Capítulo 45 – Entre Fantasmas e Promessas Já era noite quando Rudbeckia deixou os aposentos e seguiu em direção ao salão principal. Alastair havia requisitado sua presença para o jantar, como se o dia não tivesse sido suficientemente longo, como se a simples ideia de encará-lo outra vez — depois de tudo — não fosse profundamente desconfortável. Estava constrangida, sem saber onde esconder os pensamentos que teimavam em surgir toda vez que lembrava do corpo dele sobre o seu. Ainda assim, não recusou. Não tinha muita escolha, e se negar só daria a ele mais motivos para provocá-la. Então respirou fundo, ergueu a cabeça como pôde e foi. O salão de jantar estava silencioso, exceto pelo leve crepitar das chamas nos candelabros. A luz amarelada iluminava a longa mesa de madeira escura, destacando os detalhes entalhados nas bordas e refletindo nas taças de cristal já posicionadas. Rudbeckia entrou por uma das portas laterais, os passos controlados, a postura er

Capítulo 47 – A Partida para LisvardA manhã seguinte começou antes mesmo do sol alcançar todo o pátio interno da fortaleza. O lugar estava tomado por movimento e barulho contido — criados carregando baús, soldados alinhados em prontidão, cavalos sendo selados. A luz ainda fraca refletia nos metais das armaduras e nos arreios escuros, enquanto o som constante de passos, ordens e rodas girando preenchia o ar.Rudbeckia estava no centro disso tudo, os olhos atentos em cada detalhe. Andava de um lado ao outro, conferindo amarras, observando cargas, perguntando sobre rotas e provisões. Evitava se demorar em qualquer pensamento que não fosse prático. Tudo precisava estar pronto antes do meio da manhã. Qualquer atraso era uma chance a mais de duvidar da própria decisão — e ela não podia se dar esse luxo.Laurits fazia anotações num livro de couro, verificando provisões e os soldados que iriam junto. Melissa observava de longe, nervosa, os dedos entrelaçados cont

Capítulo 49 – Banho de Mentiras e VerdadesA chegada a Lisvard aconteceu no fim da tarde, quando o céu já assumia tons alaranjados e o ar começava a esfriar. As ruas de pedra estavam movimentadas, mas sem o caos das grandes capitais — havia viajantes, comerciantes, locais circulando com sacolas, algumas carroças e carroças puxadas por bois. Nada de luxos visíveis, mas o suficiente para justificar a movimentação de forasteiros. A carruagem parou diante de uma estalagem de fachada antiga, discreta, mas bem cuidada. O letreiro de madeira pendia acima da porta dupla, balançando levemente com o vento.Rudbeckia foi a primeira a descer. Vestia roupas simples, um manto grosso cobrindo o corpo, o capuz levantado para esconder os traços que, por onde passasse, sempre chamavam atenção. Afinal, por mais que tentassem agir com discrição, era sabido em todo o Norte sobre a união entre a “Sanguinária de Silinte” e o “Monstro de Varmond”. Em qualquer hospedaria nobre, seriam reco