PamelaEu estava na minha sala, sentada diante da tela do computador, mas minha cabeça não estava conseguindo se concentrar nos relatórios. Eu tentava ler os números, rever as apresentações que precisaríamos na próxima semana, mas a verdade é que minha mente estava em outro lugar.Caleb tinha me contado na reunião que precisaria viajar, e, desde então, eu não conseguia parar de pensar nisso. Não era apenas sobre a viagem em si, mas sobre quem iria com ele.Afinal, era normal que a secretária o acompanhasse — organizar documentos, lidar com agendas, manter a logística. E a secretária dele era Clarissa. Só de pensar nessa mulher viajando com meu marido, dividindo dias e noites em outra cidade, eu sentia um aperto no estômago.No começo, tentei me convencer de que era bobagem. Mas quanto mais eu pensava, mais incômoda ficava. Não era ciúmes sem motivo. Eu já tinha visto Clarissa se insinuando, já tinha notado o jeito dela de querer se aproximar dele em momentos que não eram necessários.

Caleb A água quente escorria pelos meus ombros, descendo pelas costas e relaxando cada músculo. Pamela estava na minha frente, ensaboando os braços com calma, o cabelo molhado grudando nas costas dela. Sempre que eu a via assim, tão natural, eu lembrava o quanto era sortudo.Aproximei-me, passando as mãos na cintura dela, colando meu peito nas costas dela. Ela riu baixinho, inclinando a cabeça para trás, deixando a água bater no rosto.— Bom dia, marido abusado — ela disse, divertida.— Bom dia, esposa linda — sussurrei no ouvido dela, apertando um pouco mais a cintura.Ficamos alguns segundos em silêncio, só ouvindo o barulho da água. Eu estava pensando na viagem que se aproximava. Já tinha tomado uma decisão, e agora precisava falar com ela.— Amor… — comecei, passando a mão pelo cabelo molhado dela, afastando os fios do rosto.— Hum? — ela virou um pouco a cabeça, curiosa.— Eu quero que você viaje comigo.Ela piscou, surpresa, virando o corpo para me encarar. A água deslizava pel

PamelaSaímos juntos do escritório, eu e Caleb, como se nada pudesse nos abalar. Eu estava leve, como se tivesse ganhado um troféu invisível naquela guerra fria com Clarissa. Ele caminhava ao meu lado com a postura impecável, a gravata frouxa, o olhar cansado do dia puxado, mas ainda assim imponente. Era estranho, mas estar com ele me fazia sentir que o mundo inteiro precisava abrir espaço quando a gente passava.O motorista já estava à espera, mas Caleb fez questão de ele tirar a noite de folga. Entramos no carro dele, e quando ele assumiu o volante, não resisti a sorrir. Aquele homem, de terno e comando, agora ao meu lado dirigindo, me dava a sensação de que o poder dele também me pertencia de alguma forma.— O que você está rindo? — ele perguntou, me lançando um olhar rápido, divertido.— Nada… — balancei a cabeça. — Só gosto de estar com você desse jeito.Ele arqueou a sobrancelha, um meio sorriso brotando no canto da boca. — Desse jeito?— É… só nós dois. Sem secretária, sem reun

PamelaEu nunca imaginei que arrumar malas pudesse me deixar tão animada. Mas ali estava eu, sentada no meio da cama, cercada de roupas espalhadas para todos os lados, enquanto Caleb andava de um lado para o outro, conferindo papéis e passaportes como se fosse um ritual militar.— Duas semanas em Londres… — falei em voz alta, deixando escapar um sorriso bobo. — Eu ainda não acredito nisso.— Pois acredite, senhora Belmonte. — ele respondeu, sem erguer os olhos do documento que lia. — E olha, duas semanas é bastante tempo. Melhor separar o dobro de roupas, porque você vai querer se trocar umas três vezes por dia.Revirei os olhos, fingindo indignação. — Você acha que eu sou assim, Caleb?— Tenho certeza. — ele riu, jogando os papéis em cima da cômoda e vindo até mim. — Te conheço melhor do que você mesma.Balancei a cabeça, mas não consegui esconder o riso. Comecei a dobrar alguns casacos leves, vestidos e calças, colocando dentro da mala. Só que a cada peça, eu percebia o óbvio: nada

Pamela Chegamos em casa tarde, exaustos, mas ainda com aquela energia boa das compras. Eu estava com várias sacolas na mão, me sentindo como uma criança que volta de uma viagem da escola cheia de lembrancinhas. Caleb, claro, carregava a maior parte das malas, reclamando que eu tinha comprado a loja inteira, mas ainda assim com um sorriso no rosto. Subimos para o quarto e espalhamos tudo pela cama, parecia até que íamos abrir uma boutique. Ele me olhava com aquela expressão divertida, como se estivesse me vendo pela primeira vez, e eu já estava planejando como organizar tudo na mala. — Ok, vamos terminar isso de uma vez, — falei, puxando a mala maior e começando a dobrar as roupas. Ele veio até mim, sentou-se do meu lado e começou a dobrar uma camisa dele de qualquer jeito. Olhei e quase gritei. — Caleb! — puxei a peça da mão dele. — Isso aqui não é dobrar, é amassar mais ainda. Ele riu, aquele riso grave e gostoso. — Por isso que eu casei com você, pra me salvar dessas catástro