Aquela expressão no rosto dela, aquele jeito íntimo entre os dois... Era real. Eles estavam mesmo namorando.Mal havia terminado o processo de divórcio, e Beatriz já estava prestes a se tornar a nova dona da Aurora. De colega de trabalho, passaria diretamente a superiora.Elas tinham que admitir: Beatriz era admirável.Diziam por aí que Beatriz só havia se casado com o Sr. Gabriel por causa do Sr. Daniel. Que, na verdade, sempre fora ele quem ela amara. E que nem mesmo o apaixonado Sr. Gabriel havia conseguido conquistá-la.Talvez o destino apenas tivesse dado voltas para, no fim, juntar os verdadeiros apaixonados.Havia algo quase lendário em Beatriz. Afinal, quem poderia imaginar que aquela novata, recém-contratada, tinha um passado e conexões tão profundas? Era melhor garantir logo uma boa relação com ela. E, ao mesmo tempo, lamentar por todos aqueles que um dia a trataram mal.“No mundo corporativo, quem ousa comprar briga com a própria futura dona da empresa ainda espera ter carre

Vendo que a irmã não só não tinha vergonha como ainda se gabava disso, Eduardo apenas balançou a cabeça e se virou para voltar ao quarto.— Quando chegar a hora, vou te chamar. Mas, por favor, tenta ser mais gentil e para de intimidar a minha amiga! — Gritou Letícia para o irmão sem coração.A única resposta que recebeu foi o som da porta sendo fechada na cara dela, sem o menor pudor.Letícia ficou ali, encarando a porta fechada por alguns segundos antes de bufar e voltar para o próprio quarto.Na curva do corredor, Priscila, que passava com um copo d’água nas mãos, havia escutado toda a conversa.Franziu levemente a testa, pensativa por um instante, antes de seguir para o outro lado do corredor, sem dizer nada.No quarto de Eduardo, ele abriu a caixinha.Ali dentro, repousava um par de abotoaduras de safira azul, com um brilho discreto e refinado, incrustadas em platina.Pegou uma delas e a observou de perto: a qualidade da pedra e do acabamento eram de primeira linha.Sob a luz, os c

Mas Vitória havia passado a noite inteira na sala de estar.Se tivesse sido ela, então era uma estratégia de alto risco, que colocava a si mesma em perigo real.Diferente das outras ocasiões, como a sopa ou o tornozelo torcido, em que saiu praticamente ilesa, naquele caso seria uma autossabotagem extrema.Por outro lado, Gabriel se lembrou do que Rafael dissera, depois de visitar Beatriz no hospital.Beatriz afirmara que tinham tentado matá-la, e que ele, Gabriel, levara Vitória embora de propósito, deixando-a para morrer intoxicada com o gás...Agora, duas versões conflitantes se apresentavam.Qual delas era a verdadeira?Gabriel concluiu que a melhor forma de saber seria ver os fatos com os próprios olhos.Se, naquela noite, Beatriz tivesse entrado na cozinha, e nem ele nem Vitória tivessem feito o mesmo, então a teoria de Beatriz não se sustentaria.Com esse pensamento, avançou o calendário do sistema e buscou diretamente as gravações daquela noite.Mas, ao clicar no dia específico,

— O motorista era homem. — Completou o informante.— Não precisa ser tão específico. — Respondeu Gabriel, com expressão impassível.Dizer que era um motorista de aplicativo já bastava. O importante era que não fosse um conhecido dela. Não precisava saber o sexo do sujeito.Do outro lado da linha, o profissional pensou com ironia:“Com o nível de possessividade que o senhor tem pela alva, imaginei que qualquer presença masculina ao redor dela poderia provocar uma crise de ciúmes. Se um pernilongo macho pousasse no ombro dela, eu também teria que avisar...”Mas, claro, esses comentários ficavam apenas no pensamento. Ele era profissional. E o pagamento estava muito acima da média, não seria burro de estragar o negócio com um cliente tão generoso. Afinal, só com esse trabalho já embolsava mais do que muita gente em um mês inteiro.Enquanto isso, Gabriel abria os anexos no computador.A maior parte dos arquivos era composta por fotos. Beatriz, Daniel e Letícia estavam reunidos num restauran

Eduardo, indiferente aos elogios da irmã, apenas respondeu com frieza:— Vai avisar os nossos pais. Eu vou pegar o carro.Letícia assentiu e desceu. Eduardo pegou a chave e seguiu para a garagem.Era fim de semana, o motorista da família estava de folga, então ele mesmo dirigiria.Na sala de estar, Letícia avisava à mãe que ela e o irmão sairiam para almoçar.Priscila ergueu os olhos e perguntou:— Só vocês dois?— Claro que não. — Respondeu Letícia, com um sorriso. — É um convite da minha amiga. Aquela que comentei com a senhora... A Beatriz. Ela ganhou o processo de divórcio contra o Gabriel e, pra comemorar, chamou eu e meu irmão pra almoçar.Priscila fez que sim com a cabeça, ligando os pontos com a conversa que escutara na sexta-feira à noite, entre os dois filhos.— Se essa sua amiga ainda tiver algum problema com o Gabriel, tipo divisão de bens ou algo assim, lembra de oferecer ajuda a ela. — Recomendou, em tom sério.— Acho que ela não vai precisar, mãe. Quem está cuidando diss