POV MASONAs chuvas da estação não param de cair. Elas chegaram atrasadas esse ano e parece que de alguma forma estão tentando compensar o tempo perdido. As nuvens espessas de chuva cobrem todo o céu até onde a vista acaba.Eu costumava achar reconfortante climas assim, mas agora, parece cravado na minha cabeça que a palavra conforto não tem mais sentido para nada. Dias cinzentos continuam sendo apenas dias cinzentos. São exatamente iguais aos dias ensolarados, que são exatamente iguais a qualquer outro dia: eles não tem absolutamente nada para me oferecer. Minhas botas de couro deixam pegadas sólidas pela terra molhada atrás de mim. Não há muitas pessoas por perto agora: a chuva forte faz com que a maioria procure coisas para fazer do lado de dentro do castelo e não se arrisquem muito pelo lado de fora, como se fossem feitos de açúcar e fossem derreter se ficassem molhados. O barulho da chuva caindo é muito maior do que o dos burburinhos ao redor de todos que estão olhando para mim
-Mason?? - Meu tio finalmente para de beijar aquela mulher e se vira para mim, surpreso como todo mundo. Acho um pouco irônico, já que devido às circunstâncias, eu deveria ser o mais surpreso nessa história toda. Não sou, nem perto disso na verdade. -Oi tio, vim fazer uma visita. Desculpe atrapalhar seu…seja lá o que seja isso. -Mason, eu…- Lorena a falar e o som da sua voz é algo que me irrita como se alguém estivesse arranhando um quadro negro. Pega bem dentro do meu ouvido e fico decepcionado que ela não fez a escolha maravilhosa que seria ficar quieta sem fazer absolutamente nenhum som. -Nem precisa começar. Não se dê ao trabalho. Só fique quieta e não diga mais nada.Ela obedece e desiste de qualquer argumento que fosse tentar.-Lorena, saia daqui. Nos deixe sozinhos. -Não vai ser necessário, realmente. Se ela não falar mais nada da forma que pedi, acho que também vai ser bom para ela ouvir o que eu tenho a dizer. Os dois estão bem tensos, e Lorena fica perto do canto da pa
POV MASONEle realmente deve ter resolvido que não falar mais nada seria única saída possível que teria para essa situação, ou isso ou o seu poder de mentiras finalmente estava ficando vazio. Lorena permanecia calada no canto sem se intrometer, mas eu percebi seu olhar de espanto e a forma que seus olhos saltavam na minha direção e na do meu tio conforme nossa conversa ia ficando cada vez mais acalorada. -Bom, era só isso que eu tinha para falar, então se não tem mais nada em sua defesa, eu vou me retirando. Meu aviso foi dado, mas só por garantia: mantenha sua tralha do seu lado da cerca, e isso é só o que eu peço. - Com esse último aviso, estou me virando de costas e pronto para ir embora. Pelo menos foi o que eu pensei, pois é claro que todo e qualquer drama familiar está fadado a terminar de uma forma muito mais dramática do que começou. -MASON, espere ai. - Hendrick finalmente encontra sua voz e fala. Eu me viro encarando seus olhos, que tinham deixado toda aquela passividade
-Meu deus, por favor não me diga que é mais algum parente irritante vindo dos confins dos infernos para me dar dor de cabeça. -Eu falo e ele deve ter interpretado como uma brincadeira, pois parece relaxar um pouco com minha piada, mas eu não tenho como confirmar 100% que eu possa considerar isso uma piada. Até porque não tenho humor para fazer piadas. -não senhor…é a..-Lorena. -Uma voz que eu não queria ouvir, que eu definitivamente poderia passar tranquilamente o resto dos meus dias sem ouvir nunca mais se auto apresenta, empurrando o guarda com cara de assustado na porta para o lado e passando por ele para entrar no escritório. Está um dia nublado e cinzento lá fora, e da ultima vez em que verifiquei ainda estava caindo uma chuva terrível. Mas isso não impediu ela de vir para cá com um salto alto, unhas feitas e um vestido como se eu fosse levá-la para um jantar de luxo depois. Sempre achei impressionante toda essa dedicação com a própria aparência sem ter motivos para isso, mas
