O ferimento de Zara não era grave. Após os exames, ela recebeu alta no dia seguinte. Ainda assim, o corte em sua testa não havia cicatrizado completamente, e ela tinha um curativo de gaze colado na região. O médico havia avisado que o ferimento possivelmente deixaria uma cicatriz, mas Zara não parecia se importar. Ela estava sentada em silêncio no restaurante. As pessoas que passavam não conseguiam evitar lançar olhares curiosos para o curativo em sua testa. Do lado de fora da janela de vidro, a agitação das ruas da Cidade A preenchia o cenário. As luzes vermelhas dos faróis, as janelas iluminadas dos prédios distantes e as barracas improvisadas de frutas e sorvetes na calçada criavam uma atmosfera acolhedora, um contraste gritante com a fria e impessoal Cidade N, cheia de arranha-céus e concreto. Cidade A parecia mais viva, mais humana. Zara estava distraída, observando o movimento lá fora, quando ouviu passos familiares. Não importava o burburinho no saguão do restaurante, el

— Já está resolvido? — Emory perguntou, com calma, quando chegaram à Paz do Monte. Ele havia percebido que Zara estava estranhamente quieta, então esperou até o momento certo para falar. Zara ainda parecia um pouco perdida em seus pensamentos, mas, no fim, assentiu com a cabeça. — Você está se sentindo bem? — Ele perguntou, enquanto estendia a mão para tocar em seu rosto. O gesto repentino a pegou de surpresa, e seu corpo ficou ligeiramente rígido. No entanto, antes que tivesse a chance de recuar, Emory já havia recolhido a mão. — Pelo menos você não está com febre. — Ele deu dois passos para trás e continuou. — Mas é melhor você descansar um pouco mais. Zara assentiu novamente. Porém, antes de entrar no quarto, ela se virou para ele e disse: — Obrigada. Emory arqueou as sobrancelhas, como se estivesse surpreso, e perguntou: — Quando você estava com Orson, costumava agradecer a ele com tanta frequência assim? Zara não esperava aquela pergunta e ficou sem saber o que r

O contrato de parceria com a Costa do Sol foi rapidamente finalizado. Zara, no início, pensou que poderia haver vários contratempos durante o processo, mas, surpreendentemente, tudo correu de forma tranquila. Até mesmo os pontos relacionados aos lucros foram definidos sem resistência. Orson não tentou pressioná-los ou impor condições desfavoráveis, limitando-se a seguir os padrões do mercado. Depois de assinarem o contrato, Orson sugeriu um jantar para celebrar. Se fosse qualquer outro parceiro de negócios, Zara teria aceitado sem hesitar, da mesma forma que ainda mantinha contato cordial com outros clientes. Rafferty, ao ouvir a sugestão, já estava pegando o celular para reservar um restaurante, mas Zara foi direta: — Desculpe, tenho outros compromissos esta noite. Não vou poder ir. Orson estreitou os olhos. Rafferty olhou para Zara, a ponto de perguntar que compromisso tão importante ela tinha, mas ela continuou sem dar espaço: — Rafferty, reserve um restaurante e acompan

Orson dirigiu até o condomínio Paz do Monte sozinho. Quando Zara abriu a porta, parecia que já esperava por ele. Seu rosto não demonstrava nenhuma surpresa. Orson, no entanto, olhou para dentro do apartamento antes de dizer qualquer coisa. — Ele está viajando a trabalho. — Zara falou rapidamente, como se soubesse exatamente o que ele estava pensando. Orson puxou um canto dos lábios em um sorriso irônico. — Você acha que eu teria medo dele? — Eu não acho isso. Mas, considerando que ele é meu namorado, essa sua confiança toda parece um pouco fora de lugar. — Respondeu Zara enquanto se virava e dava as costas a ele. — Entre. Orson apertou os lábios, hesitou por um instante, mas acabou seguindo os passos dela. Era a primeira vez que ele entrava naquele apartamento. Da última vez, ele havia parado apenas na porta. Agora, ao observar o interior, Orson percebeu que a decoração era muito diferente do apartamento anterior de Zara, na Rua dos Ventos. Os tons frios de cinza e br

O aniversário do avô de Emory terminou sem contratempos. Emory havia sugerido que Zara fosse para a casa dele passar a noite, mas ela recusou: — Vou ficar no hotel. — Então eu fico com você no hotel. — Não precisa. — Zara respondeu com um leve sorriso. — Faz tempo que você não volta para cá, deveria aproveitar para passar mais tempo com seus pais. Ela parecia tão calma e serena como sempre. Emory, depois de encará-la por alguns segundos, finalmente disse: — Vou conversar com minha mãe sobre isso. Zara arqueou as sobrancelhas, achando por um momento que Emory poderia ter ouvido a conversa que ela teve com Taís naquela noite. Mas, ao contrário do que pensava, ele continuou: — Não importa o motivo, você é minha convidada. Não foi certo ela ter te tratado daquela forma. Só então Zara percebeu que estava imaginando coisas. Apesar de Taís ter sido um tanto hostil, o que ela havia dito diretamente a Zara era insignificante comparado ao que provavelmente falava pelas costas.