Caroline Hart Acordei como se um caminhão, daqueles imensos e carregados até o teto, houvesse passado por cima de mim.Cada músculo queimava num protesto lento. Minha cabeça parecia presa entre duas placas de ferro, rangendo a cada respiração. O chão gelado e úmido sob mim grudava na pele. No ar, o cheiro forte de mofo misturava-se a algo seco, metálico. Sangue. Um gosto de ferrugem pairava na boca, como se eu tivesse mordido o próprio medo.Não via a luz do sol, mas sentia. Lá fora, o dia já tinha nascido. Aqui dentro, só escuridão. As paredes eram de pedra antiga. Puxei os dedos, procurando apoio, mas os pulsos estavam presos. Correntes finas, frias. As pernas também. Nada de movimento. Nada de fuga. Tentei lembrar o que tinha acontecido antes de apagar. Fragmentos vieram como cacos: uma voz, um grito, cheiro de terra molhada e... silêncio.Quantas vezes eu já tinha sido sequestrada esse ano? Três? Quatro? Se eu contasse, dava um filme. E eu precisava que esse tivesse final feliz.

Caroline HartO cheiro de mofo parecia me envolver a cada respiração. Esse lugar era horrível. O frio cortante das correntes me prendiam contra a parede, e a dor parecia transbordar de dentro de mim. Eu só queria sair daqui e sentir o toque do meu filho, o beijo de Damon. Tudo me fazia lembrar.A escuridão me envolvia, quase sufocando, como se não houvesse saída. O peso das lembranças e da dor de estar longe de Damon e Gael me consumia.Eu sabia que Zion estava ali. O cheiro dele estava em cada canto, misturado com algo que eu já não queria mais reconhecer. Quando finalmente o vi, algo dentro de mim se rompeu. Ele estava ali, encostado na parede, com aquele sorriso que agora me parecia distante, vazio, cruel.“Você chegou realmente a esse ponto, Zion?” Minha voz saiu fria, carregada de raiva. “Quando foi que você se tornou esse monstro?”Zion avançou, seus passos lentos, como se estudasse cada movimento meu. Seus olhos estavam vazios, mas tão profundos que pareciam me engolir.“Eu sem

Caroline Hart Eu estava sozinha.De repente, a realidade parecia mais cruel do que nunca. Zion estava morto, mas sua presença ainda me assombrava. Cada suspiro, cada respiração que eu tomava, me lembrava de que eu havia sido manipulada mais uma vez.Olhei para as minhas mãos sujas de sangue. Eu o matei com as minhas próprias garrasm sufocado.Minhas mãos tremiam. Ele estava morto, mas minha mente se recusava a aceitar. Era mais fácil acreditar na ilusão, acreditar que ele ainda podia me salvar. Mas a realidade se impunha, como um peso insuportável, esmagando tudo o que eu sabia.Mas eu não estava mais fraca. Não. Eu não podia ser mais fraca. Eu não podia permitir que essa dor me consumisse.Zion tirou tudo que eu tinha. Me traiu,me enganou, tirou minha carreira, e mesmo assim eu ainda sentia remorso. Meu Deus...A porta se fechou com um estalo, era o vento, mas algo me dizia que aquela maldita bruxa não estava longe. Ela estava observando. Eu tinha que sair daqui. Não importava como

Caroline Hart Eu estava correndo.E sabia que precisava me afastar de tudo,de Zion, da bruxa, daquela prisão.Mas a pior prisão de todas era com certeza a mental.Então, mesmo correndo, ainda não me sentia livre.A noite caía,e a floresta estava cada vez mais fria. Senti o vento cortando minha pele e me aqueci com as próprias mãos enquanto o sangue de Zion, misturado com o meu, secava nas minhas mãos. Eu queria acreditar que estava livre, mas a sensação de ser observada nunca me deixou.Eu olhei para Eric enquanto corríamos.Ele estava mais silencioso o caminho todo, e o som de nossos passos era o único que se ouvia. Eu não confiava nele. Não ainda. Eu queria acreditar na mudança das pessoas. Sempre fui deste jeito. Mas, por mais que eu tentasse negar, ele estava certo. Sem ele, eu não teria saído de onde estava.A raiva de tudo o que ele fez para nós ainda estava em mim, mas eu não podia me dar ao luxo de deixar o passado definir meu futuro. Eu precisava focar no presente, no que

Caroline Hart Era engraçado e perigoso ao mesmo tempo, como alguém tinha o poder de te fazer sentir viva.Damon.Ele estava ali, de volta. Não sabia como, mas ele estava comigo, me pegando nos braços como se eu fosse a coisa mais preciosa do mundo para si.Ela quer meu filho.A palavra se repetia constantemente em minha mente e cada sílaba parecia me destruir por dentro.Ele abriu a porta do veículo, e a primeira coisa que percebi foi o seu cheiro. Familiar, intenso, como se fosse a única coisa que ainda pudesse me ancorar à realidade."Precisamos sair daqui rápido."ele sussurrou enquanto dava partida.""Isso nunca vai acabar?"meus olhos se estreitaram.""Eu me pergunto o mesmo.""Zion está morto. Eu o matei com minhas próprias garras. Que tipo de pessoa estou me tornando Damon? Talvez... Um monstro."Ele ignorou as minhas palavras e me analisou por um instante."Você é a loba mais forte que eu já conheci. Isso não te torna um monstro, e sim uma sobrevivente.""Eu… Há alguns meses eu