Já era noite quando Aaron e Isaac chegaram à casa de Heitor. Todos estavam ansiosos para ouvir as novidades.— Não achamos nada na boate. Acredito que, se havia algo lá, ele destruiu — falou Isaac.— E a conversa com meus pais, como foi? — perguntou Otto.— Nenhuma novidade. Praticamente disseram o que vocês já haviam contado — respondeu Isaac. — Mas temos uma boa notícia: conseguimos uma testemunha que tem informações valiosas. Uma delas é a certeza de que Julia ainda está viva.A notícia fez com que todos se levantassem e se abraçassem, agradecendo aos céus. Lágrimas de alegria rolaram. Era o que mais esperavam ouvir.— Vamos colocá-lo na lista de procurados e a Julia na de desaparecidos — disse Aaron.— Mas por que ainda não colocaram? — questionou Otto.— Estamos reunindo provas. Assim que voltarmos, vamos resolver isso. Não se preocupe — tranquilizou Aaron. — Não queremos fazer isso enquanto ainda estamos aqui. Ele pode ver e fugir. Estamos analisando tudo com cuidado. Não podemo

Na manhã seguinte, logo cedo, Julia já estava de pé. Às 8 horas, tinha que abrir a livraria. O cheiro de café tomou conta da cozinha, um aroma que ela amava particularmente.A porta fez um barulho, e logo ela ouviu alguém entrando. Julia saiu da cozinha e foi até a sala. Estava com um sorriso no rosto, achando que fosse a amiga. O sorriso se desfez ao ver o marido entrar.— Achei que ficaria feliz em me ver — disse ele, notando a mudança na expressão dela.— Só não te esperava tão cedo… Achei que fosse a Pérola — tentou disfarçar, mantendo a voz leve..— O cheirinho está bom.— Só não te esperava tão cedo… Achei que fosse a Pérola — tentou disfarçar, mantendo a voz leve..— Não vai me dar um beijo?Julia não queria tocá-lo. Algo dentro dela rejeitava qualquer proximidade — não até ter suas perguntas respondidas. Sua mente fervilhava. Não queria ser amável, nem parecer carinhosa. Queria mesmo era virar a mesa, encará-lo e exigir que contasse tudo. Mas o que ganharia sendo direta, fria

— É, amante! — gritou Otto, sem qualquer filtro.A mente de Julia mergulhou em confusão. O choque de ouvir aquilo era imenso, quase paralisante.— Você não consegue esquecê-lo — continuou Otto, com a voz carregada de raiva — Nem com tudo o que eu faço, nem com ele morto.Otto chorava. Levou a mão ao peito, como se sentisse dor. Julia, assustada, se aproximou rapidamente.— Otto... você está bem?Mas, num impulso, ele a segurou pelos ombros e a empurrou com força. Julia perdeu o equilíbrio e caiu no chão.— É a verdade que você quer?! — gritou, pegando a foto, amassando-a entre os dedos e jogando contra o rosto dela. — Ele era meu melhor amigo!Julia tentou se levantar, atordoada. Nada daquilo fazia sentido.— Vocês foram casados, Julia! — continuou ele, andando de um lado para o outro como um animal enjaulado. — E eram felizes... até ele te trair! Matthew levava uma vida dupla, e você descobriu. Ficou destruída.Ele parou por um instante, a respiração acelerada.— E quem ficou ao seu

Chegando em casa, Pérola mal tinha entrado e Julia surgiu de pijama, segurando uma xícara e disparando perguntas:— E aí, como foi a conversa? Descobriu algo? Como ele está? Ele ainda está com raiva? — perguntava ansiosa.— Julia, calma! — falou Pérola, que ainda nem tinha fechado a porta atrás de si. — Calma.Fechou a porta, tirou o casaco e sentou-se. Julia a seguia como uma sombra. Entregou-lhe a xícara que estava segurando, e Pérola deu um pequeno gole.— Ele não está com raiva... ele está mal. E sim, descobri umas coisinhas — respirou fundo. — Vamos para a cozinha que eu te conto tudo. Estou faminta.— Você não está com uma cara boa... Conta logo, Pérola.— Calma, deixa eu respirar.— Conta logo! — apressou Julia, impaciente.Pérola abriu a geladeira, pegou o macarrão com queijo e o colocou no micro-ondas. Julia, sentada, balançava as pernas, aguardando ansiosa pela amiga.Quando a comida ficou pronta, Pérola sentou-se, deu uma garfada e começou a contar tudo o que havia aconteci

Desceram para a cozinha e continuaram a conversa.— Julia, eu achei que iria tentar consertar seu casamento — disse Pérola, enquanto batia os ovos.— E eu ia... até ter aquele sonho — respondeu, pegando as laranjas. — Me deixou muito confusa. Como posso continuar tendo a certeza de que não o amo?— E se for apenas confusão? E se isso passar e vocês ficarem bem?— Aí esse assunto morre.— Eu concordo em irmos atrás das respostas, em não contarmos nada para ele, mas…— Mesmo procurando pelas respostas, eu vou tentar — interrompeu, decidida. — Ele é um cara legal. Seria maravilhoso que eu sentisse por ele o mesmo que ele sente... Mas nós duas sabemos que ele não vai contar tudo.— Eu não contaria — confessou Pérola.— Acho que nem eu. Por isso eu preciso de outros meios, senão vai ficar um buraco para sempre na minha cabeça.— E isso não é justo com você.— Sabe, Pérola... Mesmo decidida a ir em b