dali como os verdadeiros reis da noite.Mas agora, era hora de outro tipo de golpe.— Eu tenho um comunic

Narrado por ScarlettBrian entrou no quarto com o notebook debaixo do braço e um brilho estranho nos olhos. Daquele tipo que aparece quando ele descobre alguma sujeira nova pra se aproveitar. Ele largou o notebook na cama com força e se virou pra mim, ainda com a camisa aberta e o cabelo bagunçado da noite mal dormida.Brian: "A gente tem um problema."Eu: "Você sempre fala isso quando na verdade é uma vantagem disfarçada. Fala logo."Ele girou o notebook pra mim, e na tela, uma foto nítida, tirada em um restaurante de luxo em Manhattan. Marcelo De Capri, impecável como sempre, vestindo um terno cinza-chumbo, sentado à mesa com uma mulher deslumbrante. Loira, pele clara, olhos de um azul profundo. Usava um vestido branco pérola, fino como seda, e um anel de noivado que parecia ter sido arrancado direto da coroa da rainha da Inglaterra.Brian: "O nome dela é Anastasia Volkov. Russa. Filha de um dos aliados comerciais dele no leste europeu. Estão noivos há dois meses. Discretamente, com

Narrado por ScarlettCheguei em casa pisando fundo. Meus saltos ecoavam no mármore da mansão como estalos de raiva, e tudo em mim gritava frustração. A porta bateu atrás de mim e eu larguei a bolsa com força no sofá da sala.Brian apareceu no corredor com um copo de uísque na mão e aquele olhar irônico que me tirava do sério.Brian: "Pelo visto, a manicure não foi boa hoje."Scarlett: "A manicure foi ótima. O problema foi a princesa russa que acha que pode pisar em todo mundo."Ele se sentou, cruzando as pernas com calma.Brian: "Anastasia Volkov?"Scarlett: "Ela mesma."Me joguei na poltrona como quem carrega o peso do mundo. Soltei os cabelos e suspirei fundo.Scarlett: "Você tinha razão. Ela é difícil. Fria. Aquela mulher é feita de pedra. Não dá abertura, não reage a elogio, não se emociona, não demonstra nada."Brian: "Então ela é exatamente o tipo que o De Capri gosta."Scarlett: "Exato. Frieza combina com frieza. E isso é o pior. Ela não vai cair na conversa fácil. Não vai faze

Narrado por AnastasiaO silêncio no carro não era comum. Marcelo sempre falava algo um comentário sobre o evento, uma crítica sobre a comida, uma ironia sobre algum figurão. Mas naquela noite... ele estava quieto.E isso me irritava.Mantive os olhos fixos na janela do carro enquanto os prédios de Manhattan passavam por nós como vultos. Minha mão descansava sobre a coxa dele, como sempre. Mas ele não reagia. Nem sequer um movimento sutil. O olhar dele permanecia perdido, longe de mim.Ela tinha chamado atenção dele.E o pior... é que eu sentia isso desde o primeiro instante.Scarlett.Eu não sabia o nome dela na hora. Mas guardei o vestido, o sorriso, o perfume. A presença. Era impossível não notar. Ela não era só bonita havia algo nela que gritava perigo. Que acendia todos os meus alarmes internos.Ela não era qualquer uma.Ela sabia exatamente o que estava fazendo.E estava mirando direto em Marcelo.Assim que entramos no nosso apartamento, me livrei dos saltos com força demais, la

Marcelo de CapriEu me chamo Marcelo. Tenho 32 anos e sou o Don da minha máfia.Estou noivo de Anastácia. Nosso noivado começou como uma aliança política, mas eu confesso: não tem parceira melhor pra mim do que ela. Anastácia é interessante, intrigante e, principalmente, perigosa. E eu amo a nossa parceria. Posso dizer, sem vergonha alguma, que sou apaixonado pela minha noiva e quero me casar com ela. O que era pra ser apenas uma aliança de poder se transformou em sentimento. Me deixou completamente caído pela mulher que, em breve, será minha esposa.Eu adorei ver ela com ciúmes da tal Scarlett naquele evento beneficente. Isso deixa tudo muito mais interessante. Não é como se eu fosse trocar minha mulher por outra — isso nunca vai acontecer. Mas é bom saber que ela está comigo por amor. Por paixão. E não só por causa de uma aliança imposta pelo conselho. Eu não sei o que aquela mulher quer comigo, mas eu não sou nenhum idiota. Se Scarlett acha que vai brincar comigo… está muito ferrad