EstevãoO clima era pesado. Mas Malu permaneceu de pé com o rosto pálido e a respiração descompassada, tentando manter a firmeza mesmo diante dos olhos cortantes da mãe. Marcela avançou com palavras afiadas e a raiva evidente. Com o braço levantado e com a intenção clara no olhar, Marcela se aproximou, mas consegui segurar seu braço ainda no ar com força e firmeza.Malu me olhava atônita e com olhos marejados. Fiquei calado por anos vendo o que a mãe fazia com o Alexandre e não permitiria que ela fizesse o mesmo com a Malu. Pelo menos não na minha frente. Naquele momento pouco me importava se o Alexandre descobrisse sobre o nosso relacionamento. Tudo o que eu queria era protegê-la.Depois que o Alexandre partiu com a Jaqueline, a Malu ainda dormia profundamente. O chá de camomila preparado com carinho por Helena, fizera efeito. Me aproximei da Helena que estava sentada na poltrona próxima observando Malu dormir. Tudo o que eu mais queria naquele momento era ficar ali, ao lado da mulhe

AlexandreCaminhei pela empresa com Pedro ao meu lado. Assim que o elevador abriu no meu andar, encontramos com a Fabíola que caminhava pelo corredor como se desfilasse em uma passarela. Usava um vestido elegante colado ao corpo. Um sorriso malicioso surgiu em seus lábios assim que seus olhos pousaram no Pedro.– Olha que homens lindos! Disse ela com a voz aveludada.Ela se aproximou e me cumprimentou ignorando o olhar gelado do Pedro. Passou as unhas longas e esmaltadas pelo braço dele num gesto provocativo. Pedro se afastou demonstrando aborrecimento.– Não precisa fechar essa cara, Pedro. A vida é curta demais para guardar mágoas… guarde os bons momentos.– Você me usou pra provocar ciúmes no seu ex-marido. Não tem “bons momentos” quando se é feito de marionete, Fabíola.Ela ergueu uma sobrancelha como se aquilo a divertisse.– Ah, Pedro… nós dois nos divertimos. Não banca o santo. Você nunca foi um jovenzinho ingênuo, e eu nunca prometi conto de fadas.Ela então se virou para mim.

JaquelineQuando a campainha tocou e vi as três funcionárias da boutique de luxo, sorridentes cercadas por pilhas de caixas, sacolas e cabides protegidos por capas de tecido fino, meu coração vacilou. As funcionárias encheram a sala com uma variedade de embalagens luxuosas. As etiquetas não deixava dúvidas que era grife de alto padrão e peças exclusivas.Levei as mãos ao rosto sorrindo em choque como uma criança em uma loja de brinquedos. “Eu tô num filme… só pode…” Pensei vendo as mulheres ocupando toda a sala. Cada caixa aberta era uma nova surpresa: vestidos de festa, conjuntos casuais cheios de estilo, roupas de academia, saias fluídas, blusas finas de seda. Havia biquínis com cortes modernos, lingeries sofisticadas, bolsas de couro legítimo, óculos escuros, chapéus e uma fileira de calçados para todas as ocasiões imagináveis.Com a ajuda da empregada, improvisamos uma espécie de mini closet no quarto de hóspedes ao lado e o restante colocamos de forma improvisada no closet do Ale

JaquelineA conversa com Caio havia aliviado parte da tensão que eu sentia. Foi quando meu olhar distraído deslizou pelo espelho e parou. A porta do closet estava entreaberta, e ali encostado no batente com um sorriso sútil no canto dos lábios estava o Alexandre. O cabelo ainda úmido, gotas de água escorrendo pela pele do peito forte. Ele usava apenas uma toalha branca enrolada na cintura. A presença dele ali, silenciosa e intensa me fez perder o fôlego.– Tá tudo bem? Perguntou com a voz grave e serena com os olhos pousados no meu rosto, como se pudesse enxergar tudo. Inclusive o que eu tentava esconder.Assenti com um sorriso ao vê-lo daquele jeito. Uma visão que eu nunca iria me acostumar.– Tá. Só falei com a minha mãe e com o Caio.Alexandre deu um passo à frente com os pés descalços pisando no tapete felpudo, sem tirar os olhos dos meus.– Te vi chorando. Ou quase. E depois sorrindo… Achei melhor esperar o momento certo para aparecer.– Você sempre sabe quando é o momento certo,

JaquelineAlexandre cruzou os braços lentamente, sua voz grave e segura ecoou pelo ambiente:– O projeto tem ideias interessantes, Talles mas falta identidade. Está genérico. Parece algo que já vi em pelo menos quatro empreendimentos da região sul de São Paulo. Vocês me entregaram um paisagismo bonito, sim. Mas esquecível. E para o Jardins, isso é inaceitável.Talles tentou rebater:– Mas utilizamos referências de empreendimentos internacionais, com elementos…Alexandre o interrompeu com elegância, porém sem rodeios.– É exatamente esse o problema. Eu pedi algo único e não uma colagem do que já existe. É necessário ter um toque de exclusividade que um empreendimento no Jardins merece.Andrei percebendo a tensão, interveio com diplomacia:– Alexandre, podemos revisar os conceitos principais. A equipe pode retornar com alternativas mais personalizadas e autorais. Não há problema nenhum nisso. Disse encarando o Talles.– Façam isso.Talles se manteve em silêncio, apenas assentiu discreta