Saio do banho e agora estou presa, fazendo uma das coisas que eu menos tenho feito ultimamente: confrontando minha própria imagem no espelho. Aquela mulher pálida e irreconhecível que me olha de volta. Meu corpo nu com certeza não apresenta sintomas de gravidez, o que, de acordo com Hélio, é uma das consequências da desnutrição. Mas não importa, isso não muda o que está lá, não muda a realidade. Passo a mão na minha barriga, pensando na vida que estou gerando ali. Penso na ideia de ter um filho de Mason e meu corpo volta a gelar com aquela culpa fria e com as lembranças de tudo que aconteceu depois, quando eu deveria estar odiando ele. Eu deveria, mas não consigo. Não consigo odiá-lo. Não importa o quanto a mágoa seja pesada e minhas emoções conflitantes, e principalmente, não posso odiar essa criança dentro de mim. Eu me escolho naquele chão gelado no box, as mãos ainda firmes segurando a barriga. -Não vou te deixar sozinho - Eu sussurro, e meu peito aquece um pouco com a idei
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