Capítulo 71 Mariana Bazzi Tudo se acalmou. Tive uma conversa longa com minhas irmãs, embora nem tudo elas tenham ficado sabendo. Ezequiel tirou todos os seus homens de perto da gente na sala, e vi que Luciana olhava da cozinha com Raquel, tentando ouvir o que a gente conversava. — Não chame elas, Mari. Aquelas duas estão sempre planejando alguma coisa — doutora Samira disse, neguei. — Não, não pensei em chamar. Só estou tentando entender o que planejam. — Deixa que a gente vai ficar de olho nelas pra você irmãzinha. Você passou por muitas coisas naquele cassino, que a gente não passou. Precisa descansar. — Soraia disse. — Eu não entendo. O papai não ferrou com a nossa vida como fez com a sua. Nos vendeu, sim..., mas num lugar onde poderíamos lucrar também, nada era forçado como foi contigo, minha linda. — Iris falou com os olhos cheios d'água quando soube parte do que acontecia no cassino. — Ele não gosta de mim como gosta de vocês. Está claro. E também

Capítulo 73 Mariana Bazzi O dia amanheceu. Eu estava deitada sobre o peito de Ezequiel, ouvindo seu coração bater devagar, constante. Era como se meu próprio corpo ainda estivesse tentando entender tudo o que aconteceu. A noite tinha sido intensa — mais do que física, emocional. Eu me entreguei por completo. E ele... ele me tomou com carinho, com desejo e algo mais que eu não sabia nomear. Minhas mãos ainda descansavam sobre sua pele morna quando senti seus dedos passeando pelo meu cabelo. Ele estava acordado. — Mariana... — ele começou, com a voz baixa e rouca de sono. — Me responde uma coisa. — Hm... Levantei o rosto, e o encarei. Seus olhos estavam abertos, escuros e intensos como sempre, mas havia algo ali que eu não reconhecia. Uma inquietação. Um brilho diferente. — Você... casaria comigo? A pergunta bateu em mim como um susto. Sem alarde, mas profundo. Meu coração acelerou. Meus olhos se arregalaram sem querer. Eu não sabia o que responder. — Ezequie

Capítulo 75 Ezequiel Costa Júnior (Contém gatilhos) Eu estava a poucos quarteirões de distância quando Mauro ligou. A voz dele estava tensa, mais do que de costume. — Don, o genitor da Mariana apareceu no cemitério e causou alvoroço. Senti o sangue gelar. — E Mariana? Ela está bem? — perguntei, mesmo já sabendo a resposta. — Ezequiel... ela entrou em choque. Samira está com ela, tentando ajudar, mas está difícil, venha logo! Não esperei mais nada. Desviei o carro, pisando fundo no acelerador. Em minutos, dobrei a esquina do cemitério e estacionei ao lado do carro delas. Foi quando a vi. Mariana estava curvada na entrada e ao me ver correu na minha direção como uma criança fugindo do escuro. Quando a trouxe para o carro, ela parou ao lado do veículo, suando frio, pálida como nunca. Vomitava e tremia, os olhos vazios e perdidos. A doutora Samira a segurava pelos ombros, e as irmãs falavam algo que ela nem ouvia. Me aproximei rápido. — Mariana! Calma, eu estou aqui

Capítulo 77 Ezequiel Costa Júnior Esperei Mariana adormecer. A respiração dela aos poucos ficou mais lenta, ritmada. O choro havia cessado, mas eu sabia que o peito dela ainda estava cheio de cicatrizes mal fechadas. Ela dormia agarrada à barra da minha camiseta, como se temesse que o pesadelo voltasse se me afastasse. Soltei o celular do bolso sem fazer barulho, levando até o rosto. Me levantei devagar, me afastando só o suficiente para não acordá-la, e disquei para Mauro. Ele atendeu no segundo toque. — Já levou o filho da puta pro galpão? — minha voz era fria, direta. — Don... não. — Mauro respondeu, e o silêncio que seguiu me fez apertar os olhos. — Ele sumiu. Já fomos até o endereço que ele usava como esconderijo, o cassino que costuma ficar e até a casa dele está vazia. — Sumiu? Como assim? — rosnei. — Ele sabia que estavam atrás dele? — Não até onde sei. Foi tudo meio estranho. Não levou nada, só desapareceu. Mas vou fazer uma varredura completa. Ele não

Capítulo 79 Mariana Bazzi A brisa suave do fim de tarde dançava pelas folhas enquanto Ezequiel segurava minha mão. Ele parecia nervoso, como se quisesse me dizer algo e ainda procurasse as palavras certas. Seus dedos roçavam os meus com cuidado, como se estivesse medindo meu estado de espírito, tentando adivinhar se eu estava pronta para ouvir o que ele tinha a dizer. — Mari… tem uma coisa que eu preciso te contar. — sua voz saiu baixa, quase um sussurro. — Eu devia ter falado antes…, mas tive medo. Medo da sua reação. Medo de te machucar mais. Também fui egoísta. Franzi a testa, curiosa e um pouco apreensiva. — O que foi? Ele respirou fundo, os olhos fugindo dos meus por um instante. — Esse vestido… é o mesmo vestido de Natal. Que ganhou como um presente na fundação quando você apareceu por lá… — ele fez uma pausa. — Fui eu quem deu. Eu pisquei algumas vezes, tentando entender. Meu coração deu um salto confuso. — Como assim foi você? — perguntei, a voz saindo ma