Assim que essas palavras foram ditas, a atmosfera dentro do carro pesou.Leandro olhou para o rosto frio e sereno da mulher e falou, com um tom impassível:— Se estiver grávida, então que tenha o bebê.— Ter o bebê? — Marília soltou uma risada sarcástica, virou-se para encará-lo, e em seus olhos frios havia apenas desprezo e raiva. — Leandro, uma criança é uma vida, não um objeto. Se nascer, teremos que assumir a responsabilidade por ela. Você acha que uma criança com pais como nós teria alguma chance de ser feliz?— Eu serei um bom pai.Ele queria compensar, com esse bebê, toda a culpa que carregava pelo que aconteceu com o outro filho.Mas Marília foi firme:— Eu não vou deixar meu filho ser um bastardo! — Os lábios de Leandro se moveram, como se fosse dizer algo, mas antes que qualquer som saísse, Marília continuou. — Leandro, a nossa relação é puramente uma troca. Eu nunca tive a intenção de ter um filho com você. Mesmo que agora você não me deixe sair para comprar o remédio, eu ir

Ela relutava em fazer esse tipo de coisa, afinal, já haviam feito aquilo há poucos dias.Mas também não podia recusar.Ele havia ajudado Cipriano a romper o contrato com a Aurora Filmes, então ela precisava cumprir sua promessa.Marília fingiu não ver nada, pegou o controle remoto e ligou a TV.Trocou de canal várias vezes, mas nenhum programa conseguia prender sua atenção. Em sua mente, a imagem dos dois deitados nus na mesma cama naquela manhã voltava constantemente, uma lembrança carregada de vergonha.As marcas assustadoras em seu corpo, os arranhões visíveis no corpo dele...Quanto mais pensava, mais difícil ficava para Marília suportar estar sob o mesmo teto que ele.O som da frigideira na cozinha a deixava ainda mais inquieta.Ela olhou para as camisinhas, chegou até a contá-las, eram seis caixas. Ele realmente tinha exagerado na compra.Diante disso, Marília não conseguiu continuar no sofá. Desligou a televisão e voltou para o quarto.Ligou o computador e começou a trabalhar.Q

Na manhã seguinte, Marília ouviu o som da porta se abrindo e fechando lá fora. Permaneceu deitada por um tempo antes de finalmente se levantar da cama, arrastando o corpo dolorido até o banheiro.Ligou o chuveiro, e a água morna começou a cair sobre sua cabeça.Ao se olhar no espelho, lembrou-se da noite anterior, da forma como estivera indefesa e entregue sob o corpo dele...Marília fechou os olhos, tomada por um sentimento de repulsa. Tomou banho rapidamente e, ao sair, enrolou-se no roupão. Abriu as cortinas e as janelas para deixar o ar circular e dissipar o cheiro que ainda pairava no quarto.Sobre o criado-mudo, ainda havia algumas camisinhas usadas. No cesto de lixo, tudo estava limpo.Ele havia arrumado tudo.Isso aliviou um pouco o desconforto que ela sentia, mas, ao ver as marcas secas nos lençóis, não conseguiu se enganar. Trocar lençóis e cobertores foi a única forma de seguir em frente antes de preparar algo para comer.Na mesa da sala havia um pote térmico.Ele deixara o

— Vou atender a uma ligação.Neide respondeu:— Tá bom.Marília se afastou um pouco com o celular na mão e atendeu.Do outro lado, a voz grave de um homem soou primeiro:— Almoçamos juntos hoje?— Já tenho um compromisso.Houve dois segundos de silêncio.— Homem ou mulher?Marília entendeu imediatamente o que ele queria insinuar e respondeu com indiferença:— Mulher. Uma colega de trabalho. Ontem combinamos de sair, eu prometi pagar o almoço, mas acabei furando com ela. Hoje estou compensando.O humor do homem pareceu relaxar na hora:— Tudo bem.Como ele não disse mais nada, Marília desligou a chamada.Ela voltou para junto de Neide e as duas entraram no restaurante japonês. Com a ajuda do garçom, foram conduzidas até uma cabine mais reservada.O garçom serviu água e entregou os cardápios.As duas não tinham frescura com comida e rapidamente fizeram seus pedidos. Quando o garçom se afastou, Neide apoiou o queixo nas mãos, sorrindo com os olhos semicerrados:— Será que eu já devia pedi

Quando seus olhares se cruzaram, Esperança desviou o olhar rapidamente.— Nosso designer de acessórios chegou. — Agenor se levantou com um sorriso no rosto e a apresentou a todos.Embora Marília não fosse uma grande celebridade, era a única namorada que Cipriano, o astro mais popular do momento, havia assumido publicamente. Suas fotos e informações familiares já tinham sido completamente expostas pelos jornalistas de fofoca.Vinda de uma família rica e tradicional, sua vida pessoal era mais dramática do que qualquer novela: o pai havia traído a mãe e se casado com a amante, a mãe entrou em depressão e se suicidou, e sua melhor amiga ainda havia roubado seu namorado.Tudo isso era mais eletrizante do que um roteiro de televisão.E o detalhe mais explosivo: essa ex-melhor amiga estava hoje sentada na mesma sala.Todos os olhares curiosos recaíram sobre Marília e Esperança.— Srta. Marília, venha se sentar, por favor.Agenor acenou para ela.Marília caminhou até a mesa com naturalidade e