AIYANADizem que o silêncio fala, mas ali, naquela estrada morta, tudo gritava. O céu era de um cinza doente, as nuvens pesadas.Eu não sabia o que era pior: o cheiro pútrido das criaturas que impregnava minha pele ou o som irregular da respiração de Max ao meu lado. Nunca pensei que veria algo tão errado com a natureza. E muito menos que sobreviveria.O carro tinha virado sucata depois do ataque. Minhas pernas doíam como se estivessem cheias de cacos de vidro, e cada passo era um lembrete do que tínhamos acabado de enfrentar. Icarus se manteve ágil, praticamente carregando Max, que se recusava a admitir a dor, mesmo com um lado inteiro do corpo sangrando. Eu conseguia ver a pulsação acelerada no pescoço dele, mesmo com o gene Alfa tentando consertar tudo, ele estava sofrendo.— Estamos quase lá — Icarus murmurou, os olhos fixos na névoa densa à frente. Eu não respondi. Não tinha fôlego, nem palavras. Só a certeza de que tínhamos que continuar.A Cordilheira Negra surgiu como uma mald

AIYANAFiquei apenas olhando para ele, os olhos fixos nos dele.E ele... não desviou o olhar.Os olhos corriam do meu rosto para o meu peito, para a minha barriga, e depois travavam nos meus quadris. Nenhuma palavra saiu. Nenhum movimento. Nada. Era como se ele tivesse esquecido como funcionava o próprio corpo.— Aiyana... — ele sussurrou, paralisado, os olhos arregalados e as mãos levantadas como se não soubesse se devia cobrir os olhos ou pedir desculpa. — Merda — ele murmurou, finalmente, limpando a garganta e virando de costas tão rápido que parecia ter levado um choque.Foi aí que a consciência despencou sobre mim como um balde de água fria.— Icarus! — Dei um passo para trás, cobrindo o peito com os braços e encolhendo os ombros. — Você não sabe bater?!— Eu bati! — ele respondeu, ainda de costas, uma das mãos no batente da porta. — E perguntei se tinha alguém. A porta abriu sozinha! Juro por tudo, Aiyana, eu não sabia que você tava…— Quase nua?!Minhas botas estavam no canto.

AIYANANossos lábios se encontraram mais uma vez.Desejo. Raiva. Necessidade.Me perdi por um instante. Como se o mundo tivesse sumido e só houvesse aquilo: ele e eu.Mas então a realidade bateu.Com força.Me afastei, empurrando seu peito, ofegante, os lábios ainda úmidos do beijo.— Isso... não pode acontecer de novo. Você está com Isabela.Ele ficou em silêncio por um segundo, os olhos presos nos meus. O desejo ainda ardia ali, mas havia algo mais agora. Algo escuro. Ferido.Ele se levantou, e a mudança nele foi quase física. O cal

AIYANAAcordei como se tivesse sido arrastada do fundo de um lago congelado. Meus músculos doíam, minha cabeça latejava, e meus pensamentos vinham em fragmentos desconexos. A primeira coisa que senti foi o toque suave dos lençóis contra minha pele, um tecido que com certeza não pertencia ao quarto de hotel barato onde estávamos hospedados. Aquilo não fazia sentido. Pisquei, tentando forçar meus olhos a se ajustarem à penumbra elegante do ambiente.O quarto era amplo, e o ar tinha um cheiro discreto de lavanda.As paredes eram cobertas por papel de parede branco com flores de laranjeira, o teto era alto, e o lustre acima da cama parecia ter saído de algum salão nobre de séculos atrás. Não havia janelas. Apenas uma porta de madeira entalhada e m&oa