MAITÊ As investigações continuavam e o corpo de Paty ainda não havia sido liberado para ser enterrado , tal como a busca pelo desgraçado do namorado dela que com certeza a matou eu sentia tanto ódio daquele homem que podia sentir minhas entranhas se contorcerem em uma completa agonia. Hoje viajaria para Ilha de Guarujá , o job de hoje seria lá, o cliente de hoje é um coroa montado na grana fomos em seu jatinho particular com direito a tudo o que se tinha direito, numa tentativa de tentar escapar da minha realidade com o coração pesado e dolorido pela morte da minha melhor amiga viro uma taça de champanhe em minha boca , na verdade era a terceira taça com essa. Geralmente costumava não beber quando saia a trabalho , pelo menos não além da conta mas hoje eu me sentia tão mau que não queria ficar pensando no que havia perdido de tão importante , sentia como se uma faca tivesse sido atravessada contra o meu corpo. De óculos escuros , usando uma rasteirinha confortável e um vestido longo

MAITÊ Arthur me ajudou em tudo , pagou todas as despesas do enterro da minha avó. Eu me sentia tão devastada e incapaz de raciocinar com maior clareza , mas ao mesmo tempo estava tão grata por ele estar me dando essa ajuda quando mais precisei, estava sendo meu ombro amigo se na verdade ele não tinha qualquer tipo de obrigação de custear com os gastos de alguém que nem mesmo é o seu ente querido. Não quis ficar velando a minha avó , quis logo enterrá-la , fui covarde e admito mas não tinha qualquer tipo de estrutura psicológica para ficar lhe olhando dentro de um caixão. Não avisei a ninguém do bairro em que cresci e onde vivemos a maior parte de nossas vidas , simplesmente porque não sentia coragem o suficiente para aturar os cochichos e o que falaria sobre mim , de que a minha avó morreu por estar decepcionada comigo por ter escolhido a vida que levava; minha avó não sabia sobre nada em relação à isso e por algum motivo a culpa me espezinhava , tudo bem que era a minha vida e ning

MAITÊ Minha cabeça estava a mil , eu sabia que tinha que levar essa carta para a polícia mas ainda não conseguia digerir direito que acabaria me expondo , o receio de que me investigassem também e soubessem com o que trabalho me deixava aflita. -O que foi? , você parece distante – Arthur diz passando os dedos por entre meus cabelos após termos transado , me serviu de distração , a aflição estava acabando comigo . -Se tivesse acontecido uma coisa grave com um amigo seu e ele te deixasse algo direcionado e que isso fosse capaz de expor o culpado, mas de alguma forma fosse te envolver também de uma forma indireta. Qual medida você tomaria? - Arthur me olha com atenção , nada passava batido por ele. -Se a pessoa fosse meu amigo verdadeiro eu não me importaria em me expor , o importante é que a pessoa a quem lhe fez mal seja punida pelo que fez. -Aceno ainda devaneando – Isso tem a ver com a sua amiga que foi morta? Lhe dou um aceno de cabeça - Sim , encontrei uma carta dela direciona

Maitê As semanas se passaram , e eu passei a dividir o valor do aluguel do apartamento com Graciela ela me fez o convite quando contei sobre minha real situação , ela era uma boa pessoa , me dava espaço e a vontade não era aquele tipo de gente que fica te rodeando e dizendo o que tem que fazer a menos que seja requisitada e era justamente isso que eu mais gostei nela . Os dias logo se transformaram em dois meses , Valentina sempre vinha aqui e agora com mais frequência . Suas visitas que antes eram nada mais do que só uma vez no mês passou a ser 5 vezes em um mês deixando todo mundo enlouquecido e ansioso , e o pior era que os olhos dela sempre viviam pregados em mim me estudando minuciosos e nem mesmo eu entendia o porque , se ela quisesse ter me demitido já teria feito , oportunidade teve de sobra ...era algo mais , outra coisa ...eu só não sabia ainda o que é , e isso me intrigava. Inclusive , agora enquanto servia um tinto italiano na mesa cinco , pelo canto dos meus olhos eu pe

MAITÊ A semana passou como um filme em câmera lenta. Eu lavava taças com mais força do que devia . Dormia mal . Tinha pesadelos com Valentina me encarando do outro lado da mesa , seus olhos fixos, calculando cada movimento meu , como se já soubesse . Como se já soubesse de tudo. Mas ela não sabia. Ainda E eu também não sabia mais de mim . Não sabia quem eu era quando pensava nela. Quando pensava nele . Quando me olhava no espelho e me via dividida entre o que sentia...e o que desejava. Arthur me queimava por dentro. Mas era Valentina quem me oferecia o jogo. E, de todos os jogos que eu já joguei, esse era o mais perigoso. Naquela manhã acordei antes do sol. Fiz café amargo e , pela primeira vez , fiquei olhando o envelope que ela havia deixado comigo. A proposta oficial . O contrato. Cláusulas , valores , exames, prazos. Estava tudo ali . Assinado por ela . Faltava só a minha assinatura. Fiquei olhando para o papel como quem encara um espelho distorcido. Ali estava o número