— É ela! Meus instintos dizem que é ela! — exclamei, com o coração acelerado e os olhos brilhando de uma certeza que não dava para explicar.— Ana, você tem certeza? — Sebastian me lançou um olhar de dúvida. — Ela é tão...— Tão o quê, Sebastian? — cruzei os braços, arqueando as sobrancelhas num tom desafiador.Ele hesitou por um segundo, coçando a nuca como sempre fazia quando estava sem saída.— Tão... parecida com você — respondeu, com uma expressão confusa, quase desconfiada. — Amor, tem certeza que você não teve uma irmã gêmea perdida na maternidade?

ANOS DEPOIS...A noite fervilhava na boate Sister. O som pulsava em ondas que atravessavam o corpo, fazendo o chão vibrar. As luzes de LED dançavam junto com a multidão, em flashes coloridos que davam vida ao ambiente abafado e denso de perfume, suor e promessas.No lado sul da boate, encostada no balcão de vidro iluminado, uma jovem de cabelos castanhos ondulados, olhos cinzas intensos e batom vermelho carmim virava um shot de tequila com sal e limão. Ela era linda, autoconfiante e tinha o sorriso de quem sabia do poder que carregava. Angel sorriu para o rapaz ao seu lado, piscou de forma brincalhona e desapareceu entre os corpos na pista de dança, movendo-se com leveza e graça. Seus olhos percorriam o local em busca de uma silhueta familiar: Lauren, sua irmã mais velha, que devia estar por ali em algum canto.Enquanto isso, no lado norte do mesmo prédio, um mundo completamente diferente acontecia.Ali, em um corredor sujo e com paredes de concreto descascado, outra jovem de cabelos c

EllieO homem e a mulher diante de mim pareciam fantasmas do meu passado. Eu nunca os tinha visto antes — ao menos não conscientemente — mas algo dentro de mim gritava que aquilo ali não era apenas coincidência. Que havia laços invisíveis me puxando para eles.Olhei para a mulher com mais atenção. Seu rosto, apesar das marcas do tempo, era suave. Os olhos, marejados, cansados. O nariz delicado. A forma como os lábios tremiam… E o homem… aquele olhar. Aquela confusão misturada com dor… Eu já tinha visto aquilo antes. No espelho. A maneira como ele me olhava, tentando me decifrar… Era o mesmo olhar que eu via nos olhos de um pai quando olhava uma filha que ele pensav

LaurenA mansão estava silenciosa. Um silêncio estranho, quase sagrado. Daqueles que não se ouve nem o tic-tac de um relógio porque até o tempo parece respeitar o que acabou de acontecer.Meus passos ecoavam suavemente pelo corredor de mármore. Caminhei até o andar de cima, me encostando no corrimão, observando a sala abaixo, onde tudo tinha acontecido horas atrás. A lareira ainda queimava fraca, como se fosse o último sopro de algo que estava prestes a apagar.Na ala leste da casa, a porta do escritório de meu pai estava fechada. Do outro lado, eu sabia que estavam ele, Thomas e Charlie. Os três homens da casa, juntos, como sempre ficavam quando algo abalava nossa estrutura. Eu conseguia imaginar a cena: meu pai afundado na poltrona de couro, o rosto entre as mãos, o olhar perdido. E, no centro da mesinha de madeira maciça, um litro de whisky caro, aberto, quase vazio. Aquela garrafa só era tocada em noites como esta.Meu pai... o homem mais forte que já conheci. Um campeão. Um ídolo