O jantar está servido há vinte minutos e, para minha surpresa, a conversa flui de forma mais natural do que eu esperava.Os homens dominam os assuntos sobre negócios e território, mantendo a voz baixa quando o tema exige discrição.As mulheres discutem temas considerados “apropriados”: filhos, casas, eventos sociais…E, para minha surpresa, Caterina se mantém surpreendentemente comportada. Educada, sorridente, voz doce e extremamente irritante…Será que é assim que esperam que eu seja?— Aurora, devo comentar que fiquei surpreso quando soube sobre a parceria de vocês dois — Don Caruso comenta, cortando a carne.— É o que acontece quando duas pessoas… determinadas se encontram — respondo, sorrindo.— Determinadas e teimosas — Lorenzo acrescenta, provocando risadas ao redor da mesa.— Também, amore. Mas o que importa é que, no fim, deu certo.— E vocês têm planos de continuar essa parceria em outros projetos? — pergunta outro Don. — Ouvi dizer que a BMCTech ficou impressionada com os re

“Aurora Bianchi” Vejo o momento exato em que a expressão de Lorenzo muda. O namorado carinhoso desaparece, dando lugar ao futuro Don, que não tolera desrespeito. — Lorenzo — digo rapidamente, segurando seu braço antes que ele se afaste. — Não. — Aurora, Caterina não pode… — Eu sei — corto, firme e baixa. — Mas hoje não. Principalmente aqui, na frente de todos os convidados do seu pai. — Ela te desrespeitou, ragazza — ele retruca, nem um pouco satisfeito. — Não posso deixar que ache que pode fazer isso e ficar impune. — Você pode resolver isso depois — respondo, tocando seu peito. — Amore, todos estão aqui. Seus pais organizaram essa noite para nós. Se você confrontar Caterina agora, vai transformar tudo em um drama desnecessário. Vejo a luta em seus olhos, como se uma parte dele gritasse para colocar Caterina no lugar dela. Mas a outra sabe que minhas palavras fazem sentido. — Cazzo… — ele murmura, passando a mão pelos cabelos. — Você tem razão. — Sempre tenho — sorrio, tenta

O silêncio que se segue ao estrondo é ensurdecedor. Meu coração bate tão forte que tenho certeza de que Lorenzo pode ouvi-lo.Meus ouvidos ainda zumbem pelo barulho do tiro e meu olhar permanece fixo na janela.Um buraco perfeitamente redondo no vidro, com rachaduras se espalhando como uma teia de aranha.— Você está bem? Machucou alguma coisa? — pergunta, preocupado, percorrendo as mãos meu corpo em busca de ferimentos. — Você está machucada? Olhe para mim!— Eu… a janela…— Foda-se a janela — ele segura meu rosto, me forçando a encará-lo. — Você está bem? Nenhum ferimento?Balanço a cabeça, ainda em choque, mas antes que consiga responder, passos apressados ecoam no corredor.A porta se abre com força, revelando três homens armados, seguidos por Don Matteo, cujo olhar poderia matar.O barulho obviamente chamou a atenção da casa inteira.— Que porra aconteceu aqui? — ele pergunta, alternando o olhar entre nós dois e a janela estilhaçada.— Papà — Lorenzo começa, mas eu me adianto.—

Observo Lorenzo contar meus tiros com um sorriso satisfeito, como se fosse ele quem estivesse acertando o alvo. Não sei se isso se deve ao fato de estarmos aqui há umas quatro horas, ou se ele realmente está feliz com minha dedicação. — Oito — ele diz, vendo meu último tiro acertar próximo ao centro do alvo. — Mais dois e você ganha seu prêmio. — Estou começando a suspeitar que você está dificultando de propósito — digo, recarregando a arma do jeito que ele me ensinou. — Eu? — finge inocência, mas o sorriso malicioso o entrega. — Jamais faria isso. — Claro que não — rebato, ajustando a mira. — Coincidência que nos últimos três tiros você tenha “endireitado” minha postura de formas cada vez mais… distraídas. — Se você está se distraindo, ragazza, talvez precise de mais prática de concentração — ele se posiciona atrás de mim novamente, cobrindo minhas mãos com as dele. — Lorenzo… — repreendo, tentando manter o foco. — Só estou ajudando — sussurra perto do meu ouvido, fazendo min

A pilha de roupas dobradas na minha cama cresce enquanto Emily me observa arrumar a mala, com uma expressão que mistura diversão e incredulidade. — Então é isso? — ela pergunta, me vendo dobrar mais uma blusa. — Vocês vão morar juntos? — Oficialmente — confirmo, sorrindo enquanto coloco os sapatos em uma sacola. — Não faz mais sentido ficarmos indo e vindo entre apartamentos. — Aurora Bianchi, morando com um mafioso… — ela balança a cabeça, ainda processando. — Se alguém me dissesse isso há seis meses… — Nem eu acreditaria — admito, parando por um momento. — Mas você precisa ver como ele é comigo. Como a família dele me trata. É… diferente do que imaginei. Ela deixa uma blusa de lado e se senta na beira da cama. — Diferente como? — Bem… claro que existem os perigos, as regras que preciso seguir. Mas no dia a dia… Lorenzo faz nosso café da manhã, reclama quando deixo livros espalhados pela mesa, fica preocupado quando demoro a responder mensagens… — Como um namorado normal. — E