Adrielle HaleAbby nos encara, ainda esperando por uma resposta. O olhar de interrogação ainda está explicito em seu rosto. Os olhos azuis ainda estão focados em nós e tenho certeza de que não vão se desviar enquanto ela não tiver uma resposta. — Querida, o que está fazendo aí? — Ouço a voz do meu pai e em poucos segundos ele aparece. — Pedro Hernandez. — Seu tom não é de agrado. — Joseph. — Pedro o cumprimenta, em um tom calmo. — Mamãe, você não respondeu. Por que estavam se beijando? — Abby insiste, inclinando sua cabeça para o lado direito. — O tio Vic disse que só pessoas que se amam fazem isso. E depois tem bebês. Como se tem um bebê? Você compra na internet? Não sei como reagir a isso. Victor e sua língua grande. Estou pensando em uma boa resposta. Como posso responder a isso?— Victor, seu linguarudo… — Ouço Pedro murmurar, emburrado. — O seu pai e a sua mãe estavam se beijando? — Meu pai parece ter se dado conta disso agora. — Que belo exemplo vocês estão dando… — Ele res

Pedro HernandezSei que preciso falar com minha mãe. E farei isso amanhã. Talvez possa levar Adrielle e Abby para almoçar com as minhas tias. Sei que elas vão adorar reencontrá-las. Tia Margarita vai adorar Abby e espero que ela se sinta confortável, diferente de como fica comigo. Abby ainda está arrumando suas coisas na caixa de plástico. Adie e eu estamos no sofá, juntos, esperando pacientemente que ela guarde suas coisas. Não sei ao certo se ela vai gostar de morar comigo, mas sei que vai adorar a casa. Ela parece adorar o mar. Bem, ela gosta de baleias e baleias vivem no oceano. — Vocês ficarão para jantar conosco? — Elizabeth pergunta, com um tom gentil. Ela não vai gostar da resposta. Se bem me lembro, Minnie está fazendo burritos para Abby. — Não, mãe. — Adie responde, com um tom suave. — Minnie está preparando o jantar. Nós viemos buscar Abby. — Uh, para onde nós vamos, mamãe? — Ela pergunta, interessada na conversa. — Bem, nós vamos morar com o seu pai. — A voz de Adie

Pedro HernandezDeixo as duas no quarto e caminho de volta para o andar de baixo. Penso em esperá-la na varanda. Não sei como ela irá reagir a isso, mas preciso contar e, se Adie concordar, amanhã mesmo vamos procurar Brooks. Também preciso ir até a casa da minha mãe para pegar aquela lista com nomes. Sei que poderão ser úteis. Droga. A reunião do conselho na segunda-feira… Amanda vai tentar me derrubar, claro. Ela parece sempre dar a aquele bastardo o que quer. Não posso pensar nisso agora, com tudo o que está acontecendo com Abby e Adie. E Leonard… aquele monstro. E a lista de nomes na casa da minha mãe. Preciso me concentrar, mas é como se o mundo estivesse desmoronando ao meu redor.Eu deveria perguntar a Adrielle sobre seu trabalho também, mas acho que não deve ir trabalhar amanhã. Ela teria me informado se pretendesse sair. O Zolpidem ainda está em meu bolso, intacto. Não sei se Leonard usou alguns comprimidos. Pego o frasco e o observo. Ainda está no prazo de validade, o qu

Pedro HernandezLevei um tempo para conseguir dormir. Horas revirando na cama até cair no sono. As três da manhã, eu despertei e não pude mais dormir outra vez. O quarto é grande, e vazio. Mesmo com Adrielle e Abby sob o mesmo teto que eu, ainda consigo sentir os cômodos vazios. As quatro, me levanto da cama, escovo os dentes e desço para preparar um café. A cafeteira prepara o café e eu observo enquanto o silêncio toma conta da casa inteira. Pego a caneca com o líquido e caminho até a sala de estar. Me lembro que ainda não parei para prestar atenção na adega e no escritório no corredor da entrada. A adega é cheia de vinhos, poltronas e frigobar. É aconchegante. As paredes são revestidas com um acabamento em madeira. O escritório também é assim. É completamente diferente do escritório de Max. Aquela sala sempre me causava um arrepio. O café quente desce pela minha garganta. Amargo e forte. Assim como as lembranças de Max que me acompanham. Caminho pela casa até encontrar outro corre

Adrielle HaleNão consegui comer o café da manhã. Não depois do que ouvi Minnie dizer. Confiei cegamente a segurança da minha filha a ela e, mesmo assim, Leonard a machucou. Estou tentando me convencer de que ela não poderia fazer muito, considerando que já tem idade avançada e Leonard é um homem jovem, forte e de mau-caráter. Ele é verdadeiramente cruel, como Max permitiu que esse garoto crescesse assim? Se deu a ele a mesma criação que Pedro, por que os dois são tão diferentes? Acho que a resposta para isso está na criação materna deles. Leonard foi criado por Amanda, não vejo ela como uma mãe amorosa, ela é grosseira e rude. As coisas sempre precisam ser do jeito dela ou do filho dela. Pedro, no tanto, foi criado por Sofia que sempre foi muito gentil e carinhosa, é claro que isso iria refletir no homem que ele é. Espero que as lembranças de Abby das ações cruéis de Leonard, sejam apagadas pela gentileza e o amor de Pedro. Sei que ele fará qualquer coisa para garantir que ela se si