Ryan Pov Acordo com um enjoo profundo.  O mundo ao meu redor gira antes mesmo que eu consiga focar os olhos. Tudo está borrado, girando, tremendo. Um gosto amargo e ácido inunda minha boca, e antes que eu consiga reagir de forma racional, meu corpo age por instinto.Vomito com força no chão, sem sequer conseguir me mover a tempo de virar o rosto para o lado. O som é grotesco, úmido, e o cheiro é tão forte que me faz tossir entre uma golfada e outra. Cuspo, ofegante, enquanto me apoio nos cotovelos trêmulos, sentindo os músculos do abdômen se contraírem em espasmos dolorosos. Meus olhos lacrimejam, minhas narinas ardem, minha garganta queima. Não consigo pensar em nada além da dor e da náusea, até que finalmente o enjoo cede, me deixan

Melanie Pov  Continuamos andando entre os galpões até que ela para diante de uma casa antiga, quase desabando sob seu próprio peso. A estrutura de madeira range com o vento e cada tábua parece gritar em agonia. As janelas estão sujas, as cortinas rasgadas e há um cheiro de mofo pairando no ar. É o tipo de lugar que faria qualquer pessoa sã dar meia-volta.Ouço vozes dentro da casa, abafadas, mas intensas. Um murmúrio de expectativa ou julgamento. A mulher me aperta com mais força, como se sentisse que eu poderia tentar escapar, mesmo que meu corpo continue pesado e minhas roupas encharcadas ainda grudem em mim como uma segunda pele fria. Meus dedos estão dormentes. Minha pele está arrepiada. Posso jurar que, se eu ficasse mais um minuto nesse estado, mi

Melanie Pov  A frase cai sobre mim como uma sentença. Meu corpo todo se enrijece. A humilhação e a raiva colidem dentro de mim, criando um turbilhão que ameaça me engolir por completo. Ele está jogando sujo. Usando cada fragmento da minha história, do meu sofrimento, como munição contra mim.“Não serei a cadelinha de ninguém. Quando Ryan souber onde eu estou, ele vai...”Dante gargalha. Mas não é uma risada comum, não é um som humano. É uma gargalhada descontrolada, histérica, quase animalesca, que reverbera pelas paredes decadentes daquele escritório moderno demais para uma casa que parece um cadáver erguido por orgulho. Ele inclina o corpo para frente,

Melanie Pov  Bea me conduz por entre as ruas do distrito de serviços. O ambiente ganha mais um aspecto urbano, com edifícios de quatro andares, alguns com cinco, muitos edifícios têm grades nas janelas.“Todos os lobisomens fazem os serviços mais braçais,” Bea diz enquanto caminhamos pela calçada rachada e estreita, onde a água da chuva se acumula em poças sujas que espelham um céu cinzento. “Já os humanos ficam com os mais degradantes.”Olho ao redor e vejo a paisagem viva da miséria organizada. Lobisomens homens caminham apressados pelas ruas, carregando caixas pesadas, empilhando madeira, transportando barris que exalam um cheiro azedo. Suas coleiras variam em cor, e isso os distingue entr

Melanie Pov Mesmo a contragosto, eu visto a roupa que me foi imposta. O tecido é macio, de boa qualidade. Entretanto, curtíssimo. O vestido está muito acima da minha coxa, mesmo eu puxando para baixo. Me olho no espelho e meus seios faltam saltar para fora do decote.“Isso é um absurdo!” declaro com nojo. “Mais fácil eu ficar nua do que ficar dessa maneira.”Bea revira os olhos para as minhas reclamações. Observo a sua vestimenta e noto o humor distorcido que Dante tem. Enquanto o meu vestido é branco, presentando a pureza e o casamento, alfinetando o meu noivado com seu meio-irmão. O de Bea é preto, tão curto quanto o meu. Dois lados diferentes da mesma moeda.&ldq