JADEEu nunca quis mentir pro Joaquim. Mas… como contar que me vendi? Que me entreguei num contrato pra salvar a nossa mãe?Ele deitou no meu colo, e eu alisei o cabelo dele, lutando pra não desabar.— Joaquim… aquele homem que veio comigo… o mal-encarado? É meu noivo.Ele se sentou de um pulo, os olhos arregalados.— NOIVO? Como assim, Jade? Você nunca nem falou que tava namorando!— Eu sei. Nunca contei porque nem sabia se ia dar certo. Mas a vida apertou. A mamãe… a situação dela… — suspirei pesado. — Eu precisei aceitar. Ele tá ajudando. Ele tá bancando o tratamento dela.— E você… gosta dele? — ele perguntou baixinho.Me deu vontade de rir. Ou de chorar.— Não, Joaquim. Não gosto. Nem um pouco. Mas às vezes… a gente faz o que precisa, não o que quer.Ele abaixou os olhos, mordendo o lábio.— Você vai morar com ele?— Vou. Mas você e a mamãe vão ter um apartamento bom, novinho, com tudo. Eu vou cuidar de vocês.Ele me abraçou apertado.— Eu só queria a gente junto, Jade. Sempre fo

AZIZAMeu nome é Aziza. Minha vida nunca foi fácil. Cresci com uma mãe alcoólatra que me via mais como uma carteira de dinheiro do que como filha. Tentei ajudar. Tentei alertar. Mas ela preferiu o álcool. Saí de casa cedo. Fui morar com a Érica, minha amiga, supervisora na polícia.Sou policial civil. Sempre fui. Nunca soube viver de outro jeito. Foi no meio da farda que conheci o Júnior. E, por mais louco que pareça, me apaixonei por ele… mesmo sabendo que ele era do lado de lá da lei. Bandido.Mas ele nunca tentou me enganar. Sempre foi sincero. Eu também. A gente se escolheu, apesar de tudo. Tivemos a Luiza Fernanda. Minha pequena. Minha razão. Me afastei da corporação pra criar ela. Mas um ano depois, minha mãe morreu. E eu voltei. Voltei porque, apesar de tudo, a farda corre no meu sangue.A gente saiu do morro. Fomos pra cidade. Achei que o Juninho ia largar o crime. Me enganei. Agora ele trabalha pro Ravi. Um “empresário”. Eu sei o que esse cara é. Eu sei exatamente o que ele

JADEO Júnior é só um fantoche nas mãos do Ravi. Sei disso, e não vale a pena perder meu tempo tentando convencer ele a mudar de lado. O que eu disser ou fizer não vai mudar nada. Então, ignoro a presença dele, o que é, sem dúvida, a melhor coisa a fazer agora.Entrei no quarto do hospital. Minha mãe ainda dormia. A cena era quase surreal: a mulher que sempre me deu força agora estava tão vulnerável, deitada ali, com o corpo fragilizado pela doença.Segurei sua mão com a suavidade de quem tenta passar algum conforto, mesmo que eu mesma estivesse à beira do desespero.Jade: Sinto tanto a falta de seus abraços, mãe. Daqueles momentos em que você dizia que tudo ia ficar bem, mesmo quando, no fundo, sabíamos que as coisas nem sempre se resolvem como gostaríamos.Levantei a cabeça e enxuguei rapidamente uma lágrima que ameaçou cair. Mas era inútil. As palavras não saem, mas o vazio continua.Fiquei ali, sem saber o que mais dizer, até que a Dra. Vanessa entrou no quarto.Vanessa: Jade, não

RAVIA Jade é uma peste. Marrenta, teimosa, a porra toda. Mas tá morando comigo agora, no meu território, e uma coisa ela já entendeu: aqui quem manda sou eu. Pode fazer cara feia, pode soltar piada torta… não vai mudar nada. Eu vou quebrar essa muralha dela, nem que seja na força.Saí da empresa direto pra casa. O apê meu? Dei de presente pra mãe e pro pirralho, tudo pago por mim, mas com segurança dia e noite. Eles nem imaginam o buraco que quase caíram. Eu tô segurando as pontas sozinho, sem ela nem sonhar.No caminho, passei em frente a uma loja cara pra caralho. Meu olhar grudou num vestido na vitrine. Era provocante, justo, cortado no ponto certo. Imaginei logo a Jade metida naquilo… Porra. Entrei e fui direto: vestido, salto agulha combinando, um colar delicado só pra dar aquele toque final. Coisa fina, de arrancar suspiro.Cheguei em casa, subi as escadas pesadas. Abri a porta do quarto dela sem bater e joguei tudo na cama com força.Ravi (olho cravado nela): — Às oito você va

RAVIMinha mãe… ultrapassou qualquer limite que ainda restava. Trazer aquela porra daquela Estela pro jantar foi o ápice da podridão. Mas olha, a Jade... caralho, ela me surpreendeu. Firme, dura, não baixou a cabeça nem por um segundo. E quando ela me chamou de meu homem, bem na frente de todo mundo? Ali… ali eu tive que segurar o sangue fervendo. Aquela mulher é minha, e só minha.Quando sentamos, a Estela – aquela patética – se jogou na cadeira do meu lado, toda se oferecendo. Nojenta. E quando botou a mão em mim? Tirei com desprezo, como quem arranca sujeira do corpo. Eu vi no canto do olho que a Jade ficou tensa, mas não disse nada. E minha mãe… minha mãe teve a audácia de humilhar a Jade. Aquilo ali acabou comigo. Eu explodi. Joguei tudo na cara dela. E quando já ia saindo daquele antro, meu pai veio atrás.Ravi:— Se for pra falar da minha mãe, nem perde tempo. Eu NÃO volto atrás. Ela desrespeitou minha mulher, e agora vai pagar. Toda aquela mordomia? Acabou.Efraim:— Não é iss