NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...Andrea se afastou para fazer aquela ligação. Fiquei sozinha com meu pai na sala de jantar, ele observou meu prato e sorriu erguendo as sobrancelhas. - Parece que não tocou em seu prato, se quiser pedir outra coisa...- Não! - Forcei um sorriso, peguei pouco do purê e abocanhei. Sorri ao mastigar, nossa, odeio comer enquanto alguém me encara, ele nem mesmo desvia seus olhos, não pisca, simplesmente olha muito...- Está bom? - Ele perguntou apreensivo. - Uhum... - Balancei a cabeça. - Você tem uma avó. Ela vai amar saber que sempre teve uma neta, era o sonho dela... Pensei que minha mãe iria morrer sem realizar o sonho. - Olhei para ele interessada naquela conversa. - Me falaram que... Sua família seria capaz de me fazer algum mäl. - Meu pai diminuiu o sorriso. - Quem disse isso? A vagabundä da Emma?! Só pode ser ela... - Meu pai riu em negação, relaxou seu corpo na cadeira. Apertou seus olhos irritado. - Ninguém iria tocar em minha única filha. Eu sinto

NARRAÇÃO DE PETRINA...O instinto de mãe falou mais alto. Por mais que Andrea tenha conversado comigo, dizendo que ela esteja bem. Ainda assim o instinto falou mais alto. Miguel afirmou que só à encontraria em Portugal, eu não pensei duas vezes.Aproveitei que minha mãe não estava no País, ordenei que os seguranças fossem discretos à respeito do sumiço da Lara. Tenho pouco tempo, pois certamente minha mãe voltará logo. Se ela descobrir que falei com Miguel, e que ele descobriu a existência da nossa filha. Teremos um enorme problema. Minha irmã Laura ajudou-me, ela sempre odiou a forma como minha mãe me tratava, sempre odiou que ela estivesse no controle de tudo. Como eu não tinha escolha, o que me restou foi viver na palma da mão da minha mãe, meu único desejo era que Lara estivesse segura. Por isso aguentei tudo muito bem calada, suportava tudo pela minha filha. E agora que tudo foi descoberto, Lara está com Miguel, e antes disso havia sido ameaçada, fora a situação do Matias. Parec

NARRAÇÃO DE PETRINA...O que o instinto materno não faz? Nem mesmo em outra vida acreditaria que iria encontrar com o pai dela. Mas seu ultimato foi único só. "Quer vê-la novamente, então venha até à mim"Todo medo, toda insegurança evaporou no mesmo segundo, eu quero minha filha! Mesmo que isso possa acarretar problemas em minha vida. Pois minha vida é viver para minha ela. Eu não iria virar as costas em hipótese alguma. Dentro do avião, seguindo para o país que tanto senti receio, me restauram apenas lembranças, e imaginações do que poderia me esperar... Meu celular tocou por diversas vezes, não atendi ciente que minha mãe estava do outro lado do telefone, apenas querendo saber como as coisas estavam indo enquanto ela estava longe. Por um momento adormeci.Sonhei com Lara, ela estava sorridente ao me receber no orfanato, suas roupas estavam sujas pela chuva e lama, ela sorria mesmo totalmente molhada e trêmula. Aproximei querendo lhe aquecer, mas ela me afastou e perguntou como

NARRAÇÃO DE LARA GASPAR...Jesus… só pode ser Jesus agindo na minha vida, depois de tantos anos de puro sofrimento.Pela primeira vez, pude ver meu pai e minha mãe juntos. Eles saíram do carro ao mesmo tempo. Mas, antes de chegar a esse ponto, preciso voltar algumas horas e contar como tudo aconteceu.Meu coração estava aquecido como nunca. Meu pai me recebeu com carinho, sem duvidar de mim. Pelo contrário, ele soube me dar um pouco daquele amor que eu sonhei por tantos anos...Ele também não teve dificuldades para aceitar Matias como seu genro. Confesso que até cogitei a ideia de convencer o Matias a nos mudarmos para Portugal. Afinal, aqui temos paz.Entretanto, eu jamais conseguiria virar as costas para a minha mãe. Por mais que ela viva com Dona Emma, eu simplesmente não tenho coragem de abandoná-la. Eu a amo demais.Senti um frio na barriga quando meu pai avisou que teria uma conversa particular com Matias. Fiquei insegura… afinal, conheço meu pai há pouquíssimas horas.Mas, no f

NARRAÇÃO DE PETRINA...Vida... Foi exatamente isso que senti ao ver minha filha segura e a salvo. O mundo ao redor desapareceu. Havia apenas ela... a minha menina. Abracei-a com a força de quem reencontra o ar depois de longos minutos submersa. Naquele instante, nada mais importava. Eu podia deixar as cobranças para depois — as brigas, as acusações, até mesmo a raiva de Andrea e Matias. Tudo podia esperar. O que eu queria... era simplesmente tê-la nos meus braços. Era um sentimento tão puro que, por um breve momento, enxerguei-a como uma criança novamente. A minha criança.Após me acalmar em seu abraço, a soltei delicadamente, examinando seu rosto, seus braços. Eu precisava ver com meus próprios olhos que ela estava intacta.— Lara está bem. Venha, quero conversar com você no meu escritório — disse Miguel, ao passar por mim.Segui com os olhos aquele homem entrando na casa. Seu corpo... tão másculo, tão firme... aquelas costas largas, aquele caminhar seguro. Miguel estava ainda mais f