Início / Romance / Deserto da Fronteira / Capítulo 81 - Capítulo 88
Todos os capítulos do Deserto da Fronteira : Capítulo 81 - Capítulo 88
88 chapters
081
Nem Scarlet e nem Dario se conformavam com a serenidade e, menos ainda, com os abusos a que Helena foi sujeita. — Você matou ele? - Scarlet perguntou, curiosa, melhorava de humor. — Aí é que está. Quando fiquei licenciada por causa do luto, ele foi promovido no meu lugar e acabou virando meu chefe, não sei porquê cargas d'água. - Helena seguia o relato. O sangue de Dario já fervia. - Quando seu pai passou a dividir comigo, logo que ele e sua mãe se divorciaram, seu pai virou meu chefe. - Helena deixou um riso escapar. - Preciso parar com esse negócio de me envolver com meus chefes. Hebert também foi meu superior. Enfim, esse cara se fingiu de policial e entrou em casa, me atacou e dizem que me estuprou, mas não sei, ele me estrangulou e se algo aconteceu, eu não estava consciente. Como meus ovários foram tirados, era cirurgia recente e, bom, seu pai quem me socorreu. - Dario lembrava das manchas de sangue e, agora, sabia que Helena era completamente estéril. - Assim que tive alta, v
Ler mais
082
— Greg, na boa, irmão? Vocês, da imigração, não têm departamento próprio de investigação interna? Não é caso para o FBI ainda. - Sullivan disse, tranquilamente. — É sua sobrinha, Sully! - Gregory se desesperava. - Minha filha! — E sua namorada é a bandida? - Sullivan o desafiava. — Helena é de Operações Avançadas, imprevisível por natureza. Ela me preocupa. Até que ponto isso é ou não sequestro? A mamãe e a Katrina a desafiaram e humilharam, usando a Scarlet. - Gregory elevava o tom. - Helena é o inferno da fronteira, sozinha, investiga, persegue e executa coiotes. Acha mesmo que ela não seria capaz de tomar uma vingança? Ainda mais com a Scar grávida? - Ele estava fora de si. - É alguém que sofreu muito, que amo, mas que também me causa medo. É para além de uma assassina treinada e rancorosa. — Ama ou está tentando "salvar" do caminho que você julga errado? Obrigado. - Gregory ouvia o irmão, atentamente, devolvendo documentos para alguém. O primogênito ouvia o som dos rabiscos
Ler mais
083
Dario via Scarlet dormir com Helena, que se encaixava nas costas da garota, protegendo-a. A moça chorou até dormir, Helena ficou ali, firme. Era um rochedo na tempestade. Dario entendia aquela doação. Ela dava exatamente o que lhe faltava. Ele pediu o café e foram servidos no quarto. Ambas se banharam e comeram bem. Estariam em Pueblo em três horas. No aeroporto, Sullivan chegava a um guarda-volumes e a informação de saída para Maryland. Houve check-in, mas não houve embarque. Ele percebia, pelas câmeras, apenas uma mulher no guarda-volumes, estonteante, de olhos de uma loba, gelados, de um azul sutil e acinzentado, ferozes. Ela encarou a câmera e sorriu, divina. Era a primeira vez que via Helena. Não era uma foto frívola, era alguém descarada e destemida. "Deve ter um gênio péssimo! Bem ao estilo do Greg." Ele sorriu. — Achem essa mulher! - A ordem era dada. - É a provável sequestradora. Considerem perigosa, mesmo desarmada. - Sullivan determinou. Scarlet estava sob o procediment
Ler mais
084
— Está sim. Acabamos de liberar. Não tem nada contra ela. - Sullivan percebia algo difícil de constatar: o irmão não se preocupava com a filha. Não tocou no assunto, queria ver até que ponto havia sido manipulado. — Graças a Deus. Posso ir buscá-la? - Gregory perguntou, omisso a Scarlet. — Já saiu, Greg. - Gregory ouvia o pesado soco na mesa. - Espero que tenha ido para o inferno. Vou baixar sua notícia de sequestro. É só um desaparecimento. Procure a polícia local. - Sullivan disse, desligando a chamada. Helena o humilhara. Ele fora envergonhado diante de sua equipe. Helena caminhou, tranquilamente, para longe do escritório. Scarlet estava segura e tinha Carlos com ela. Voltaria logo para casa, em segurança. Aquilo era tudo o que precisava. Dever cumprido. Ela se levantou e ligou para o escritório. Deveria se apresentar em três dias. Dali, pegou um ônibus e voltou para Laredo. Rompia laços e ligações. Estava sozinha outra vez, mas de consciência tranquila. Helena se hospedou
