Caminho pelos corredores do colégio sentindo os olhares grudados em mim, como se eu fosse a última novidade do dia. Dá até um arrepio. A garota que costumava ser basicamente invisível agora é líder de torcida e, pra melhorar a novela, namorada do melhor jogador de basquete da escola. Parece que todo mundo resolveu lembrar que eu existo. O ar fica pesado, tipo quando alguém te cutuca com o cotovelo e você nem sabe o porquê. As pessoas falam baixinho, cochichando, e eu juro que escuto meu nome aqui e ali. Espero que não seja nada grave, tipo "escândalo do ano", mas vai saber, né?Vários alunos passam por mim com sorrisos e "ois" que não faziam parte da minha rotina até... sei lá, semana passada? Retribuo com um "oi" meio tímido, porque, vamos combinar, ainda estou estranhando ser notada. Minha testa se franze, tipo "por que essa galera toda tá me cumprimentando agora?" Eu me sinto uma mistura de estrela de cinema e alvo de fofoca.Finalmente chego no meu armário, alívio puro depois de t

As pessoas continuam vindo até mim, como se eu tivesse virado uma celebridade do nada. Um "oi" aqui, um elogio bobo sobre o meu cabelo ali. Até meu tênis, que uso todo santo dia, virou assunto. E o uniforme de líder de torcida? Sério? Esse uniforme existe há anos, mas hoje, aparentemente, tá causando um alvoroço. Que loucura é essa?Enquanto eu brinco com o brócolis no prato, espetando ele com o garfo como se fosse meu maior problema no momento, percebo alguém se sentando ao meu lado. Levanto os olhos e, claro, é o John. Ele pousa a bandeja na mesa com aquele jeito despreocupado, como se tudo estivesse normal e o mundo não estivesse desmoronando ao meu redor.— Oi! Adorei saber que você vai ser a rainha! — John diz, com aquele sorriso que sempre me faz derreter. — Sabe que vou votar em você, né? Temos a chance de ser rei e rainha juntos, já que sou o mais popular.Eu pisco algumas vezes, tentando assimilar o que ele disse. Sério? Ele tá feliz com essa futilidade toda de rei e rainha d

Querido diário, hoje foi um desastre total. Tipo, nível apocalipse escolar! E o pior de tudo? Foi tudo culpa da Taty. Sim, ela teve a brilhante ideia de me inscrever pra ser rainha do baile. Como assim?! Eu jamais faria isso voluntariamente, você me conhece! Eu prefiro ficar na minha, de boa, com um pote de sorvete vendo série. Mas a Taty, sendo a pessoa mais "empolgada com a vida" que eu conheço, achou que seria "engraçado". Pois bem, não foi.E, como se o universo já não tivesse me castigando o suficiente, a Lia — sim, aquela Lia — decidiu que era a hora perfeita pra declarar guerra contra mim. Eu pensei que fosse só aquela rivalidade boba, tipo "tô de olho em você", mas não. Mas ela colou um cartaz enorme grudado no meu armário. E não era qualquer cartaz... era minha foto, com uma chuva de ofensas do tipo que só a Lia inventaria. Quem faz isso? Eu me senti numa daquelas séries de TV, onde o drama nunca acaba, e eu, claro, sou a protagonista azarada.Agora, todo mundo na escola está

Quando ele finalmente sai do meu quarto, sei que seu próximo destino é o quarto do Lucca, que fica logo ao lado do meu. Não consigo evitar — a curiosidade me consome. Eu me levanto devagar, tentando não fazer barulho, e nas pontas dos pés descalços, caminho silenciosamente até a porta do quarto de Lucca. A porta está fechada, mas eu encosto o rosto nela, pressionando meu ouvido contra a madeira, tentando captar o que eles estão dizendo.A voz do meu pai é a primeira que ouço, baixa, mas cheia de culpa.— Ela me contou o que aconteceu. Desculpa por explodir daquele jeito, eu... — ele começa, a voz dele embargada, como se estivesse realmente arrependido.Sinto meu coração apertar ao ouvir isso. Meu pai raramente perde o controle, e vê-lo se desculpando daquele jeito é estranho, mas ao mesmo tempo reconfortante. Ele está tentando entender, e isso significa muito para mim.Minha mente corre em mil direções, tentando imaginar o que eles vão dizer a seguir. Embora eu sinta o coração dispara

Infelizmente, o dia de folga acabou, e já é hora de voltar ao colégio. Se dependesse de mim, esse "um" dia teria durado uma semana inteira, porque, sinceramente, sinto que não estou nem perto de pronta para encarar tudo de novo. Mas, como não tenho muita escolha, coloco minha mochila nos ombros e caminho até onde os outros alunos estão, esperando o ônibus escolar.O ônibus encosta, e sigo até o meu lugar de sempre, perto da janela. Enquanto vejo as casas passando do lado de fora, com a cabeça encostada no vidro, meu celular vibra. Olho a tela e vejo que é uma mensagem de Lucca.Por um segundo, meu coração dá um pulo. Respiro fundo e desbloqueio o telefone para ler o que ele escreveu."Ei, como você está? Tenta não se preocupar com o que vão falar hoje. Qualquer coisa, me chama."É simples, mas ao mesmo tempo, me traz um conforto inesperado. Saber que ele está do meu lado, de algum jeito, faz o peso nas minhas costas diminuir um pouco. Respondo rápido, tentando não deixar minha ansieda