-Primeiro. Abaixe o tom de voz. Você sabe que agora está falando com um alfa, não sabe? Você nem se quer pode dizer que é bem vinda aqui dentro, então se eu fosse você se continha um pouco. Ela bufa e recua, mas a sua expressão ainda é de tipicamente soltando fogo pelas ventas. -Pense na minha proposta…por favor…-Já pensei. Você teve sua resposta e agora vai sair da minha frente antes que eu tenha que inaugurar a cela no subsolo com meu primeiro prisioneiro. Não vai ser tão divertido para você e não vai ter mais ninguém para te soltar por aqui.Ela abre a boca e hesita, para no final, felizmente ou infelizmente, escolher o caminho mais sábio para ela.Ela bate os pés algumas vezes como em um chilique e sai, tão furiosa quanto poderia, mas pelo menos não curiosa o suficiente para qualquer atitude impulsiva.-Garante que ela encontra a saída e que não fique xeretando por aí. -Eu digo para o guarda que ainda esperava pacientemente na porta, e que tinha observado toda a cena com uma ex
-Querida, você vai ficar bem. Precisa comer coisas saudáveis que vão te deixar fortes principalmente agora. Eu ouvi de uma tia minha que se você comer fígado cru você vai se recuperar logo logo, e seu leite materno vai ficar ainda melhor para nutrir o seu bebê. contenho uma careta, mas a mulher do meu lado não percebe isso e continua falando sem parar. Se eu pudesse, eu simplesmente me levantaria dessa cama e sairia andando para longe procurar um lugar para ficar sozinha, mas isso era mais que impossível de ser feito agora. Deu tudo certo e o parto aconteceu. No fim das contas, não consegui chegar na clínica, então coube a Hélio cuidar do parto na casa da donatela mesmo. Uma menina, que eu chamei de Elisa, como o nome da minha irmã. Estou feliz, feliz como nunca, mas como eu gostaria que a mulher do meu lado parasse de falar e me deixasse em paz. Estou na clínica agora. Eu e Elisa fomos trazidas para cá assim que o parto tinha acabado, e acontece que é falta de educação rejeitar v
Os morangos, malditos morangos! Eu deveria ter confiado nos meus instintos. Homem nenhum oferece morangos com chocolate para nenhuma mulher se não tiver motivos ocultos! Foi a Donatela que havia me dito isso e com certeza ela não havia errado nisso. Piquenique? A sós? Morangos com chocolate?! E ainda por cima ele havia feito meu chá favorito, sendo que não é exatamente uma bebida típica para um piquenique desse. Ele poderia ter trazido uma porcaria de suco qualquer ou até mesmo água! Mas ele fez cada centímetro disso com um objetivo e com esforço. Sinto meu estômago dando cambalhotas. Não são as borboletas que eu deveria esperar, mas as cambalhotas! O nervosismo começa a brotar da minha pele e eu estou olhando pra ele estática. Ele provavelmente leva isso como um bom sinal, então continua. -Sabe Jude, faz tanto tempo que estou querendo te falar isso…bem mais do que você imagina. Mas as coisas tem estado tão boas, tão pacíficas que tive medo que alguma atitude de minha parte pudes
POV MASONOs talheres batem no prato fazendo um ruído tão forte que sinto meus ouvidos remeterem. A sala de banquete está quieta, mais do que quieta na verdade. É como se fosse um grande cemitério. Estamos eu e Hedrick sentados ambos na mesa da sala de jantar tendo um jantar “agradável em família”. Chega a ser ridículo que uma sala de banquete tão grande esteja tão vazia e silenciosa como está agora. Ele sentado na cabeceira da merda, como era de esperar de um alfa eu sentado na cadeira ao lado. Eu já tinha ouvido falar que essas salas são projetadas justamente para jantares sociais, onde a conversa ajuda a aumentar a fome e melhorar o sabor da comida para os convidados, então a sala um pouco maior do que o normal era feita pensando que o som ria reverberar pelos quatro cantos, deixando tudo com muito mais eco. O que eu não tinha idéia era que o silêncio também tinha o poder de reverberar da mesma forma que o som, batendo nas quatro paredes e voltando para meus ouvidos como uma f