Daphne Um sorriso discreto se formou em meus lábios. Haiden não podia ver o quanto eu estava feliz, porque ele estava de costas me conduzindo até o seu escritório, para, segundo ele, cuidar dos meus ferimentos. Ele fechou a porta logo atrás dele, enquanto ainda segurava minha mão. Era como uma pequena carga elétrica atravessando todo o meu corpo. Meu rosto esquentou, mas o contato foi rompido no segundo seguinte. — Sente-se – ele apontou para a cadeira e se afastou. Foi até um armário cheio de livros e abriu uma das portas, retirando de lá uma caixa de primeiros socorros. Fiquei observando-o de longe, sem imaginar que um dia eu seria bem tratada assim. Desde o dia em que conheci o Haiden sempre fui tratada como mais uma funcionária e comigo o seu humor oscilava sempre de ruim para pior o tempo todo. Eu conseguia ver seus músculos se movendo enquanto ele se inclinava e pegava a caixa. Depois, se virava, caminhando com ela em mãos até mim. Ele arrastou outra cadeira e sentou-se à

Haiden Voltei ao mesmo bar que conheci a Daphne e me casei com ela. Eu conhecia muitas pessoas ali, mas nenhuma delas parecia ter percebido que conheci uma linda mulher e fui para cama com ela após me casar. Eu pedi uma bebida e, no primeiro gole, flashes de memória invadiram minha mente. O sorriso da Daphne, a maneira como ela parecia triste e furiosa quando eu a encontrei, antes de fazê-la sorrir. A maneira como fui atraído por ela no primeiro olhar. Neguei esse fato por muito tempo, de que eu me lembrei de quem era ela antes mesmo dela descobrir. Que a envolvi em meu jogo de me ajudar a encontrar uma esposa perdida para que talvez ela se lembrasse. Daphne demorou para perceber que era ela a mulher que eu tanto procurava. Eu deveria ter aceitado a sua demissão, sussurrei para mim enquanto enchia a boca com outro gole de bebida e a sentia rasgando minha garganta. Eu temia que Daphne fosse embora e eu nunca mais a encontrasse. Eu fugi do sentimento que se aflorava dentro de mim

Daphne Uma hora se passou desde que cheguei em casa e eu estava enlouquecendo, sentada aqui, nesse quarto sozinha. Ao lado estava a camiseta branca de Haiden estendida sobre a minha cama como um lembrete da noite passada. Eu havia jogado ela ali com fúria naquela manhã, quando percebi que Haiden havia fugido como um covarde. Ele tinha muitas qualidades, mas ser covarde era um defeito horrível para um homem tão poderoso quanto ele. Fui até o closet e o abri. Completamente vazio. As minhas velhas e poucas roupas ainda estavam guardadas na minha mala. Eu não tive coragem nem de desfazê-la. Tudo ao meu redor era deslumbrante, mas eu não estava deslumbrada, eu ainda lutava para me acostumar com todo aquele luxo. Eu não tinha roupas adequadas para um evento como aquele. Eu deveria pelo menos me apresentar um pouco melhor ao meu sogro, talvez para causar uma boa impressão. Mas não havia nada. Só blazer, saias, blusas brancas e sem graça, uma sapatilha velha. Bufei decepcionada, quase e

Daphne Eu estava pronta para matá-la com o meu olhar glacial, analisando-a. Seus lábios vermelhos se curvando com deboche. Natalia trajava um vestido vulgar curto, o tecido eu não fazia ideia do que era feito, mas era feio, justo e preto que eu já vira. Acho que ela pensou que iria para uma boate, não para um jantar em família. Posso parecer estar com inveja, mas o veneno escorria pelos lábios daquela mulher. Natalia podia até ser mais bonita do que eu e com uma conta bancária cheia, mas ela não tinha atitudes de uma dama. Ao menos não estava tendo naquele momento. Talvez Haiden jamais tivesse ouvido Natalia falando assim, eu vi a decepção estampada no rosto dele. — Já chega, Natalia – ele levantou o tom de voz e ela apagou o sorriso ridículo do rosto – não era para você estar aqui, mas já que está e sabe sobre a Daphne, seria melhor manter o assunto somente entre nós. — Entendo – ela pegou o guardanapo e o colocou sobre as pernas – eu também teria vergonha em dizer que me casei

Daphne Eu ouvi cada palavra que Haiden havia dito no escritório. A maneira corajosa com que ele me defendeu, às vezes que ele repetiu incansavelmente que eu era a sua esposa, encheu meu coração de um sentimento estranho do qual eu não sabia explicar. Ele me defendia pela segunda vez naquele dia. Eu não tive tempo de escapar, fingir que eu não havia escutado nada. Haiden saiu do escritório de repente, me pegando ouvindo sua conversa. Meus olhos brilhavam na direção dele, mas o seu semblante ainda era de alguém contrariado e aborrecido e não se suavizou quando ele me viu. Nenhuma palavra foi dita. Haiden me olhou por poucos segundos, passou por mim e foi embora, subindo as escadas rapidamente. Então, essa era a maneira como aquela noite terminaria? Após ser humilhada, eu veria o meu marido me defender tão fortemente da própria família? Um sorriso bobo invadiu meus lábios. Tinha algo diferente em Haiden, não só nas suas palavras, mas também nas suas atitudes. Levei outro susto quan