A porta se abriu, e uma brisa de jasmim invadiu a sala. Alinna parou no limiar, as asas tremulando levemente. Seus olhos verdes percorreram o grupo até pousarem em Ordan — e então, algo estranho aconteceu. Ele estava imóvel, os dedos cravados no braço da cadeira. —Alinna?– Sua voz saiu como um sopro. Ela franziu a testa. —Eu... conheço você? Ordan fechou os olhos, como se a dor fosse física. Ágata ergueu uma mão cautelosa. —Alinna, esse é Ordan. Ele... é médico e ajudou a gente . A fada estendeu a mão para cumprimentá-lo. Ordan congelou. Memórias o invadiram como uma avalanche. Ele a viu novamente, empunhando uma espada na floresta, rindo ao seu lado, treinando juntos, colhendo ervas. Mas também viu a prisão e a morte dela, sentiu outra vez o desespero daquele dia em que ouvia que ela havia sido morta pelo pai dele. Ordam calculava suas palavras para não ser rude, mas ele abriu a boca e nada saiu. — Boa noite — disse Alinna, sua voz suave. Aquela voz arrancou O

O dia passou, pessoas entraram e saíram do quarto, mas ele, não. E agora Boldar já não sentia mais dor. Seu corpo estava curado, renovado. — Regeneração de demônio... Só assim pra ter um rostinho lindo nesse lugar — murmurou, sorrindo sozinho. Ele se deitou, tentando dormir. E permaneceu imóvel quando Yoran entrou. Ele entrou em silêncio e depositou um beijo na testa de Boldar, a respiração baixa e o sussurro quase inaudível: — Boa noite, meu demônio. Eu sinto muito. O sangue de Boldar ferveu, mas ele conteve até a respiração. Yoran tinha uma audição excelente e uma percepção aguçada. Qualquer palpitação e Yoran saberia que ele estava acordado. Mas por que estou fingindo?— pensou consigo. De qualquer forma, tê-lo ali era o suficiente. Mesmo que no outro dia ele sumisse de novo, no fundo, Boldar esperava por isso. Humanos eram rasos demais, e qualquer tipo de responsabilidade assustava eles. — Estou decepcionado, mas nem um pouco surpreso — o pensamento surgiu e fez seu cora

A cidade de Dolphin era conhecida por suas fragrâncias marcantes , todos que passavam por ali ficavam maravilhados com os cheiros no ar. Sândalo, pêssego, samora , rosas de todas as espécies e fragrâncias de todos os tipos. O vento enviava o cheiro por toda a cidade e impregnava o nariz dos viajantes tornando ainda mais marcante sua passagem ali. tudo parecia tranquilo… até que Alinna congelou no meio da rua. O cheiro. —Lina, o que houve? — Ágata perguntou, tocando seu braço. Seu coração acelerou, o sangue ferveu e, antes que pudesse processar, um grito irrompeu de sua garganta: — EU NÃO TRAÍ NINGUÉM. Todos se viraram, alarmados. — Alinna?! — Kael tentou se aproximar, mas ela se debatia, lutando contra quem tentasse segurá-la. — ME SOLTEM! O chão tremeu de repente, um estrondo ecoando pela cidade. E então, Alinna parou. Suas asas se abriram em um golpe seco, e ela voou para cima, rápida como um raio. — O que houve? Por que ela ficou assim? — perguntou Boldar, ch

Capítulo 27: A verdade sempre aparece Ordam assentiu. — Sim. Ainda não sei de que raça, mas estudar demônios é complicado. Mesmo assim, Tesar deu sentido ao que restava da minha vida. Ela era uma criança linda e brincalhona, eu mal tinha tempo pra me ressentir com o passado. Mas, todas as noites, eu me lembrava dela, ouvia a risada dela… uma noite até pensei ter ouvido o mesmo barulho que a espada dela fazia quando treinava. Ele olhou para Alinna. — Eu pensei que nunca mais a veria… até vocês aparecerem, fazendo barulho como sempre. E, de repente, ela estava ali, diante de mim. Ordam fechou os olhos por um instante. — Questionei minha sanidade, mas, depois que vocês partiram, escrevi para meu irmão. Achei que ele nunca me responderia, mas o ponto fraco dele são mulheres bonitas, e Tesar… bem, ela é linda. Ela levou a carta. Ele leu, mas se recusava a responder. Então Tesar o convenceu, com o jeitinho doce dela — ele disse, irônico. Um sorriso malicioso surgiu nos lábios d

Leon aceitou a ajuda e se levantou como quem agarra a última tábua de salvação, boiando no meio da tempestade. Leon aceitou ouvir o que Kael tinha a dizer, obviamente manipulado por Kaito. Como se nada tivesse acontecido, Boldar servia o almoço. Os pratos batiam na mesa com força. Seus olhos não se desviavam do homem sentado diante deles. — Nós seguimos os rastros da sua magia, mas ela é quase inexistente. — Ágata falou, olhando para o homem imponente que assustava por sua postura. — Não uso magia há um tempo. — Ele respondeu, frio. Ordam segurou a agulha, surpreso por ele não demonstrar medo ou dor, mesmo com seus cortes sendo costurados. — Pode nos contar por que estava lutando daquela forma? Alguns daqueles homens não vão sobreviver. — Ordam falou, calmo. — Não são homens, são vampiros. — Leon respondeu sem emoção, suspirando antes de continuar. — Eles levaram a Rarim. — Quem é Rarim? — Ágata perguntou com a mão no peito, sentindo um frio congelar sua espinha. Rari