Uma costela quebrada.Scar não sabia dizer quanto tempo os marginais levaram para espancar Sebastian. Tudo o que ela lembrava são os bastões balançando, os chutes e os gemidos de dor abafados pela espessa porta, que Sebastian tentava sufocar. Ele mal conseguia ficar de pé quando a polícia entrou no quarto, mas não soltou o bastão que trancava a porta dela até que os médicos quase precisaram arrancá-lo de lá antes de colocá-lo na maca.Com hematomas e sangue por todo o corpo, ele mal estava consciente a caminho do hospital. Contaram algumas dezenas de hematomas, principalmente nos membros. Um corte profundo no antebraço esquerdo, que mais tarde se descobriria ter sido causado por um prego em uma mesa no armazém durante a luta contra os marginais. Mas, fora isso, nenhuma ferida grave, nenhum sangramento interno e nenhum órgão danificado.Uma costela quebrada. Essa foi a lesão mais grave que ele sofreu neste plano maluco contra a vida dela.— Eu não acredito nisso! — Aurora continuava

— Espera, Adrian! — Scar correu atrás de Adrian, mas Sebastian a impediu.— Tudo bem, ele não saberia. — Disse Sebastian ao se sentar, pressionando as costelas quebradas com uma das mãos para evitar que se movessem demais. — Três deles já é um começo. Tenho certeza de que a polícia está trabalhando nisso.Scar o encarou, incrédula.— Eles quase nos mataram! Quase mataram você! Como consegue ficar tão calmo com isso?! Você ouviu o Adrian. Ele disse "os três caras", não "três caras". Ele acha que eram só três! Mas os outros dois fugiram e provavelmente vão voltar para terminar o que começaram!— Brilhante dedução. — Provocou ele, ajustando o corpo até encontrar uma posição mais confortável, acomodando-se com lentidão. — E você presume que eram só cinco porque...?Scar ficou sem palavras. Ela não podia saber com certeza. Podia ser uma gangue inteira trabalhando para Jack Fuller. E a atitude da polícia era bem clara: eles não estavam tão empenhados assim. Chegaram muito depois do que

Sebastian não queria.— Eu sei sobre os episódios dela. — Forçou as palavras por entre os dentes cerrados. Entrara em contato com a equipe médica de Scar quando ela ainda estava internada, mas tudo o que conseguira saber era que, no momento, ela não podia lidar com nenhuma onda de emoção muito forte.— Eu sei que sabe. — Silco riu com descaso. — Fui eu quem mandou que deixassem você entrar. Como acha que conseguiu acesso ao MEU pessoal?Sebastian franziu a testa, tentando não demonstrar o quanto estava surpreso. Mas a verdade era que estava. Não importava o quanto oferecesse, nunca conseguira mais informações. Até hoje, acreditava que a equipe médica apenas estava sendo fiel ao juramento de exercer a medicina.Só agora percebia que aquele homem tinha controle sobre tudo. A contragosto, Sebastian se viu forçado a admitir a derrota:— Por favor, me diga do que ela precisa.Silco soltou um riso frio, deixando claro que não estava satisfeito:— Você sabe o que é TPD?Sebastian asse

Essa era a única opção plausível.Ele não fazia ideia de quem era Silco, e arriscou esse palpite no escuro por um único motivo: não sentia nenhuma hostilidade dele contra Scar. Silco ESTAVA por trás de coisas sujas, sim, mas não era para machucar ELA. O único alvo daquele espetáculo era ele.Silco mandou os homens para sequestrá-la, mas a batida acertou só o canto dianteiro esquerdo do carro de Scar, enquanto ela estava no banco de trás do lado direito, o lugar mais seguro, aquele que causaria menos danos. Eles a mantiveram presa, mas ninguém sequer encostou uma faca nela. Não até ele invadir o lugar. Eles os perseguiram com tacos e outras armas, mas Scar saiu de tudo isso sem um arranhão.Eles poderiam facilmente ter rachado o crânio dele quando ele tentou proteger a porta com o próprio corpo.Mesmo que tudo fosse apenas uma encenação, foi feito com um cuidado impressionante. A motivação dele não era ódio por Jack Fuller, mas preocupação com Scar. Durante todo esse tempo, o homem

Sebastian nunca recebeu aquela ligação.Principalmente porque Scar não teve coragem de fazê-la. Pode-se chamar de medo, mas ela nem sequer sabia como conversar com ele sobre aquilo sobre seu plano de vingança.Nunca antes ela se sentira tão sozinha, nem mesmo durante aqueles cinco anos.Naqueles período, ela sabia que estava se fechando por completo. Não conseguia se permitir sair do luto pela perda de seu bebê, mas tinha consciência de que ainda possuía amigas, e talvez até uma família, se quisesse.Mas agora era diferente.Ela estava determinada a morrer com Ava. Arruinar a vida de Ava como Ava arruinara a sua, e então encerrar tudo com a morte de ambas. Era um plano simples e eficiente, e ela estava em paz com isso.Mas já não conseguia encontrar em si a coragem de abraçar a morte, não depois do que acontecera com Sebastian.Ela não sabia se ele a salvara por amor ou por culpa, mas ele a salvara. Ela chegou a tocar a morte com a ponta dos dedos, e ele protegeu seu corpo daque