A voz de Dona Dorinha era um misto de surpresa e puro horror. "Magnólia? Meu Deus! Liam!"Magnólia, com um sorriso de triunfo quase imperceptível, abriu os olhos lentamente, virando-se para me encarar. Seu olhar era um misto de satisfação e vitória. Ela sabia. A vadia sabia. Aquela porta destrancada... ela não havia trancado-a para me prender ao prazer, mas para me dar uma "noite de prazer" e, depois, me deixar exposto. Uma chantagem ainda maior.Minha virtuosa sogra entrou no quarto. Seus olhos, antes tão acolhedores, agora carregavam uma mistura de choque e uma fúria contida. "Magnólia, você não tem vergonha na cara?" Ela respirou fundo, e a atitude que se seguiu me admirou. Com uma calma surpreendente, ela falou: "Vou até a cozinha preparar o café da Margarida. Vistam-se. Quando eu voltar, teremos uma conversa."Quinze minutos depois, ela retornou. O lençol estava embolado no chão, manchado de sangue, uma prova inegável. Mag olhava para os próprios pés, disfarçando um riso contido,

A Ascensão da Black Corporation INC. (1987 - 1993) – Liam BlackA vida em Itajaí seguiu um ritmo diferente. Para mim, era a transição de um jogador em campo para o estrategista no banco, aprendendo cada nuance do jogo empresarial. Enquanto Magnólia mergulhava nos livros da Faculdade de Letras, eu finalizava meu terceiro semestre de Economia, transformando os ensinamentos da universidade em ferramentas para o meu próprio império. As viagens para os Estados Unidos se tornaram mais frequentes, não apenas para consolidar a "Black Exportadora & Importadora" no mercado de café, mas para expandir meu leque de contatos e entender as engrenagens de um mercado global.Em 1989, com meu diploma em mãos, a empresa já era uma força a ser reconhecida. Eu não me contentava em ser apenas mais um elo na cadeia; eu queria ser a própria cadeia. Minha grande jogada veio ao amarrar um contrato robusto com a Associação de Agricultores. Não apenas passamos a escoar a produção de commodities em geral, mas me

Alexandra mal conseguia respirar. A humilhação pública, as palavras venenosas de Sebastian, os olhares condescendentes – tudo se transformava em um nó apertado em seu estômago. Ela não pensou, apenas agiu. Correu, as pernas a impulsionando para fora daquele inferno de luxo. A voz de Sean chamando-a era um sussurro distante, abafado pela batida acelerada do seu próprio coração. No primeiro táxi que conseguiu parar, jogou-se no banco, a ordem para o motorista saindo entre dentes: "Hotel. O mais rápido possível."A raiva borbulhava em suas veias, um fogo que queimava cada célula. As palavras de Sebastian ecoavam em sua mente, repetindo-se como um mantra maldito: "Ei, Liam e Magnólia, venham tomar um drink conosco! Estou com uma dúvida! Alexandra Jones é uma especialista em Comex? Secretária de luxo ou artigo antiestresse do Sean disfarçada de namorada secreta?"Cada palavra era uma facada. E então, veio a imagem de Eleonora, a mulher que Sean tinha chamado de "Leo", a que ele não sabia s

Alexandra JonesO calor do corpo de Sean atrás de mim era uma tortura suave, um lembrete constante do que eu queria negar. Cada centímetro da minha pele parecia vibrar em resposta à sua proximidade, uma traição silenciosa à muralha de raiva que eu tentava erguer. Aquele cheiro dele, tão familiar e viciante, invadia meus sentidos, minando minhas defesas.A mão dele deslizou lentamente pela minha cintura, firmando-se em meu quadril, puxando-me ainda mais perto até que roçasse contra seu membro rígido. Um arrepio percorreu meu corpo, involuntário, e eu cerrei os dentes, odiando a forma como ele tinha esse poder sobre mim. O amor é o fermento para a raiva, não é mesmo?O silêncio era ensurdecedor, carregado de tudo o que não havíamos dito. A humilhação no baile, a imagem de Eleonora, a minha própria raiva e confusão... tudo pairava entre nós como um espectro. Mas, por baixo de tudo, pulsava um desejo teimoso, uma necessidade física que ignorava a razão e a mágoa.De repente, a mão dele se

Após o café da manhã carregado de tensões e farpas, cada um seguiu para seu quarto, intrigado com a fuga repentina de Alexandra. Ambos concordaram que não era muito da personalidade dela simplesmente sumir.No silêncio de seu quarto, Bruno Vargas sentou-se na cama, a mente em ebulição. A postura de Sean no café, a preocupação real em seus olhos, acendeu um alerta. E o bilhete de Alex... "São José dos Campos". Além da família dela, da qual pouco se sabia, o que mais haveria naquela cidade que a faria fugir de Sean daquele jeito?Ele puxou do fundo de sua memória alguns detalhes. Meses atrás, ao revisar o contrato de prestação de serviços de Alexandra e seus documentos pessoais – algo rotineiro depois do incidente com Samantha –, Bruno notara um detalhe peculiar: Alexandra não possuía o nome do pai em seus documentos, apenas o da mãe. E ele sabia que ela era natural de São Paulo, de São José dos Campos. Havia uma peça faltando, um elo que não se encaixava.Abriu o notebook e fez uma bre