Letícia já não aguentava mais. Seu irmão era mesmo um encrenqueiro disfarçado. Provocar garotas... Desde quando isso era talento?Mas Beatriz, em apenas um segundo, já tinha formulado a resposta perfeita. Com um sorriso tranquilo, disse:— Sr. Eduardo, o seu charme é do senhor mesmo. Por isso, tanto nos dias comuns quanto hoje, o senhor está sempre um espetáculo.Ao ouvir isso, Eduardo não conseguiu conter o sorriso no canto dos lábios.Ele não era exatamente fã de bajulações... Mas, às vezes, como agora, até que caíam bem. Aquilo tinha até melhorado o humor dele.— Nota dez! Resposta de altíssimo nível emocional. — Comentou Letícia, erguendo o polegar para Beatriz, com admiração nos olhos.— Entra logo. Não tá morrendo de calor aí fora? — Disse Eduardo, agora voltando a falar com Beatriz.Finalmente, vendo que ele a deixaria em paz, Beatriz abriu a porta traseira e entrou no carro.O motor ligou, e o ar-condicionado potente logo trouxe alívio. Em poucos segundos, Beatriz já se sentia

Gabriel deslizava o mouse lentamente, analisando as fotos. Mas, de repente, parou, surpreso.O homem ao volante... Não era o Daniel.A imagem, tirada de lado, mostrava apenas o perfil do motorista. Havia algo vagamente familiar, mas ele não conseguia identificar com certeza. Conhecia de algum lugar? Ou era só impressão?Quem era esse cara? De onde tinha surgido mais um homem na história?Continuou rolando, tentando encontrar alguma foto de frente, mas nada. Nem rosto, nem mesmo uma silhueta nítida. Era impossível reconhecer qualquer coisa.Imediatamente pegou o celular e fez uma ligação.Assim que atenderam, ele despejou sua fúria:— Vocês tão querendo ser mandados embora? Que porcaria é essa que me mandaram? Nem uma cara aparece! Eu pago vocês pra isso? Pra esse trabalho porco?Do outro lado da linha, a resposta veio rápida, mas contida:— Senhor, essa foi só uma notificação preliminar. O homem que apareceu com o alvo hoje nunca tinha surgido antes. Foi ele quem saiu do carro e buscou

Beatriz olhou para Letícia com os olhos levemente marejados. Era como se a amiga tivesse dito exatamente o que ela pensava, palavra por palavra.Teve uma vontade enorme de concordar com um aceno de cabeça, mas se controlou. Só pôde assentir mentalmente, com entusiasmo silencioso.— Não fala na minha cara, mas pelas minhas costas já reclamou bastante. — Comentou Eduardo, lançando um olhar de lado, com tom descontraído.Beatriz ficou sem palavras...Aquela era a clássica situação de falar mal de alguém e ser pega pelo próprio alvo. Ela já sabia, desde a semana passada, que ele tinha descoberto… Mas, mesmo assim, ouvir ele mencionar agora a deixava um pouco sem graça.Porém, esse constrangimento só durou alguns segundos. Afinal, Eduardo era desse jeito mesmo. Provocador profissional.— Bia já não pode te criticar na sua cara, e agora nem desabafar comigo pode? — Retrucou Letícia, atravessada. A Bia acabou de te agradecer toda educada, falando que você se esforçou, que gastou tempo e energ

— Eu não tava criticando a Beatriz... — Disse Eduardo, quase se defendendo. — Só perguntei, só isso mesmo.É que toda vez que Beatriz respondia, vinha com uma educação tão extrema, uma polidez tão perfeita, que até quando ele não tinha intenção nenhuma, ela já se desculpava antes.— E pra que perguntar, então? Só de perguntar já mostra que você se incomodou. — Retrucou Letícia, com um muxoxo.Sinceramente, dessa vez ele não queria dizer nada demais. Mas agora... Nem mergulhado no Rio Amazonas ia conseguir sair limpo.— Eu não tava te acusando de nada, Beatriz. Por favor, não me entenda mal. — Disse ele, voltando-se diretamente para ela.— Igual da outra vez, ao telefone. Aquilo também não foi praga, nem nada. Foi só uma observação... Médica. — Completou, com ar de quem queria resolver a situação de uma vez.Beatriz assentiu com a cabeça. Na verdade, ela não tinha se sentido ofendida, nem achava que estava sendo culpada por algo.Só que, diante de Eduardo, preferia manter as formas. Ant

Ao ouvir aquilo, Beatriz rapidamente voltou o olhar para frente. Tentou ao máximo manter uma expressão serena, como se nada estivesse acontecendo. Logo em seguida, forçou um leve sorriso.— Pode confessar. Mesmo que você diga que o cartão caiu na privada, eu não vou te julgar. — Disse Eduardo, casualmente.Beatriz não disse nada...A capacidade de dedução desse homem… Era assustadora.“Será que eu conto a verdade? Ou seria melhor inventar alguma desculpa mais aceitável?”— Caiu na privada mesmo? — Perguntou Letícia, com olhos arregalados e tom brincalhão, olhando para a amiga.— Relaxa, Bia. Ninguém vai te culpar, não foi de propósito. — Disse ela, tentando amenizar.Beatriz olhou primeiro para Letícia, depois virou-se para Eduardo. Mas o olhar dele deixava claro: ele não deixaria passar. Queria uma resposta.E se ela mentisse... Havia sempre o risco de ele descobrir.— Está... Em um lugar seguro. Pode ficar tranquilo, Sr. Eduardo. Ninguém vai usar isso pra fazer mau uso. — Respondeu B