O momento tão esperado finalmente havia chegado.As luzes coloridas piscavam em sincronia com o som grave que preenchia cada canto da ilha paradisíaca. O céu estrelado acima deles parecia respirar junto com o calor da pista que começava a se formar, enquanto as ondas do mar arrebentavam ao longe em uma melodia constante e hipnótica. As lanternas penduradas entre as palmeiras iluminavam com suavidade os caminhos de areia fina e os rostos empolgados dos convidados. A atmosfera era uma combinação perfeita entre liberdade, desejo e festa. O ar fresco e tropical parecia vibrar de excitação, batendo contra os corpos embalados pela música eletrônica que crescia em intensidade.Os rapazes haviam chegado antes, e logo chamaram atenção. Pablo, Matteo e

 Pablo Ortega– Hey, boy. Boa noite. – A voz dele me atingiu como um estalo em um quarto abafado.O sujeito sorriu largamente, como se tivesse toda intimidade do mundo comigo. Antes mesmo que eu pudesse reagir, suas mãos invadiram meu espaço, tomaram meu rosto com um gesto escancaradamente íntimo e seus lábios grudaram na minha bochecha em um beijo brusco. Fiquei paralisado por um segundo, não por timidez ou surpresa, mas por conter o impulso imediato de afastá-lo com violência.Assim que ele se afastou, meus olhos foram direto para os de Nicole. Os olhos azuis que eu conhecia tão bem estavam turvos, entre irritação e desconforto.

Tinha ido reservar um lugar para poder ficar com a minha Loira depois do show. Tinha saído do recinto principal há alguns minutos para resolver uma coisa pessoal. Queria surpreender a Irina depois do show. Algo simples, mas significativo. Reservei uma área mais isolada, com uma vista privilegiada da praia e algumas garrafas de vinho branco, do tipo que ela gosta, e uma playlist suave. Não era o tipo de coisa que eu fazia. Nunca fui romântico. Eu era o cara do desejo, da intensidade, do prazer cru e nada além disso. Mas com Irina… tudo estava mudando. Ela me desconcertava.E isso era assustador pra caralho.Foi o Matteo quem me deu umas dicas. Ele achou graça quando eu perguntei como se organizava uma surpresa “bonita”, como ele disse. Disse que eu parecia um adolescente apaixonado. Talvez eu estivesse mesmo. Só que não era um amorzinho leve de filmes com final feliz. Era um desejo visceral de manter Irina por perto, de fazê-la entender que ela era a única mulher com poder sobre mim.