Ler mais
085
— Helena, não faz isso com a gente. Estou pedindo. Em nome da nossa história. - Gregory implorava. Aquelas palavras esfaquearam a alma de Helena. - Por favor, querida. Não faz isso conosco. Não assim, por telefone. — Eu preciso pensar, Greg. Não estou preparada para isso. - Ela suspirou. Doía se desfazer daqueles tantos anos de história, mas ela se sentia sufocada. A reação de Gregory, a algo, a havia assustado. Sequer sabia por quê ele estava irritado, o olhar frívolo dele, aquela ausência, a sensação de punição, de abandono, a confissão a Scarlet, tudo pesava tanto. Ela se sentia sonolenta, precisava beber algo, mas sabia que, se iniciasse aquele novo ciclo de auto punição, não acabaria bem, não desta vez, não sentia que alguém ligasse para aquilo. O silêncio e o passar do tempo, em um completo branco, suspensa de si, a tomavam. Nada fazia sentido.— Helena? - A pergunta vinha com as batidas à porta. Era a voz de Howard. Ela abriu a porta do quarto, ele a abraçou, fortemente, beija
Ler mais
086
Molly entrou no quarto de Helena, logo cedo, recebendo o cano de uma arma apontada para si. Impressinou-se, mas não ficou assustada.— Está bem alerta, não, querida? - Molly trazia uma caneca de café com leite para Helena. — Me desculpa, Molly. Força do hábito. - A moça se sentou na cama. — Toma isto, põe uma legging e vai se exercitar, filha. - Molly disse, gentil, se sentando ao lado dela, na cama, como uma boa tia solteirona. Molly meio que tinha adotado Helena como uma afilhada depois do que aquela mulher havia feito por ela. Nem seus filhos tinham sido tão generosos. — Obrigada, Molly. - Ela pegou a caneca, estava morna, com cheiro de "Bom dia". Helena agradecia, de coração, pela existência daquela velha rabugenta que ela tanto amava. — Quando voltar, vou deixar seu café na mesa. Não quero o Renard importunando você logo cedo. - Molly avisou. - Por falar em importunação, onde foram parar suas coisas?— Austin. Estão na casa do Gregory, mas dei uma pisada muito forte na bola c
Ler mais
087
Exames, testes, documentos, posses, assinaturas. Helena passava outra vez pelo processo de promoção. Quando entrou, era apenas uma soldada, sem qualquer qualificação. Ascendia, agora, a capitã. Recebeu do General Della Rosa sua nova identidade, a medalha, as insígnias, em uma formalidade rápida e simples, como a de Stuart, que seria reintegrado ao serviço médico. Outras pessoas, de outros departamentos, vieram, para além dos amigos, Renard, Roberts, Carlson e Rosenbauer surgiam entre os participantes. Aquilo deixava Helena desconfortável. Foi parabenizada, elogiada e bem recebida pela maioria das pessoas presentes, os desafetos lhe prestavam as continências, em apertos de mãos firmes e olhares assassinos. "Definitivamente, prefiro o deserto." Ela pensou consigo, sustentando o sorriso orgulhoso no rosto em cada um daqueles contatos. À noite, Molly deixou seu jantar sobre a mesa, um gostoso sanduíche, bem recheado e uma cerveja. Helena sorriu. Precisava contar para Molly que tinha pro
Ler mais
088
— Quando ela quiser. Tem o contato? Eu gostaria de chamá-la para conversar. Me pareceu tão desamparada, sabe? Me lembrou um pouco de mim quase na mesma idade. Quero poder ajudar, de algum modo. - Helena suspirou. Dario se percebia ainda apaixonado por aquele coração generoso.— Vou mandar para você. - Ele afirmou, terno. - E como foi seu primeiro dia? — Fui promovida a capitã. - Ela comemorou. - Minha amiga, a Molly, da cafeteria, me deu um quarto e já consegui comprar um carro. Precisei de outro celular. Você é a primeira pessoa que recebeu minha ligação. Ó, que chique! Pioneiro! - Ela o divertia. - Fui inventar de treinar hoje. Estou um caco. Eu faria um acordo com o diabo para que a Martha estivesse aqui. Aquela mulher tem mãos de fada, sabia?— Sua amiga? - Dario esticava a conversa. — Sim. O Gregory contratou ela para meio que ser minha babá. - Helena riu, gostosamente. - Não aceita que eu quero encerrar meu sofrimento, sabe?— O que quer dizer com isso, Helena? - Dario se espa
Ler mais
Digitalize o código para ler no App