O sol ainda nem havia despontado no horizonte quando Salvatore já estava de pé, com o uniforme impecável e a farda pesada sobre os ombros. O general tinha deixado claro: as próximas duas semanas seriam intensas. Treinamento rígido com os novos recrutas. Disciplina em cada passo. Nenhuma distração. Mas como se esquece da mulher que se ama? Como se esquece que ela desmaiou na rua e você não estava lá pra segurá-la? Ele apertou os punhos, como se aquilo fosse conter a culpa. Não funcionava. — Recrutas em formação! — sua voz ecoou firme no campo, os soldados enfileirados à frente dele, mal acordados, tentando se manter em pé. — Hoje, ninguém sai limpo. E ninguém reclama. Eles sabiam: Salvatore não era de aliviar. Mas nem ele conseguiu esconder a tensão no olhar. A inquietação que vinha de dentro, latente, desde que ouvira a notícia do desmaio de Olivia. Mesmo depois da chamada de vídeo, do alívio ao vê-la sorrindo e dizendo que estava tudo bem, a angústia continuava lá. Si

O sol ainda não havia nascido completamente quando Salvatore terminou de recolher os últimos relatórios na sala de instrução da base. O cheiro de suor, poeira e grama molhada ainda pairava no ar, lembrando os exercícios intensos dos últimos dias. Os recrutas tinham sido um verdadeiro teste de paciência, mas ele não se queixava — era bom no que fazia. Foi treinado para isso. Mas agora, queria apenas uma coisa. Voltar para casa. Vestia ainda o uniforme de treino, manchado de terra nas bordas da calça. Tirou a blusa e passou uma toalha no rosto, olhando para o próprio reflexo no espelho pequeno da parede. O cansaço marcava seus traços, mas o olhar... o olhar brilhava com algo mais. Ele pegou o celular. Nenhuma nova mensagem de Olivia desde a noite anterior. Mas ele não se incomodou. Sabia que ela estava em casa, descansando. E isso já bastava para o mundo inteiro parecer certo. Com a mochila nas costas, atravessou o pátio da base. Alguns soldados o cumprimentaram com respeito. Outro

O jantar havia sido tranquilo, pontuado por sorrisos leves e conversas amenas. A presença de Luca, apesar de carregar algo indizível no olhar, não tornava o ambiente desconfortável — pelo contrário, havia uma estranha familiaridade entre os três, como se aquela mesa tivesse sido compartilhada antes, em algum outro tempo. Depois que a última garfada foi saboreada e os pratos recolhidos, Olivia se levantou, esticando os braços com um leve bocejo. — Eu vou deitar um pouco… tô cansada. — Sorriu de leve, passando a mão distraída sobre o ventre. Salvatore se aproximou e segurou sua mão por um instante, levando os dedos aos lábios num gesto silencioso. — Quer que eu vá com você? — Não, fica. Conversem. — Ela olhou para Luca com gentileza. — Foi muito bom te conhecer. — O prazer foi meu, Olivia. — Luca se levantou também, demonstrando respeito. — Você tem algo raro aqui. Cuida bem disso, tá? Ela arqueou levemente a sobrancelha com a escolha de palavras, mas sorriu com doçura.

Salvatore acordou cedo, antes mesmo do sol invadir o apartamento. Olivia ainda dormia profundamente ao seu lado, os cabelos espalhados no travesseiro, uma das mãos pousada suavemente sobre o ventre. Ele ficou ali por um tempo, apenas observando-a. Aquela mulher carregava dentro dela o futuro deles. A família que ele nunca imaginou que teria… e agora, tudo o que mais queria era fazê-la sua, de verdade. Não apenas em alma, mas também diante do mundo. Com um último beijo na testa dela, ele se levantou devagar, para não acordá-la. Bolt, que dormia aos pés da cama, levantou-se também, acompanhando os passos do dono como um bom sentinela. Na cozinha, preparou um café rápido, pegou o celular e começou a ligar. Primeiro, para o restaurante que ele já tinha em mente — uma joia discreta no centro da cidade, com luzes baixas, atmosfera acolhedora e vista para o mar. Ele explicou que queria uma mesa reservada, em um canto mais íntimo, com flores na mesa e um vinho escolhido a dedo. — Al

O dia seguinte amanheceu com céu limpo e um leve vento entrando pelas janelas abertas da sala. Olivia, sentada à mesa, cortava fatias de frutas para o café da manhã, enquanto Salvatore organizava algumas xícaras. — Ele vai aceitar vir? — ela perguntou, tentando parecer mais calma do que realmente estava. — Vai. — Salvatore respondeu sem hesitar. — Ele é seu pai. E sabe que agora é o momento de agir como tal. — É, mas ele também é o general Riccardo Fiore. E você sabe... ele não é exatamente o tipo de homem que celebra esse tipo de notícia com entusiasmo. Salvatore deu um meio sorriso, servindo o café. — Ele vai escutar. E isso já é um começo. --- Às 19h, o apartamento estava mais arrumado do que nunca. Olivia optou por um vestido azul escuro, discreto e elegante. Salvatore vestia camisa branca dobrada até os cotovelos e uma calça escura. Não estavam formais demais — queriam parecer acolhedores, mas não descuidados. O jantar seria simples: massa ao molho de tomates frescos com